A lagoa, uma antiga lenda Zen

Esta é uma antiga lenda zen que começa em um jardim encantado, onde todos os vícios e virtudes viviam em uma harmonia quase total. No entanto, a raiva e a tristeza costumavam criar uma atmosfera pesada.
A lagoa, uma antiga lenda Zen
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 14 fevereiro, 2021

A antiga lenda zen da lagoa conta que houve um reino encantado no qual nenhum ser humano jamais existiu. Todos os vícios e virtudes viviam ali em relativa harmonia. Todos gostavam de ficar no grande jardim, que estava sempre cheio de luz e aromas misteriosos. Às vezes, também conversavam muito, e embora não concordassem em algumas coisas, nunca houve conflitos.

Apesar de tudo, havia dois habitantes com quem era difícil  lidar. Um era a raiva e o outro a tristeza. Tanto um quanto o outro eram os com o maior número de amigos. A raiva, por exemplo, ia para lá e para cá com a inveja, o ressentimento e o ciúme. A tristeza, por sua vez, não era tão sociável, mas costumava estar com a preguiça, o conformismo e a desconfiança.

Tanto a raiva quanto a tristeza eram excessivamente sensíveis. Era difícil para elas lidar com o sol, com a chuva, com o dia ou com a noite. Elas também eram extremamente delicadas. Você mal podia falar com elas. Assim que acontecia algo que não era do seu agrado, elas começavam a crescer e  crescer e crescer… Às vezes, elas não deixavam espaço para mais ninguém. Assim, os outros aprenderam a tratá-las com extrema cautela e, na verdade, preferiam não passar muito tempo com elas.

“A tristeza nada mais é do que uma cerca entre dois jardins”.
-Khalil Gibran-

A antiga lenda zen da lagoa e a competição

A raiva e a tristeza costumavam andar pelos mesmos lugares. Ambas gostavam de pântanos e florestas densas. Por acaso, uma tarde as duas decidiram dar um passeio perto de um maravilhoso lago cristalino do jardim. Elas começaram a conversar e, preguiçosamente, a tristeza disse para a raiva que tinha ouvido rumores sobre um tesouro escondido na lagoa. A expectativa jurava que ele estava enterrado ali, e que seu valor era incalculável. Claro que o pessimismo não acreditou nisso.

A raiva, que sempre reagia sem pensar, desafiou a tristeza. Disse a ela que também tinha ouvido rumores semelhantes, e propôs um desafio para tornar tudo mais interessante. Cada um teria que escolher um trecho do terreno, por acaso, e buscar ali. Quem encontrasse o tesouro ficaria com ele. A tristeza pensou que não iria vencer. No entanto, aceitou. Pensou que talvez encontrar um tesouro a deixasse menos triste.

Elas dividiram o terreno e começaram a cavar. A raiva agia como se o mundo fosse acabar. Cavou com grande energia e em menos de três horas havia completado sua parte. Ela ficou furiosa ao pensar que certamente o tesouro estava do lado triste. Esta antiga lenda zen conta que a tristeza demorou muito. Ela cavava por alguns minutos e então pensava e suspirava. Terminou depois de uma semana, enquanto a raiva a observava, pronta para explodir. Nenhuma das duas encontrou qualquer tesouro.

Flor na lagoa

A moral desta história

Essa antiga lenda zen diz que ambas, raiva e tristeza , perceberam que haviam sido enganadas. Elas também perceberam que estavam muito sujas. De tanto mexer na terra, elas ficaram enlameadas até as orelhas e tudo isso para não conseguir nada. Como um lago cristalino estava próximo, elas perceberam que era hora de se banhar em suas águas.

A raiva chegou à beira do lago e tirou as roupas. Com muita raiva, se jogou no lago, que em poucos minutos ficou turvo de tanta lama. Isso a enfureceu. A tristeza, como era seu costume, pensou um pouco. Então, se aproximou da beira do lago, pensando que a água costumava ser linda, mas não era mais. E pareceria ainda pior depois que ela entrasse. Ela chorou um pouco ao pensar nisso, sabendo que não tinha escolha, mas também tirou a roupa e pulou na água.

Lagoa com plantas

De acordo com essa antiga lenda zen, a raiva mergulhou com fúria, jogando água para todos os lados. A tristeza, por sua vez, ficou em um canto. Ela não gostava de movimento e pensou que entrar no lago era suficiente para lavar a sujeira que tinha sobre ela. A verdade é que a água ficou completamente turva. O líquido escuro entrou nos olhos da raiva, e ela saiu para colocar suas roupas. Porém, como não podia ver, pegou as roupas da tristeza por engano e as vestiu.

Quando a tristeza saiu da lagoa, ela encontrou as roupas da raiva e as colocou. Afinal, ela não se importava com nada. Desde então, a raiva caminha com a roupa da tristeza e a tristeza com a da raiva. Todos disseram que nenhuma das duas sentiu as roupas largas ou apertadas, porque a raiva é apenas um disfarce para a tristeza, e a tristeza apenas um disfarce para a raiva. Essa é a moral da lenda zen da lagoa.


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  • TV, J. P., Wiki, P. Z., & Zen, P. Psicoterapia Zen.

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