Você conhece a hipersonia? Explicamos seus sintomas e tratamento

Você conhece a hipersonia? Explicamos seus sintomas e tratamento
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 09 março, 2018

Com certeza alguma vez você já dormiu mais do que deveria e ainda assim acordou com sono. Pode ser que em alguns casos tenha tido tanto sono durante o dia que quase não conseguiu ficar de pé. É possível que nessas ocasiões você estivesse com hipersonia.

Os distúrbios do sono incluem 10 transtornos ou grupos de transtornos. Entre eles encontramos a insônia, a hipersonia, a narcolepsia, os transtornos do sono relacionados à respiração, transtornos do ritmo cardíaco sono-vigília e a síndrome das pernas inquietas, entre outros.

Nesse artigo, falaremos de um deles: a hipersonia. De uma forma grosseira, a hipersonia significa muito sono ou sono demais. Quem sofre de hipersonia não se sente descansado e apresenta uma sonolência excessiva.

Quais são as características da hipersonia?

A hipersonia é um termo de diagnóstico amplo. Inclui sintomas de sono excessivo (por exemplo, sono noturno prolongado ou sono diurno involuntário), propensão ao sono durante o dia e inércia do sono.

As pessoas com hipersonia dormem rapidamente e têm uma boa eficiência de sono, superior a 90%. Podem ter dificuldade para acordar pela manhã. Às vezes parecem confusos, combativos ou atáxicos. A ataxia faz referência à descoordenação de algumas partes do corpo. Essa alteração prolongada do alerta na transição sono-vigília às vezes é chamada de inércia do sono. Também pode ocorrer depois de despertar de uma soneca diurna.

Durante esse período, a pessoa parece desperta, mas apresenta uma diminuição da habilidade motora e a conduta pode ser muito inapropriada. Também são frequentes os déficits de memória, a desorientação temporal-espacial e a sensação de tontura.

Esse período pode durar alguns minutos ou até horas. A necessidade persistente de dormir pode levar a uma conduta automática que a pessoa tem pouca ou nenhuma lembrança posterior. Por exemplo, há pessoas que descobrem que dirigiram vários quilômetros de forma inconsciente depois de iniciar uma direção automática nos minutos anteriores.

Mulher de olhos fechados

Embora o sono seja longo, não é reparador

Para algumas pessoas com hipersonia, o sono noturno tem uma duração de 9 horas ou mais. No entanto, o sono geralmente não é reparador e existe dificuldade para despertar depois dessas horas de sono.

Nesses casos, a sonolência excessiva se caracteriza por vários cochilos diurnos involuntários. Estas sonecas diurnas tendem a ser relativamente longas (uma hora ou mais) e não levam a um aumento da sensação de alerta (a pessoa continua se sentindo cansada).

Os cochilos diurnos ocorrem quase todo dia, apesar da prolongada duração do sono noturno. Por outro lado, a qualidade do sono pode ser boa ou não. Essas pessoas sentem uma sonolência durante um longo período de tempo. É diferente de um “ataque de sono”.

Os episódios involuntários de sono acontecem em situações de baixo estímulo e de baixa atividade. Por exemplo, acontecem durante conferências, leituras, assistindo televisão ou ao dirigir longos percursos. Nos casos mais graves pode se manifestar em situações que requerem uma grande atenção. Exemplos dessas situações são o trabalho, as reuniões ou os encontros sociais.

Que critérios existem para diagnosticar um transtorno de hipersonia?

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), os critérios de diagnósticos do transtorno de hipersonia são os seguintes:

A. O indivíduo relata sonolência excessiva (hipersonia) apesar de ter dormido durante um período principal que dura pelo menos sete horas, com um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Períodos recorrentes de sono ou de cair no sono no mesmo dia.
  • Um episódio principal de sono prolongado, de mais de nove horas diárias, que não é reparador.
  • Dificuldade em estar totalmente acordado depois de um despertar brusco.

