As melhores frases do Livro do desassossego

Nas frases do Livro do Desassossego, descobrimos um dos maiores poetas de todos os tempos: Fernando Pessoa. Cada afirmação é ao mesmo tempo uma carícia e um golpe. Assim é esse livro: lindo e doloroso.
As melhores frases do Livro do desassossego
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 09 julho, 2020

As frases do Livro do Desassossego são fragmentos de uma verdadeira obra-prima. Este maravilhoso texto é considerado o melhor livro de prosa de Fernando Pessoa. Foi escrito durante 22 anos e, na verdade, é uma compilação de reflexões.

Nesta obra há divagações sobre todos os tipos de questões cotidianas. Também alguns fragmentos do diário de Pessoa, bem como aforismos e breves reflexões. As frases do Livro do Desassossego são, sem dúvida alguma, várias das melhores escritas pelo grande poeta português.

“A mim, quando vejo um morto, a morte parece-me uma partida. O cadáver dá-me a impressão de um terno abandonado. Alguém se foi e não precisou levar aquele único terno que vestira”.
-Fernando Pessoa-

A edição deste livro, que parece definitiva, foi feita apenas até 2010. Edições anteriores haviam aparecido, mas incluíam frases que não eram realmente de Fernando Pessoa. É por isso que uma depuração foi feita. Algumas das mais belas afirmações são as seguintes.

Busca às cegas…

Muitas das frases do Livro do Desassossego enfatizam a falta de sentido da vida e o absurdo da existência. Esta, por exemplo, reflete claramente essa posição: “Eu sou como alguém que busca às cegas, sem saber onde esconderam o objeto que não disseram o que é. Brincamos de esconde-esconde com qualquer pessoa”.

Pessoa nos diz que os seres humanos vivem girando em torno do nada. Não temos ideia de qual é o nosso propósito, muito menos de como vamos alcançá-lo. Iludimos os outros, que por sua vez estão nas mesmas condições que nós. Para o poeta, este é o jogo da vida.

Mulher vendada

Uma das frases do Livro do Desassossego sobre os fantasmas

Esta é uma profunda e bela reflexão de Fernando Pessoa. Diz: “Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão nada mais é do que mudar de célula”. Com esta afirmação, o poeta se afasta dos dois principais eixos do pensamento ocidental: fé e razão.

Como se sabe, durante séculos, essas duas áreas disputaram o reino do pensamento. Fé negando razão e razão negando fé. Pessoa define ambos como imaginários, mas também como prisões. Tanto um quanto o outro limitam a perspectiva e confinam o pensamento a um enredo excludente.

Tudo é imperfeito

A perfeição é um dos conceitos mais abstratos e idealistas que existem. Um fruto mental que não corresponde a nenhuma realidade. Para completar, o ser humano a deseja, mas ao mesmo tempo a torna impossível devido ao eterno inconformismo que nos habita.

Devido ao exposto acima, uma das frases de Livro do Desassossego diz: “Mas imperfeito é tudo e não há sol tão bonito que não poderia ser um pouco mais, nem suave brisa adormecedora que não poderia causar-nos um sono ainda mais calmo”. Enfatiza nessa avaliação que aquilo que o ser humano faz da realidade nunca é suficiente.

A beleza do inútil

Este é um belo reflexo de Pessoa, que diz: “Por que a arte é tão bela? Porque é inútil. Por que a vida é tão feia? Porque nela tudo são fins e propósitos. Todos os seus caminhos levam de um ponto a outro. Quem dera houvesse um caminho feito em um lugar onde ninguém vai!”.

A arte carece de um sentido prático. Tem valor pelo que é, não pela utilidade que pode fornecer. Ninguém precisa de As Meninas para viver, mas amplia sua existência ao contemplar a pintura. O mundo continua a girar existindo ou não a Torre Eiffel, mas o planeta se torna sublime porque ela está lá.

Na vida cotidiana ocorre o oposto. As coisas, e até as pessoas, adquirem valor pelo benefício que prestam ou deixam de proporcionar. Os seres humanos também só vão atrás do que representa alguma utilidade. Nestas condições, na vida, o grandioso e o sublime são renunciados. Isso é o que Pessoa questiona nessa afirmação.

Quadro de Kaspar Friedrich

O órfão de fortuna

Grande parte do Livro do Desassossego é a autobiografia de Fernando Pessoa, embora ele tenha assinado com o pseudônimo de Bernardo Soares. Por essa razão, no texto há confissões em movimento que falam de solidão e desamparo.

Uma dessas passagens íntimas diz: “Sempre foi meu desejo ser gentil com os outros e isso me machucou tanto que  sempre foram indiferentes a mim. Órfão da fortuna, eu tenho, como todos os órfãos, necessidade de ser objeto de afeto por parte de alguém”.

Ao longo do livro, Pessoa define a si mesmo como alguém que fracassou, que não encontra sentido em sua existência. Ele é um órfão da fortuna porque perdeu até mesmo o desejo de ser feliz. Mesmo assim, na declaração anterior, declara que o amor pode ser aquele bálsamo que compensa a ausência de realizações e a negação de um destino feliz.

Fernando Pessoa, autor do Livro do Desassossego

Fernando Pessoa é um dos poetas mais importantes de todos os tempos. O Livro do Desassossego nos mostra a complexidade de seus sentimentos e, além disso, a nitidez de suas reflexões. Cada frase é um pequeno poema pronto para ser descoberto pela mente de um leitor sensível.


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  • Pessoa, F. (2010). El libro del desasosiego (Vol. 101). Ediciones BAILE DEL SOL.


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