Géza Róheim e a conexão entre psicanálise e antropologia
O nome de Géza Róheim não é tão conhecido quanto os outros no mundo da psicanálise; no entanto, é um dos mais brilhantes expoentes dessa corrente. Na verdade, o próprio Sigmund Freud afirmou que este pesquisador era um dos poucos que havia conseguido ampliar as fronteiras do psicanalítico e do cultural, além do que havia sido levantado na grande obra Totem e Tabu.
Géza Róheim é considerado o pai da antropologia psicanalítica. Também é admirado por ter feito registros rigorosos em seu trabalho de campo. Este último foi realizado com comunidades ancestrais da Austrália e da América do Norte. Esse mesmo rigor é o que, com o tempo, lhe deu um lugar privilegiado na história da psicanálise.
“Quantas portas teriam permanecido fechadas para mim se os seres eternos do sono, a altjiranga mitjina, não tivessem me dado as chaves muitas vezes!”
-Géza Róheim-
A obra-prima de Géza Róheim é intitulada Psicanálise e Antropologia. Nela, ele consegue aplicar os princípios freudianos à compreensão da cultura. Isso era algo que muitos de seus contemporâneos consideraram um equívoco. No entanto, a solidez das abordagens de Róheim tem esclarecido todas as dúvidas ao longo do tempo.
A origem de Géza Róheim
Géza Róheim nasceu em Budapeste (Hungria) em setembro de 1891. Ao contrário de muitos outros pioneiros da psicanálise, Róheim viveu uma infância muito feliz. Era filho único de uma família de comerciantes judeus, que o cercavam de cuidados e amor. Seu avô vivia para ele e lhe transmitiu seu interesse por mitos e lendas populares.
Quando Géza Róheim tinha apenas 8 anos de idade, leu O Último dos Moicanos , de James Fenimore Cooper. Essa abordagem sobre as culturas primitivas o fascinou desde o primeiro momento. Desde então, começou a ler tudo o que encontrava sobre o assunto e logo se tornou um especialista.
Róheim era uma pessoa alegre e dinâmica que compartilhava seu tempo entre os livros de mitologia e etnografia e seu gosto pela boa culinária e pelos esportes. Em 1914, se formou como geógrafo. Mais tarde, continuou sua formação em Leipzig e em Berlim. Foi lá que entrou em contato com a psicanálise por meio do trabalho de Otto Rank.
Uma nova vertente
Géza Róheim afirmava que a descoberta do trabalho de Freud foi absolutamente reveladora para ele. Sentia que todo o seu conhecimento era como peças separadas e dispersas. A psicanálise era a estrutura teórica que lhe permitia organizar e dar sentido a muitas de suas observações e conhecimentos.
Róheim também fez psicanálise, primeiro com Sandor Ferenczi e depois com Wilma Kovacks. Em princípio, foi muito influenciado pelo trabalho de Melanie Klein. No entanto, mais tarde, se aprofundou diretamente no trabalho de Freud e variou alguns de seus conceitos, aproximando-se mais da psicanálise clássica. Conheceu Freud pessoalmente em 1918.
Desde então, o trabalho de Róheim concentrou-se em fazer uma interpretação psicanalítica dos fenômenos culturais e sociais. Seu trabalho não foi analítico e teórico, mas foi apoiado por sua convivência com comunidades ancestrais, com as quais conseguiu grande empatia e afeto.
O trabalho de Géza Róheim
Géza Róheim publicou várias obras de grande alcance, como a já mencionada Psicanálise e Antropologia, O Enigma da Esfinge, Magia e Esquizofrenia e As Portas do Sonho. Seu trabalho foi escrito originalmente em húngaro e logo foi traduzido para o inglês e o francês. Apenas uma pequena parte de seu trabalho está em espanhol.
Róheim apresentou que os mitos e as lendas dos povos indígenas têm uma estrutura semelhante à dos sonhos individuais. Deste ponto de vista, essas produções culturais também poderiam ser analisadas como um sonho. Da mesma forma, apresentou sérias evidências de que o complexo de Édipo, postulado por Freud, é universal. Isso quer dizer que está presente em todos os tempos e culturas.
Em sua época, foi um dos grandes contraditores de antropólogos famosos, como Bronislaw Malinowski e Margaret Mead. Ele questionava seus interesses em mostrar as particularidades de cada cultura, fazendo as pessoas acreditarem que havia grandes diferenças entre elas. Para Róheim, acontecia o contrário: os elementos universais superavam em muito as especificidades circunstanciais.
Géza Róheim morreu nos Estados Unidos, em 1953, dois meses após a morte de sua esposa, a quem ele amava muito.
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Romero, A., & Visbal, A. (1999). Relaciones científicas: acerca de las conexiones de la Psicología y otras ciencias. Discernimiento, 11.