B. A hipersonia acontece pelo menos três vezes na semana por no mínimo três meses.

D. A hipersonia não é melhor explicada por outro transtorno do sono e não ocorre exclusivamente no curso de outro transtorno do sono (por exemplo, narcolepsia ou uma parassonia).

E. A hipersonia não pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância (por exemplo, uma droga ou um medicamento).

F. A coexistência de transtornos mentais não explica adequadamente a presença de hipersonia.

Além disso, o DSM-5 especifica três tipos de gravidade de hipersonia:

  • Leve: Existe dificuldade de se manter alerta durante o dia, 1-2 dias/semana.
  • Moderada: Existe dificuldade de se manter alerta durante o dia, 3-4 dias/semana.
  • Grave: Existe dificuldade de se manter alerta durante o dia, 5-7 dias/semana.
Homem com sono dormindo sentado

Características associadas à hipersonia que sustentam o diagnóstico

Embora a conduta automática, as dificuldades de despertar de manhã e a inércia do sono sejam frequentes em casos de hipersonia, esses fatos também podem ser identificados em outros transtornos, como na narcolepsia.

Aproximadamente 80% das pessoas com hipersonia afirmam que seu sono não é reparador e têm dificuldades de despertar pela manhã.

A inércia do sono, embora seja menos comum, é muito específica da hipersonia. Os cochilos curtos (de menos de trinta minutos) geralmente não proporcionam descanso.

As pessoas que sofrem de hipersonia frequentemente parecem sonolentas e podem inclusive dormir na sala de espera do médico.

Uma pequena proporção de indivíduos com hipersonia tem antecedentes familiares de hipersonia. De qualquer forma, apresentam sintoma de disfunção do sistema nervoso autônomo, como dores de cabeça do tipo vascular, reatividade do sistema vascular periféricos (síndrome de Raynaud) e desmaios.

Qual é a frequência do transtorno de hipersonia?

A hipersonia é diagnosticada em aproximadamente 5-10% das pessoas que vão às clinicas de transtornos do sono por problemas de sono diurno. Cerca de 1% da população da Europa e dos Estados Unidos tem episódios de inércia do sono.

A hipersonia afeta a homens e mulheres com uma frequência parecida.

Tratamento da hipersonia

O tratamento desse transtorno pode ser realizado em duas frentes. Por um lado, existe o tratamento farmacológico. O especialista do sono pode receitar medicamentos específicos para ajudar o paciente a manter-se desperto por mais tempo.

Isso é preferível a tomar uma grande quantidade de substâncias psicoativas, como o café. Um consumo excessivo de psicoestimulantes pode trazer consequências graves para a saúde, sobretudo do tipo cardíaco.

Mulher consultando médico

O tratamento não farmacológico da hipersonia consiste fundamentalmente na modificação dos padrões de sono. Para isso realiza-se um treinamento do controle de estímulos com o objetivo de que a pessoa aprenda a detectar quando começa sua sonolência. Então, é o momento de fazer uma série de exercícios que ajudem a estar alerta.

Também são utilizadas técnicas que facilitam a concentração. Nesse sentido, poderia ser indicado o mindfulness. Por último, são muito importantes as técnicas de higiene do sono, que ensinam o paciente a estabelecer algumas condições de sono que o ajudem a descansar melhor.

Essas pautas de higiene do sono fazem referência tanto a fatores ambientais (temperatura do quarto, iluminação, etc.) como a fatores alimentares (não ingerir certos alimentos antes de dormir), e a outros tipos de fatores relacionados ao descanso.

A hipersonia é uma condição médica ou psicológica que pode ser tratada. Se, depois de ler sobre os critérios de diagnóstico, você acredita que pode sofrer de hipersonia, então aconselhamos que vá a um médico. Lembre-se de que o diagnóstico só pode ser feito por um profissional habilitado para isso.

Referencias bibliográficas                                                   

  • American Psychiatric Association (2014). DSM-5. Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales. Editorial Médica Panamericana.
  • Belloch, A., Sandín, B. y Ramos, F. (Eds.) (2008). Manual de psicopatología (2 vols.), edición revisada. Madrid. McGraw-Hill.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.