A falácia do espantalho

A falácia do espantalho
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Há discussões que chegam a ser verdadeiramente desesperadoras. Às vezes, em vez de usar argumentos racionais ou apelar para os fatos, algumas pessoas fazem uso de argumentos pouco honestos em uma discussão. Outro comportamento comum de quem faz isso é apelar para emoções no lugar da razão. Um dos argumentos falsos mais conhecidos e usados é a falácia do espantalho.

As falácias argumentativas são formadas por argumentos que, apesar de parecerem válidos à primeira vista, não o são. São linhas de raciocínio equivocadas. Não é, no entanto, raro encontrar argumentos do tipo apoiando diferentes posicionamentos. As conclusões que se derivam delas são erradas ou, melhor dizendo, não são necessariamente certas.

Mais especificamente, a falácia do espantalho ocorre quando uma pessoa pega um argumento do seu oponente em uma discussão e o manipula para que ele pareça menos crível. Hoje em dia, essa é uma das formas de manipulação mais utilizadas. Nesse artigo vamos ver exatamente o que é a falácia do espantalho e também analisar alguns exemplos.

O que são as falácias argumentativas?

O estudo das falácias é parte de disciplinas como a filosofia e a psicologia. Já há muitos séculos estudiosos dessas áreas tentam identificar diferentes formas de argumentar que são erradas, mas que possuem uma aparência de estar corretas.

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Durante muitos séculos, acreditavam que os seres humanos não apenas tinham a capacidade para pensar racionalmente, mas também eram majoritariamente racionais. Nas últimas décadas, no entanto, novas pesquisas têm apontado que a racionalidade é, na verdade, uma exceção do pensamento humano. Ao contrário do que se acreditava até então, temos uma tendência de nos deixar levar por processos inconscientes.

Desse modo, quando alguém apresenta um raciocínio para nós, muitas vezes é difícil identificar a lógica por trás dele, e se ele é válido ou não. Nos casos em que o argumento parece racional mas não é realmente, estamos diante de uma falácia. Existem muitos tipos diferentes desta, mas uma das mais comuns em discussões é a falácia do espantalho.

O que é a falácia do espantalho?

A falácia do espantalho consiste em substituir um argumento válido do nosso oponente por outro que se pareça com ele, mas que esteja errado. Desse modo, é mais simples rebater a pessoa fazendo-a perder a credibilidade do que apresentando outro argumento. Geralmente, isso é feito para defender ideologias políticas, religiosas e sociais.

Por isso, é comum encontrar a falácia do espantalho em discussões sobre temas como o aborto ou a imigração. Também poderemos vê-la em debates políticos, nos meios de comunicação e em comunicados oficiais.

A intenção que está escondida por trás é não ter que enfrentar os argumentos da outra pessoa ou outra posição. Isso se deve ao fato de que, por meio da falácia do homem de palha, os argumentos do outro são facilmente substituídos por absurdos.

A estrutura da falácia é a seguinte:

  • Uma pessoa planta o argumento “A”.
  • Seu oponente o interrompe e substitui o argumento “A” pelo argumento “B”. Este é parecido com aquele, mas está incorreto.
  • A segunda pessoa refuta o argumento “B”.
  • Como os argumentos foram equiparados, dá a impressão de que a “A” também foi refutado.

Exemplos

A seguir veremos alguns exemplos para ilustrar em que consiste essa falácia.

1- Leis sobre o álcool

Imaginemos um debate sobre a mudança da idade mínima para consumir bebidas alcoólicas. A discussão, seguindo a falácia do espantalho, poderia ser assim:

  • Pessoa A. Deveríamos pleitear a redução da idade mínima para consumo de bebidas alcoólicas para os 16 anos. Nessa idade, o corpo humano já está preparado para suportar os efeitos das bebidas alcoólicas.
  • Pessoa B. Isso é uma loucura! Se começarmos a dar álcool para as crianças de forma indiscriminada a sociedade sofrerá com vários tipos de problemas.

Como podemos ver, a pessoa B não respondeu o argumento colocado por A. Pelo contrário, ele levou o que A sugeriu ao extremo, chamando as pessoas de 16 anos de crianças. Desse modo, ele evita ter que discutir com a outra pessoa no plano racional e lógico.

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2- Evolução humana

  • Pessoa A. Os humanos têm vários ancestrais comuns com os primatas de hoje em dia. Temos uma grande quantidade de evidência sobre esse tema.
  • Pessoa B. Se nós viemos dos macacos, como ainda existem macacos por aí?

Nesse caso, a pessoa B não compreende como a evolução funciona. Por isso, ao invés de rebater o argumento usando a lógica, utiliza um argumento errado que não responde o que A disse. Nesse caso, a falácia também poderia ser considerada uma redução para o absurdo.

A falácia do espantalho é uma das mais comumente utilizadas. Por isso, é fundamental identificá-la e ser capaz de debater utilizando a lógica e a racionalidade.


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