A história oriental "O Monge e o Mercante"

A história oriental "O Monge e o Mercante"
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 02 novembro, 2018

A história ‘O Monge e o Mercante’ fala de uma humilde aldeia na qual todos viviam em harmonia, apesar de não haver recursos em abundância. Os habitantes eram muito amáveis, e reinava um sentimento de comunidade.

Nos arredores, havia um monastério no qual habitava uma comunidade de monges, sempre atentos às necessidades de seus vizinhos. Eles cultivavam trigo no templo, e esse ano a colheita havia sido boa.

Por isso, o mestre superior pediu a um dos monges que reunisse uma boa provisão do grão e o levasse de carroça até a aldeia.

Eles compartilhariam o alimento com todos, porque pensavam que dividir a abundância traria alegria. O monge era muito obediente e solícito. Por isso, acatou a ordem com grande esmero.

Com suas próprias mãos, ele reuniu vários ramos de trigo. Foi colocando-os, um a um , sobre uma carreta. Ao final, havia uma pilha enorme, mas a única coisa que um bom monge pensava era no quão felizes os habitantes da aldeia ficariam quando vissem aquilo.

O único encanto do passado consiste no fato de que ele é passado”.
-Oscar Wilde-

O encontro entre o monge e o mercante

No dia seguinte, logo cedo de manhã, o monge se levantou para levar a carroça para o povoado. Desde o começo ele notou que ela estava muito pesada, mas não se importou. A única coisa que pensava era que tinha que levar a maior quantidade possível de alimento.

Desse modo, ele amarrou muito bem a sua carga e escolheu os três cavalos mais fortes para ajudá-lo nessa tarefa. Foi, então, em direção à aldeia. Ela ficava a 5 quilômetros de distância. A manhã brilhava bonita, e o monge viajava cheio de alegria pensando no bem que estava fazendo.

Ele se emocionava ao imaginar os olhares de todas as pessoas que precisavam de comida. Com certeza fazia muito tempo que não tinham alimento suficiente para todos. Pensava nisso quando, de repente, algo assustou os cavalos. Sem saber quando e como, os cavalos saíram desgovernados.

O monge tentou manter o controle, mas foi impossível. A carreta logo se desprendeu a começou a rodar colina abaixo. Infelizmente, por aquele lugar passava um mercante, que também estava indo em direção ao povoado. O destino uniria o monge e o mercante para sempre.

Ilustração antiga de mercante

O peso de uma tragédia

Tudo aconteceu muito rápido. O monge não soube como a carreta atropelou o mercante. Quando olhou para ele caído no chão e ensanguentado, só conseguiu correr desesperadamente para ir em seu auxílio. Foi em vão. Quando chegou ao lugar, o mercante já estava morto.

A partir desse momento, foi como se o monge e o mercante tivessem se tornado uma só pessoa. Não demorou muito até que alguns aldeões viessem para ajudar. Ele enfim entregou o trigo a eles, e voltou para seu monastério com a alma completamente destroçada.

A partir desse dia, ele passou a ver o rosto do mercante em tudo o que olhava. Se dormia, sonhava com ele. Ao levantar, não conseguia pensar em outra coisa. A imagem do homem morto o perseguia.

Resolveu então consultar o seu mestre. Este lhe disse que não poderia continuar vivendo assim, tinha que tomar a decisão de esquecer. O monge disse a ele que isso era impossível. Ele se sentia culpado pela morte. Talvez, se não tivesse levado a carroça tão cheia, ele tivesse conseguido manter o controle.

A história do monge e o mercante

O ensinamento por trás de O Monge e o Mercante

A história do monge e do mercante conta que as coisas permaneceram assim por vários meses. O monge não podia deixar de sentir um profundo pesar. Quanto mais pensava naquilo, mais culpa sentia. Ao ver a situação, o mestre tomou uma decisão.

Ele mandou chamar o monge e disse a ele que não poderia viver assim. O monge repetiu o que já havia dito anteriormente. Então, o mestre o aconselhou a tirar sua vida. O monge ficou muito surpreso, mas depois entendeu que essa talvez fosse a única saída.

Ele não tinha, no entanto, coragem suficiente para fazê-lo. O mestre o tranquilizou. Ele mesmo poderia levantar sua espada contra ele e cortar a sua cabeça. O monge, resignado, aceitou.

Ele afiou bem a espada. Depois, pediu ao monge que se ajoelhasse e pusesse a cabeça sobre uma pedra. Assim ele o fez. O mestre levantou seus braços e o monge começou a tremer. Suava frio. Sentia muito medo.

Logo, o mestre levantou sua arma contra o céu, mas se deteve alguns milímetros antes de cortar a cabeça do monge.

Pôr do sol

O monge ficou paralisado. Nesse momento, o mestre perguntou a ele: “Durante esses últimos momentos de sua vida, você pensou no mercante?”. O monge respondeu para ele que não. Que ele só conseguia pensar na espada atravessando seu pescoço.

O mestre disse então: “Isso quer dizer que sua mente pode se afastar dessa recordação ruim. Se você conseguiu fazer isso uma vez, pode treinar a sua mente para fazer mais vezes”.


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