A falácia do planejamento, uma causa comum de improdutividade

A falácia do planejamento, uma causa comum de improdutividade
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 05 abril, 2018

A falácia do planejamento é um conceito que todos nós conhecemos. Ele está relacionado com o fenômeno tão comum em que o planejamento não coincide com os fatos. Isto, particularmente, em termos de tempo.

Acontece em qualquer âmbito, tanto no profissional quanto no pessoal. Nós comprovamos isso quando fazemos uma lista de tarefas a realizar e, no final do dia, da semana, ou do mês, muitas dessas atividades ainda estão por cumprir.

Essa incoerência entre o planejamento e a execução tem muitas consequências em termos de tempo, é claro. No entanto, também gera implicações em termos de recursos, produtividade e eficiência. Inclusive, a falácia do planejamento chega a ter efeitos muito sérios no plano emocional.

“Planejar: se preocupar em encontrar o melhor método para conseguir um resultado acidental”.
– Autor desconhecido –

A origem da falácia do planejamento

Desde o início da Era Industrial, começou-se a falar da falácia do planejamento, embora não fosse conhecida exatamente por esse nome. Quando ela se impôs no mundo da produção industrial e, logo, na produção em série, o fator tempo cobrou uma especial importância. O objetivo central nesse contexto se definiu como produzir o máximo, mas na menor quantidade de tempo. Disso dependia, e ainda depende, a rentabilidade.

Tomar decisões

Desde então, tanto no plano organizacional quanto no individual, o planejamento se converteu em um exercício relevante. Apesar disso, rapidamente ficou visível que o planejamento no papel quase nunca se ajustava à execução real praticada.

Várias décadas se passaram antes que conseguíssemos um planejamento altamente consistente no plano organizacional. Ao mesmo tempo, no plano individual e nas empresas nas quais a produção dependia mais das pessoas do que das máquinas, isso começou a aparecer como uma tarefa impossível.

Foi em 1979 que Daniel Kahneman e Amos Tversky defenderam a existência da falácia do planejamento. Eles entenderam que esse problema era muito comum e descobriram que, por trás de tudo isso, havia um aspecto cognitivo. Um autoengano associado às limitações na percepção da realidade.

Características da falácia do planejamento

Com o tempo, foi possível descrever com detalhes as características da falácia do planejamento. Hoje em dia, ela é entendida como uma percepção ilusória do tempo que nos induz a cometer erros no planejamento das atividades.

A seguir, detalhamos as principais características da falácia do planejamento:

  • Detectou-se que, no momento do planejamento, prioriza-se a visualização de um cenário mais otimista. Isso quer dizer que são feitos planos a partir da ideia de que tudo vai transcorrer normalmente, sem contratempos, eventualidades ou imprevistos.
  • Destaca-se o pensamento ilusório. Assim é chamado o tipo de enfoque influenciado mais pelo próprio desejo do que por uma avaliação objetiva da realidade. Em outras palavras, pensa-se com o desejo.
  • Existe uma interpretação inadequada do próprio desempenho. No momento de planejar, as pessoas avaliam positivamente as suas próprias capacidades. Assumem que são capazes de fazer as coisas com muita facilidade e em pouco tempo. Este é um dos principais fatores na falácia do planejamento.
  • Se o planejamento ocorre coletivamente, as pessoas tendem a se deixar levar pelo desejo de impressionar os outros. Nesse caso, querem demostrar que são muito eficientes e, por isso, fazem cálculos imprecisos do tempo demandado pelas tarefas.

Igualmente, é comum que as pessoas tenham a convicção de que, quanto mais rápido fizerem as coisas, melhor serão avaliadas pelos outros. Por isso, programam irresponsavelmente o tempo de que precisam para fazer algo.

As consequências da falácia do planejamento

A principal consequência da falácia do planejamento é uma administração inadequada do tempo. Em alguns casos isso consiste também em um desajuste no controle de recursos, levando a uma avaliação deficiente em função das expectativas pensadas.

No entanto, tudo isso não é o mais grave. O realmente mais custoso é o preço que se paga no terreno emocional. O resultado subjetivo da falácia do planejamento é um sentimento de frustração constante e uma dose variável de estresse permanente. Não cumprir os planos gera sentimentos de tensão e mal-estar.

Mulher cheia de tarefas para fazer

A maneira de evitar esse aspecto cognitivo é anotando as experiências anteriores. Elas acrescentam dados confiáveis sobre a verdadeira quantidade de tempo exigida por cada atividade. Ao planejar, sempre é melhor propor uma margem de tempo extra para poder abordar os possíveis imprevistos ou eventualidades. Isso evita cair nesses ciclos de frustração que fazem tanto estrago.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.