Fuga de ideias: um transtorno do pensamento

A fuga de ideias é um transtorno que pode afetar seriamente a vida de quem sofre com ela, pois implica uma ruptura comunicativa com o meio. Essa anormalidade deve ser avaliada e tratada por um profissional de saúde mental.
Fuga de ideias: um transtorno do pensamento
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 05 janeiro, 2021

A fuga de ideias é um transtorno do pensamento em que as ideias surgem sem um significado aparente. Essa anormalidade é acompanhada por uma alteração na fala, que reflete o ritmo frenético das ideias.

Trata-se de um sintoma típico de estados maníacos, nos quais existe um alto nível de excitação, emoções e energia. Esses estados são um componente comum do transtorno bipolar, mas também podem estar relacionados a outros transtornos ou surgir isolados.

Embora o aspecto mais evidente deste transtorno seja o aumento da velocidade e do ritmo do pensamento, na realidade ele provoca uma aceleração generalizada da atividade psíquica que, em quase todos os casos, é acompanhada de verborreia.

“Há uma espécie de euforia na dor, um grau de loucura.”
-Nigella Watson-

Linha de pensamento

Em que consiste a fuga de ideias?

Trata-se de um transtorno do pensamento caracterizado por um fluxo contínuo e ininterrupto de associações. Em outras palavras, a pessoa afetada por essa anormalidade manifesta uma espécie de brainstorming constante; uma ideia leva a outra, que leva a outra, e assim por diante.

O aspecto anômalo é que essa cadeia de ideias não tem um fio condutor ou não constitui uma estrutura como tal. A pessoa vai de uma ideia à outra de maneira totalmente arbitrária. Ela menciona uma ideia e, muitas vezes sem tê-la concluído, passa para outra que nada tem a ver com a anterior.

Desta forma, a fala fica totalmente incoerente para o ouvinte. Hoje sabemos que a pessoa afetada salta de uma ideia à outra devido a algum estímulo externo. Por exemplo, se ela está falando sobre um livro e ouve o ranger de uma porta, provavelmente concentrará o resto da conversa nesse acontecimento. A verbalização, portanto, não é consistente, estando sujeita a variações no entorno.

Causas e características

A ciência ainda não estabeleceu a causa específica da fuga de ideias. Normalmente, ela está associada a outros transtornos, em particular ao transtorno bipolar. Na verdade, é raro ela surgir sem estar acompanhada de uma patologia subjacente, embora isso possa ocorrer.

Sabe-se que este problema está relacionado a estados de euforia. Nesse sentido, a atividade psíquica torna-se tão intensa que acaba acelerando o pensamento, o que, por sua vez, se manifesta com a aceleração da fala.

Na fuga de ideias, não existe um fio condutor que conecta os pensamentos; portanto, não se chega a uma conclusão sobre o que se pensa ou diz. Prevalece a desordem, e as mensagens, quando vistas como um todo, carecem de coerência, já que as associações muitas vezes são absurdas. Apesar disso, esse transtorno não provoca ideias delirantes.

Manifestações associadas

Dentro de um discurso pode haver ideias que se relacionam entre si, mas quando a mensagem é analisada como um todo, ela carece de coerência interna. Persiste uma  dificuldade estrutural que representa o principal obstáculo para chegar a uma conclusão ou encerrar o discurso.

A pessoa que sofre de fuga de ideias tem dificuldade para se concentrar. Sua atenção fica totalmente dispersa e ela não consegue se concentrar em um assunto, divagando sem ordem. Muitas vezes ela depende do estímulo que percebe em um determinado momento. É por isso que seu discurso é tão absurdo.

A emoção predominante é a excitação. A velocidade com que a pessoa fala e a vivacidade do seu pensamento são evidentes. Isso significa que a sua condição é de fácil percepção. Pelo mesmo motivo, esse transtorno tem graves consequências.

Fuga de ideias

Fuga de ideias: um transtorno grave

A fuga de ideias é classificada como um transtorno grave, uma vez que a pessoa afetada perde totalmente a sua funcionalidade social. É impossível se comunicar com ela, portanto, ela não pode participar da vida coletiva.

Assim, é importante que o diagnóstico seja feito por um profissional experiente, uma vez que esse transtorno se assemelha muito a algumas anormalidades de natureza cognitiva ou que afetam a inteligência, assim como aos estados pré-mórbidos de algumas formas de esquizofrenia.

Não existe um tratamento específico para a fuga de ideias. O psiquiatra deverá avaliar o caso individual e estabelecer a possível correlação com outras patologias. Ele estabelecerá um plano de intervenção no qual definirá os passos a seguir de acordo com as condições específicas do paciente.


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  • Sauvagnat, F., & Sauvagnat, R. (1998). Fenómenos elementales y estabilizaciones en las psicosis maníaco-depresivas. Revista de la Asociación Española de Neuropsiquiatría., 18(67), 459-470.


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