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A intervenção psicossocial na saúde mental
Apesar da crescente normalização das doenças mentais, a intervenção psicossocial nesse campo continua sendo uma grande incógnita. Hoje, queremos falar sobre os seus principais objetivos e possibilidades.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de afecções ou doenças”. Para alcançar ou preservar esse estado, é possível usar diferentes estratégias enquadradas em diferentes campos. Um desses espaços de conhecimento e aplicação é a intervenção psicossocial.
Antes de nos aprofundarmos, precisamos entender o que é a intervenção psicossocial. Segundo Alvis (2009), a intervenção psicossocial é um processo que visa aumentar a capacidade de desenvolvimento do ser humano, da família e da comunidade.
Ela permite que os indivíduos exerçam controle e poder sobre o seu ambiente individual e social.
Portanto, aumenta o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, treinando e fornecendo ao indivíduo as ferramentas que lhe permitem enfrentar e solucionar problemas, e obter mudanças no ambiente social.
“O estado da sua vida nada mais é do que um reflexo do estado da sua mente”.
– Wayne Dyer –
O que entendemos por saúde mental?
Conforme citado em Oramas, Santana e Vergara (2013), a saúde mental consiste na aprendizagem da realidade para transformá-la através do confronto, gestão e integração da resolução de conflitos, tanto internos do indivíduo quanto entre ele e o seu ambiente.
Por isso, quando esse aprendizado é perturbado ou falha na tentativa de sua resolução, podemos começar a falar sobre doenças.
Outros autores, como Riviere, na mesma linha, dizem que “a saúde mental é concebida como a capacidade de manter relações dialéticas e transformadoras com o mundo, que permitem resolver as contradições internas do indivíduo e as do indivíduo com o contexto social” (citado em Oramas, Santana e Vergara. 2013).
Segundo a OMS, a saúde mental é definida como “um estado de bem-estar no qual o indivíduo está ciente de suas próprias habilidades, pode enfrentar as tensões normais da vida, pode trabalhar de maneira produtiva e é capaz de dar uma contribuição para a sua comunidade”.
Embora a capacidade das próprias pessoas de lidar com os conflitos do dia a dia e de transformar a sua realidade seja importante, há outros fatores que são decisivos para a saúde mental:
- O contexto social: situações de pobreza, abuso, pertencer a grupos minoritários…
- Antecedentes familiares.
- Comorbidade com outras doenças crônicas.
No entanto, a aquisição de hábitos saudáveis e a prevenção são essenciais para prevenir doenças mentais. A doença mental é uma alteração do tipo emocional, cognitivo e/ou comportamental em que os processos psicológicos básicos são afetados.
Alguns desses processos básicos são a emoção, a motivação, a cognição, a consciência, o comportamento… Portanto, dificulta a adaptação da pessoa ao ambiente cultural e social em que vive e cria algum tipo de desconforto subjetivo.
Intervenção psicossocial na saúde mental
Embora a doença mental ainda seja um assunto tabu em alguns setores, a normalização predomina com base em uma ideia compartilhada: qualquer um de nós é suscetível ao desenvolvimento de uma doença mental.
Por isso, não podemos esquecer que, como diz a OMS, uma em cada quatro pessoas sofre de um transtorno mental ao longo da vida.
Alguns tipos de doença mental são:
- Transtornos do humor.
- Transtornos de ansiedade.
- Doença mental relacionada ao consumo e abuso de substâncias tóxicas.
- Transtornos psicóticos.
- Transtornos de personalidade.
- Outros transtornos: dissociativos, do desenvolvimento, etc.
A intervenção psicossocial é realizada através de dois contextos inter-relacionados: a psicologia e o social. Portanto, começa com o indivíduo levando em consideração todo o ambiente social que o cerca e com o qual ele interage.
Ao intervir, deve-se ter em mente que o papel dos profissionais de atenção primária é fundamental. Além disso, este serviço é o mais próximo e acessível a qualquer pessoa. A partir daí, o profissional de referência avaliará e encaminhará o indivíduo.
É verdade que a ação coordenada dos diferentes profissionais é essencial para alcançar os objetivos. Embora o tratamento farmacológico possa ser importante, sempre prescrito por um profissional, devemos considerar que a intervenção psicossocial também tem um papel relevante.
Conforme indicado no Guia de Boas Práticas em Intervenção de Pessoas com Doença Mental (2016), essa intervenção deve incluir apoio social, monitoramento, acompanhamento e reabilitação social. O principal objetivo de sua prática é contribuir para a autonomia da pessoa com a doença mental.
Além disso, a atenção dada para as pessoas deve ser individualizada e personalizada. Temos que considerar:
- As necessidades do indivíduo.
- O suporte e as necessidades da família ou do ambiente mais próximo.
A intervenção psicossocial em pessoas com doença mental inclui, entre outros:
- Atividades relacionadas à moradia: supervisão, busca de apoio…
- Atividades da vida diária.
- Apoio às atividades instrumentais da vida cotidiana.
- Supervisão e treinamento para administração de medicamentos.
- Treinamento para organização e gerenciamento de tempo.
- Treinamento para a vida social e familiar.
- Assessoria sociojurídica.
Embora as conquistas nesta área sejam muito significativas, ainda falta muito para podermos falar de uma sociedade abrangente, tolerante e inclusiva em relação à doença/transtorno mental.
Por esse e outros motivos, é importante “incentivar” as pessoas que talvez precisem da ajuda de um grupo de profissionais, para que elas saibam tudo que uma boa intervenção psicossocial pode proporcionar.