O que eu gostaria que as pessoas entendessem sobre a tristeza

O que eu gostaria que as pessoas entendessem sobre a tristeza
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

O que eu gostaria que você entendesse sobre a tristeza é que tenho direito de senti-la, de vivê-la, e de abraçá-la sem que por isso você me rotule de fraco. O meu mundo se reconstruirá novamente peça por peça, depois de ter enfrentado as suas nuances e entendido os meus demônios.

Estar triste não é estar doente, nem ter uma depressão, nem ter se deixado vencer como almas derrotadas pelas dificuldades da vida. A tristeza é uma emoção, um estado de ânimo pontual onde o mundo fica imobilizado para podermos entender a nós mesmos um pouco mais. Para aprofundar-nos em nossos vazios.

A tristeza, às vezes, se esconde por trás dos sorrisos. É como uma eterna passageira que nos visita por livre e espontânea vontade para nos lembrar de que somos humanos, e de que das nossas fraquezas podem também emergir muitas forças.

Embora seja verdade que ao manter um estado emocional de componente negativo como é a tristeza durante um período prolongado, cabe a possibilidade de cairmos no desamparo ou em uma depressão. No entanto, isto não é algo que aconteça sempre.

A tristeza vem e vai, e mesmo que procuremos encontrar a sua origem, existem tristezas que não têm explicação: aparecem sem motivo. São estado de ânimo negativos que desaparecerem logo, quando o movimento da vida nos toca de novo, com suas esperanças, com seus dias ensolarados e sorrisos que também não têm nenhuma explicação. É preciso então se aprofundar um pouco mais nesta emoção tão comum à qual não se deve temer. E mais ainda, não rotulá-la nunca como sinônimo de fraqueza pessoal.

Bom dia tristeza, hoje me lembrei de você

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Abrimos os olhos pela manhã e, sem saber como, lá está aquela sensação implacável que nos tira o ânimo e que deixar cair sobre as nossas memórias todas as lembranças do ontem. A tristeza nos veste com seu manto frio e ficamos paralisados.

Talvez você seja dessas pessoas, dessas que ficam no seu amargo silêncio porque sabem que se pronunciam uma palavra aparecerão as lágrimas, ou dizem “não é nada” quando a tristeza é tudo…

A tristeza faz parte das nossas vidas e podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que é uma das emoções mais comuns, e ao mesmo tempo uma das menos compreendidas. Ninguém se atreve a dizer em voz alta “estou triste”; sempre preferimos disfarçar, usar a máscara…

E ainda mais, se nos atrevemos a comunicar a alguém que nos sentimos dessa forma, o mais comum é que nos respondam com um “mas se alegre, a vida é curta, sorria!”. Isso não é muito adequado. A tristeza precisa ser compreendida, e poucas vezes se resolve desenhando um sorriso no rosto, ainda que façamos isso sempre. Vejamos agora alguns aspectos essenciais que valeria a pena que todo mundo entendesse.

A tristeza é um estado de ânimo com muitos tons

Entendemos a tristeza basicamente como uma emoção negativa. Agora, apesar de na maioria das vezes ela estar associada a alguma vertente drástica, como um término, uma perda, um fracasso ou uma decepção , nem sempre existe uma origem “negativa” propriamente dita.

  • Às vezes a tristeza é uma simples recaída, uma apatia, uma necessidade de estar sozinho consigo mesmo, com seus próprios pensamentos.
  • Estar triste não tem a ver com ter medo, com querer fugir de alguma coisa. Às vezes há quem tenha a tendência de misturar raiva com tristeza (me abandonam e reajo com raiva, mas mais tarde assumirei a realidade lidando por um tempo com as minhas tristezas, com a dor emocional)
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Os desencadeantes da tristeza nem sempre podem ser definidos

Os elementos que trazem a tristeza às vezes são muito claros e foram citados anteriormente: perdas, fracassos, separações, decepções…

  • É comum a tristeza aparecer depois de uma determinada experiência marcada pela raiva, pelo medo… É o momento em que o cérebro precisa “assumir” o acontecido, e para isso precisa se voltar para o seu interior e precisa descarregar.
  • As tristezas podem aparecer após um processo cognitivo. São os momentos em que avaliamos um aspecto da vida presente ou passada, e de repente aparecem as emoções negativas.
  • A tristeza pode aparecer sem que haja um motivo definido. Às vezes uma simples queda de energia, a visita do pessimismo, fatores climáticos ou inclusive algum problema de saúde podem influenciá-la.

Deixe-me chorar, deixe-me viver as minhas tristezas, mas entenda o meu processo

A pessoa triste agradece a sua presença, seu apoio e o seu interesse, mas nunca lhe diga que “é bobo por se sentir assim”, nunca acentue um estado de tristeza por meio da ironia.

  • É preciso viver esse instante e compreendê-lo para cavar a sua origem. E para isso, se for preciso, podemos recorrer às lágrimas: são uma forma de descarregar imprescindível.
  • Entender a tristeza supõe realizar uma viagem ao interior, e para isso precisamos de um certo tempo para nós mesmos. Precisamos entender e reconstruir. Precisamos de compreensão e respeito.
  • Toda emoção assumida e entendida supõe uma passo em direção à recuperação, e por isso é necessário saber enfrentar todas as tristezas cotidianas. Assim, não as esconda sob uma máscara, enfrente-as antes de desenhar o seu vazio com um sorriso morno.

Adeus tristeza, hoje decidi enfrentá-la, abrir a janela e deixá-la ir embora porque aprendi a ser forte, porque hoje me visto de esperanças e novos sonhos.

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Imagens cortesia de Anna Dittman e  Amanda Cash


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