Como a identidade da mulher muda com a maternidade?

A maternidade marca um antes e um depois na vida de uma mulher. Muitas coisas mudam, e é preciso fazer um esforço para se adaptar e tirar a máxima satisfação possível desta nova etapa cheia de emoções.
Como a identidade da mulher muda com a maternidade?
Alicia Escaño Hidalgo

Escrito e verificado por a psicóloga Alicia Escaño Hidalgo.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

O nascimento dos filhos é uma etapa da vida repleta de alegrias e de estresse quase em partes iguais. Implica um rompimento importante com o seu “eu” que você conhecia e o nascimento de um novo papel: o de mãe. É inegável que muita coisa muda com a maternidade.

Embora acolhamos esse novo papel com muitos desejos e grandes expectativas, o fato de ter que assumir responsabilidades que não tínhamos antes, novos interesses e até sentimentos desconhecidos pode ser angustiante.

Como em qualquer âmbito da vida, quando se inicia uma jornada pela primeira vez, começa-se sendo iniciante e o ambiente exige que você se adapte. 

Ser mãe — e pai — é passar de cuidar de si mesmo, de se preocupar com sua saúde, seu físico, seu bem-estar, etc., a ter que fazê-lo também por outro ser. Um ser que te supera na escala de prioridades na maior parte do tempo.

É um ato de amor imenso, esplêndido e incondicional, mas, ao mesmo tempo, rompe de certa maneira a identidade que a havia definido até o momento. A realidade é que a maternidade te obriga a renunciar a algumas partes de si mesmo, ou pelo menos a deixá-las de lado por um tempo.

Essa renúncia leva implícito um “você não é mais tão importante”, mesmo que não seja verdade. Mas, por não ter tanto tempo ou recursos para cuidar de si mesma da mesma maneira, para realizar os mesmos planos ou projetos, você pode, inevitavelmente, se sentir negligenciada.

Isso pode afetar substancialmente a sua autoestima como mãe.

Quais áreas são as mais afetadas pela maternidade?

O que muda com a maternidade?

Ser mãe significa se reinventar em muitos aspectos. É saudável, e também desejável, manter momentos íntimos e tentar não deixar de lado ou abandonar sua identidade e os seus interesses.

No entanto, inevitavelmente surgirão planos, projetos ou histórias aos quais será preciso renunciar, simplesmente porque são incompatíveis com o momento atual, já que muita coisa muda com a maternidade.

A boa notícia é que essa renúncia não significa que eles vão desaparecer da sua vida por completo, mas sim que serão modificados, criando um “novo eu”. Algumas das áreas que sofrem mudanças significativas são:

Relações sociais

Os amigos estão entre os componentes da vida que mais são afetados quando a maternidade começa. A menos que a maioria das amigas tenha filhos na mesma época e que todas sejam obrigadas a assumir um novo papel, o mais comum é que ocorram mudanças.

Os planos dificilmente permanecem os mesmos. O tempo não é mais o que era antes da maternidade e, portanto, há menos disponibilidade para certos programas, como viagens, festivais ou saídas noturnas até altas horas da madrugada.

Os desejos e a motivação também mudam. O habitual é que a mãe se sinta muito cansada na maior parte do tempo e que, quando ela tem um tempo livre, queira descansar. Portanto, essa área se vê obrigada a mudar.

As mães começam a se relacionar com outras mães. Com esses grupos, elas têm mais interesses em comum, mais assuntos para conversar e, além disso, as crianças podem brincar umas com as outras.

Isso não significa abandonar nossas amizades anteriores. O ideal é conservá-las o máximo possível.

A vida profissional

Atualmente, a conciliação continua sendo uma utopia. Quando a maternidade entra em cena, nasce uma nova profissional. As exigências da amamentação e da disponibilidade para o bebê fazem com que seja muito complicado conciliar trabalho e criação.

Portanto, muitas mulheres se veem forçadas a renunciar ao emprego e a abrir mão da carreira, pelo menos temporariamente. Outras não renunciam, mas ficam imersas em um tsunami de estresse e ansiedade diário.

De qualquer forma, é inegável que a vida profissional muda muito com a maternidade.

Cuidados pessoais

Esta área fica quase completamente relegada ao bebê. O bem-estar físico ou pessoal não é mais um assunto tão importante quanto costumava ser antes.

É muito normal que a mãe não se sinta tão atraente, já que a falta de tempo faz com que essa área fique em segundo plano. Além disso, as consequências da própria gravidez e do parto fazem com que muitas mulheres vejam seu físico modificado.

Descanso e lazer

Se antes a pessoa chegava em casa do trabalho, tomava um banho, ficava confortável e assistia à uma série na Netflix, isso acaba quando ela se torna mãe. Há outro ser para cuidar, limpar, vestir, divertir, alimentar e colocar para dormir.

O lazer, como dissemos no primeiro ponto, também é diferente. Os planos se tornam muito mais relaxados, geralmente em horários mais cedo e com pessoas diferentes que nos entendem e com as quais podemos empatizar.

O casamento muda com a maternidade

O casal se torna, em grande parte, uma “equipe de cuidadores”. Isso vai acontecer, mas é necessário se forçar a ter momentos sozinhos e íntimos.

No entanto, o contexto do casal não é mais o mesmo: é mais difícil sair para jantar sozinhos, ter conversas sem interrupção ou encontrar tempo para manter relações sexuais.

Além disso, o casal fica subitamente imerso em um ambiente de pediatras, fraldas, brinquedos, passeios… que o força novamente a se reinventar e a assumir novas responsabilidades.

Pais curtindo seu bebê

Como preservar a identidade diante de tudo que muda com a maternidade?

É preciso saber claramente que somos quem somos. Ou seja, a nossa identidade não desaparece totalmente. Na medida das nossas possibilidades, e sempre sendo realistas, devemos tentar fazer o possível para preservarmos a nós mesmos e não nos deixar levar.

Também é maduro assumir a realidade de que muitas coisas mudarão e de que precisamos nos adaptar a essas mudanças, gostemos ou não.

Em nossas mãos está, por exemplo, a possibilidade de pedir ajuda. Sem abusar, obviamente, mas existem os avós, os tios ou as babás. O desejável é que uma criança passe bastante tempo com os pais, mas a chave para isso é que os mesmos sejam emocionalmente estáveis.

Se isso não acontece, é muito mais aconselhável pedir ajuda, se estabilizar, respirar e voltar a estar com seus filhos sem se sentir culpado.

Outra opção é combinar seus próprios períodos de desconexão com seu parceiro. Isso implica revezar os momentos em que cada um cuida da criança. A ideia é que isso seja feito com amor, sem depois jogar na cara do outro de quem é a vez, quem ficou mais tempo, etc.

Embora a maternidade possa ser muito difícil, não deixa de ser uma mudança de vida, assim como a transição da infância para a adolescência. O que acontece é que, nesse caso, é uma opção escolhida livremente.

É importante começar a se apegar a essa nova situação, assumir que há coisas que não voltarão a ser como antes, mas que existem outras que podem nos trazer a maior das satisfações se soubermos aproveitá-las.


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