Insônia por dor crônica: o que a causa e o que fazer diante dela?

A dor crônica pode impedir que você adormeça e se mantenha dormindo. Isso, por sua vez, intensifica a sensação de dor. Qual é a causa por trás dessa relação e o que fazer a respeito?
Insônia por dor crônica: o que a causa e o que fazer diante dela?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

A dor é uma das sensações mais desagradáveis, incômodas e angustiantes que podemos experimentar. Ela gera inquietação, é um obstáculo para o desempenho das nossas tarefas diárias e afeta a nossa vida social. Mas, acima de tudo, atrapalha o descanso. Quando esse desconforto é prolongado, o sono da pessoa é afetado, apresentando diversas alterações. É por isso que, hoje, queremos falar sobre a insônia desencadeada pela dor crônica.

Se em algum momento da sua vida você sofreu uma dor significativa, provavelmente passou a temer a noite. As sensações são exacerbadas pela falta de estímulos externos e a incapacidade de adormecer pode gerar muita frustração. Para quem tem dores crônicas, essa é uma constante no dia a dia. Embora possa haver métodos para aliviá-la, é importante garantir que a qualidade do sono seja boa.

Mulher com insônia de dor crônica

O que é a dor crônica?

A dor pode se manifestar de duas maneiras diferentes. A dor aguda é aquela que surge em relação a uma lesão ou problema recente, tem uma duração limitada e desaparece à medida que o corpo cicatriza. Por outro lado, a dor crônica é aquela que permanece por mais de três meses, ou um mês após a resolução do distúrbio original.

Dependendo da sua origem, pode consistir em uma dor surda, latejante, pressão ou rigidez, entre outros. Além disso, existe uma variedade de patologias que podem levar ao seu aparecimento. Entre as mais comuns, estão as seguintes:

  • Artrite, osteoartrite e reumatismo.
  • Enxaqueca e dores de cabeça.
  • Câncer.
  • Danos no nervo.
  • Fibromialgia.
  • Trauma e infecções.

Em geral, estima-se que entre 20% e 35% da população mundial sofra de dores crônicas. Os custos pessoais e financeiros derivados dessa realidade merecem investimento em pesquisa.

Insônia por dor crônica: como a dor afeta o sono?

A insônia decorrente da dor crônica é apenas uma das consequências e o seu impacto pode ter várias frentes. Verificou-se que 50-89% das pessoas com dor crônica têm distúrbios do sono e apresentam baixa qualidade de vida.

As principais manifestações consistem em dificuldade para adormecer, despertares noturnos frequentes devido à dor, sono fragmentado e pouco restaurador e despertares precoces.

Além disso, é importante observar que a relação entre repouso e dor é bidirecional: a dor impede a pessoa de descansar adequadamente, mas, além disso, a privação de sono agrava a percepção das sensações dolorosas. Assim, tem início um círculo vicioso difícil de neutralizar.

Quando o sono não é completo, profundo e restaurador, os medicamentos usados para mitigar a dor perdem a sua eficácia. Além disso, foi descoberto que a supressão da fase REM faz com que a ação antiálgica da morfina e de outros opioides seja reduzida.

Paradoxalmente, essas mesmas drogas podem alterar a estrutura do sono e contribuir para a supressão da fase REM, causando um aumento da sensibilidade à dor. Em última análise, todas essas interações colocam as pessoas com dor crônica em uma situação difícil de resolver.

O que podemos fazer a respeito?

Infelizmente, em muitos casos, não é possível prevenir o aparecimento das dores crônicas. Embora algumas condições, como a enxaqueca, tenham vários medicamentos preventivos aprovados, eles nem sempre são tão eficazes quanto você poderia esperar.

Em contrapartida, em outras doenças, os medicamentos só são prescritos para o tratamento da dor quando ela já apareceu. Então, o que podemos fazer para que essas sensações não interfiram tão fortemente no repouso? Existem várias medidas possíveis.

Por um lado, descobriu-se que o uso de medicamentos com formulações de liberação retardada pode ser mais eficaz do que o uso de medicamentos de liberação rápida. Com essa medida, evitamos o aparecimento de distúrbios do sono associados aos analgésicos.

Remédios para dormir

Higiene do sono

Por outro lado, é fundamental que a pessoa mantenha uma higiene do sono adequada, mesmo que isso seja de difícil implementação. Estas etapas simples podem ajudá-lo a adormecer e manter o sono, além de melhorar a qualidade do sono:

  • Evite beber café, chá, açúcar e outros estimulantes no final da tarde. Além disso, tente não beber álcool, pois isso pode causar um despertar precoce.
  • Tome um banho quente antes de dormir. Isso pode ajudar a aliviar a dor e induzir um estado de relaxamento que estimula o sono.
  • Certifique-se de que as condições ambientais sejam adequadas. Escuridão, silêncio e uma temperatura em torno de 21 graus são elementos a serem levados em consideração.
  • Evite fazer outras atividades além de descansar na cama. Não a use para comer ou assistir televisão.
  • Adote rotinas de sono estáveis e siga-as todos os dias, mesmo nos fins de semana. Além disso, tente ir para a cama por volta das 23 horas, pois é o horário mais favorável para o corpo.

Em última análise, a dor crônica e a insônia são difíceis de prevenir e controlar, mas existem algumas alternativas. Portanto, se você sofre deste tipo de problema, não hesite em mencioná-lo ao seu médico para buscar as possíveis soluções disponíveis. Um sono de qualidade é fundamental para o bem-estar físico e psicológico; cuide disso o máximo possível.


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