O que fazemos (sem perceber) para conseguir a aprovação dos outros?

O que fazemos (sem perceber) para conseguir a aprovação dos outros?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Todos nós gostamos de saber que nosso ambiente valoriza e aprova nossa maneira de ser ou as decisões que tomamos. Essa dependência não é, em si, uma fraqueza. Na verdade, é saudável desde que mantenhamos um equilíbrio que garanta a independência de nossas ações e decisões. Se conseguir a aprovação dos outros não garante essa independência, então temos um problema.

Todos nós precisamos ser cuidados, validados, encorajados e apoiados… e não apenas ser, mas também sentir que somos. Completar essas necessidades em relação aos outros faz parte do que poderíamos chamar de dependência saudável. Além disso, satisfazê-las contribui para que, em determinados momentos, sejamos capazes de ser mais autônomos, sendo nós que apoiamos os outros.

Isso é chamado de interdependência e envolve tanto dar quanto receber. Isso é necessário para a nossa sobrevivência e para os nossos relacionamentos. No entanto, em muitos casos as coisas não são bem assim, e surge a dependência excessiva, uma necessidade intensa da aprovação de alguém.

Quando a maior parte de nossas energias é direcionada para agradar aos outros e obter sua aprovação, entramos em um círculo perigoso. Nesse sentido, a dependência excessiva provoca sentimentos de vazio, inadequação, perda, confusão e insignificância.

Cadeado em cerca

Quando o objetivo é conseguir a aprovação dos outros

Para entender-nos melhor como adultos, é importante analisarmos alguns aspectos de nossa infância. O primeiro fator de influência, que não é necessariamente condicionante, será como recebemos a aprovação/desaprovação de nossos pais e cuidadores. Isso pode estar intimamente relacionado com o que fazemos agora para buscar a aprovação ou evitar a desaprovação. A verdade é que, de alguma maneira, nosso cérebro pode ter ficado programado com comportamentos de autodefesa diante da desaprovação dos outros, que agora podem estar dificultando nossos relacionamentos.

As defesas que criamos na infância, quando não nos sentimos amados ou valorizados o suficiente por nossos cuidadores principais, provavelmente nos serviram razoavelmente bem naquela época. Mas, atualmente, essas defesas dificultam a construção de novas relações baseadas na confiança e até na intimidade. Ironicamente, essas mesmas defesas também podem nos impedir de obter a autoaprovação.

O que fazemos para evitar a desaprovação?

Nessa tentativa de buscar a aprovação dos outros, muitas vezes agimos de maneiras pouco aconselháveis. Esses comportamentos disfuncionais são uma forma de autossabotagem da qual, em muitos casos, não somos conscientes. De acordo com a proposta feita pelo Dr. Leon F. Seltzer, estas formas disfuncionais de evitar a desaprovação dos outros são as seguintes:

Você é perfeccionista ou sempre se coloca sob pressão para fazer melhor

Esse comportamento disfuncional faz com que você se sinta obrigado a tentar fazer praticamente tudo da maneira mais perfeita possível. Esta forma de tentar eliminar a desaprovação dos outros não tem nada a ver com a busca da excelência, muito mais saudável e muito mais seletiva, ou com uma motivação intrínseca por melhorar. Essa atitude faz com que “ser bom o suficiente” não seja suficiente. De fato, ao sentir que não é o melhor, a conclusão que se tira é “não ser bom o suficiente”.

Ser a melhor versão de si mesmo não implica ser necessariamente o melhor. Ou talvez sim. O fato é que você não saberá se não parar de focar seus esforços em parecer com o que os outros esperam (ou acha que esperam) de você.

Homem estressado no trabalho

Evita iniciar qualquer projeto no qual possa falhar

Quando o fracasso é igualado à desaprovação ou à rejeição dos pais, também podemos negar veementemente tentar qualquer projeto em que o sucesso não seja garantido. A origem dessa aversão ao risco pode ser encontrada na infância, mas também em situações posteriores em que a pessoa correu esse risco, perdeu e, como consequência, teve que pagar um preço muito alto por ela.

Mas as pessoas bem-sucedidas geralmente o são porque não são particularmente contra o risco. Estão dispostas a “buscá-lo”, porque veem o fracasso como o primeiro passo em direção ao sucesso final.

Você fica à frente da desaprovação de outra pessoa mantendo uma distância “segura” dela

Se na infância você desistiu de tentar obter a aprovação de seus pais, porque nada o ajudou a se sentir mais conectado a eles, é possível que tenha chegado a negar completamente a necessidade desse apego. Seja com esta primeira relação ou com outras posteriores, a verdade é que o automatismo de manter esse tipo de distância geralmente é aprendido.

É provável que você desconfie dos outros se, quando criança, não conseguiu a aprovação e o apoio de que precisava. Seu instinto por proteger seu ego irá obrigá-lo a manter os outros à distância. Como consequência, não poderá se sentir intimamente ligado ao outro. Nesse sentido, a raiva é a defesa mais utilizada para manter as pessoas a uma distância segura.

Você é uma pessoa complacente e codependente

O quarto comportamento disfuncional para evitar a desaprovação dos outros proposto pelo Dr. Seltzer consiste em uma atitude complacente e codependente. Se, quando você era criança, aprendeu a sempre colocar os desejos dos outros antes dos seus, deixando-os em um plano secundário, é provável que continue fazendo o mesmo.

Com este comportamento complacente e codependente, você assume mais responsabilidade pelos pensamentos e sentimentos dos outros do que pelos seus. Se, quando você era criança, colocar suas necessidades em primeiro lugar provocou a desaprovação de seus pais, como adulto você pensa que os outros o rejeitarão se você se priorizar.

Apoio emocional

Pensamentos finais

Se você se viu refletido em algum desses comportamentos para obter a aprovação dos outros, é um bom momento para analisar em detalhes o que você está fazendo que o impede de se sentir satisfeito. Você não pode mudar o passado, mas pode influenciar seu presente e seu futuro.

Você pode reprogramar seu cérebro. E se não puder fazer isso sozinho, busque ajuda.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.