Gratidão, o ingrediente secreto

Gratidão, o ingrediente secreto

Última atualização: 30 julho, 2016

Existem dias melhores e piores, todos sabemos disso. Existem momentos ou etapas nas quais não encontramos um rumo claro, temos dúvidas demais ou estamos emocionalmente inativos ou decepcionados. Diante disso, pode ser que busquemos grandes soluções em busca da felicidade ou do equilíbrio pessoal, e a chave pode estar na gratidão.

Para ser feliz é preciso reunir um conjunto de elementos em nosso mundo interior e em nosso entorno. Não é um caminho fácil. É preciso trabalhar na felicidade para tê-la conosco.

Uma maneira de começar ou continuar pelo caminho que talvez tenhamos iniciado pode ser através de um ingrediente muito útil e muito gratificante do qual às vezes nos esquecemos: a gratidão.

Quando deixamos de ser gratos? Quantas vezes deixamos de agradecer por pudor, por pensarmos no que os outros dirão ou simplesmente por não sabermos como fazê-lo?

Sejamos conscientes do poder das palavras. É importante saber usá-las no momento certo, além de aliá-las ao tom, à ênfase, ao lugar e à sinceridade. Nem sempre escolhemos bem, e nem sempre acertamos ainda que tenhamos as melhores das intenções.

“É tão grande o prazer que se experimenta ao encontrar um homem grato que vale a pena arriscar-se a não ser um ingrato.”
-Séneca-

Algumas vez pensamos em agradecer de forma especial? Por que não o fizemos? É a mesma coisa dizer “obrigado” e agradecer?

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Oito letras

“Obrigado”. Oito letras que têm o dom de estar nos dois extremos da emotividade. De um lado o formalismo automático, e de outro o sentido cheio de significado.

Falamos “obrigado” a torto e a direito. Quase o presenteamos, diariamente e a desconhecidos. Somos educados na arte do agradecimento formal da nossa sociedade. “Obrigado por vir,” “obrigado por participar,” “obrigado pelo jantar,” “obrigado pelo convite,” etc. Tudo isso mais ou menos formal e mais ou menos verdadeiro.

Falamos “obrigado” geralmente para nos comunicarmos socialmente. Isso nos abre portas, nos aproxima dos demais e favorece a nossa integração no grupo. No entanto, há outro tipo de “obrigado”. Aquele que praticamos menos. Aquele que surge entre pais, amigos, familiares ou conhecidos especiais em nossas vidas.

Aí realmente podemos falar em agradecimento.

O que agradecer esconde

Não estamos mais falando de formalismos ou palavras automáticas. Não falamos de dizer “obrigado” a alguém que busca o nosso reconhecimento pelo seu trabalho.

Falamos de olhar ao nosso redor ou para o passado e identificar aquela pessoa que, sem necessidade de obter resposta, nos ajudou. Muitas vezes sem saber ou sem intenção, mas o fez.

Aquele treinador esportivo que nos fez ver além da partida, da bola e das classificações. Aquela professora com quem descobrimos o amor pelos livros, pela história ou pela matemática. Aquele familiar que nos deu os melhores verões de nossas vidas, da forma mais natural, mas que lembramos com tanto carinho.

“A gratidão em silêncio não serve a ninguém.”
-G.B. Stern-

Agradecer é conectar-se com uma emoção própria e compartilhá-la com aquele ou aquela que foi declarado culpado voluntário ou involuntário pelo nosso estado (presente ou passado).

Agradecer nos ajuda a:

  • Liberar sentimentos retraídos e proporcionar paz interior.
  • Eliminar a ideia de resolver assuntos pendentes (“gostaria de ter agradecido…)
  • Aumentar a autoestima
  • Fortalecer vínculos sociais
  • Combater os maus momentos e as emoções negativas.

Ingrediente secreto? Sim. Científico? Também.

Martin Seligman é um dos mais reconhecidos psicólogos da atualidade. Ele foi o precursor da psicologia positiva, aquela que se encarrega do estudo científico das emoções e qualidades positivas do ser humano.

Junto com Peterson, desenvolveram um questionário que se encarregava de recolher a classificar as forças e virtudes necessárias para alcançar uma melhor qualidade de vida.

Não se basearam apenas em pesquisas atuais, mas também estudaram filosofias antigas, textos de várias culturas e religiões de todos os continentes.

De tudo isso, tiraram vários elementos comuns. Uma das categorias gerais chamada “transcendência” – onde se agrupam as forças que outorgam significado à vida e se conectam com nosso entorno e emoções universais – inclui a gratidão.

A transcendência ficou definida como “ser consciente e agradecer pelas coisas boas que acontecem conosco, assim como saber dizer ‘obrigado'”.

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Ative a sua gratidão

Existe vários tipos de freios para realizar esta tarefa. Desde o medo do que dirão, a sensação de que já é tarde demais, um ponto de orgulho que em certos momentos nos faz hesitar, pensar que não seremos correspondidos e a timidez.

O efeito é tão positivo que se temos algo em mente, não devemos hesitar em tentar. Antes disso podemos praticar identificando aquelas coisas pelas quais realmente nos sentimos gratos.

Recomendações?

  • Todos os dias ou uma vez por semana, dedique alguns minutos para identificar aquilo pelo qual você se sente grato. Isso ajudará também a valorizar e refletir sobre aquelas ações, situações e pessoas que oferecem tranquilidade e positividade ao seu dia a dia.

E sobretudo:

  • Escreva uma carta a alguém do seu passado a quem você queira agradecer. Não é preciso reconhecer algo que tenha sido heroico aos olhos dos demais. Podemos agradecer por rotinas, atenções, gestos, eventos, descobertas…

Pense em alguém e tome seu tempo. Ordene aquilo que você quer expressar e escreva. Você decide como entregá-lo à pessoa. Pode dar a carta em mãos ou lendo em voz alta. Uma recomendação? A melhor experiência é ler em voz alta e falar sobre o assunto.

Muito além destas oito letras existem a experiência e a emoção. Descubra a melhor forma para você e receba e desfrute o agradecimento. É uma das formas mais seguras de encontrar gratificação e voltar a recuperar nosso lugar e nossa identidade.

Compartilhar algo assim contribui silenciosamente para nos conectarmos com nossas emoções positivas e acrescentarmos uma pedra a mais no caminho que construímos rumo à felicidade.

“A gratidão é o único segredo que não pode se revelar por si mesmo.”
-Emily Dickinson-


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.