A lei de Illich: o limiar da produtividade negativa
A lei de Illich diz que, após um determinado número de horas trabalhando, a produtividade começa a cair de forma significativa. Ou seja, ela fala de um “limiar de produtividade negativa”, um ponto a partir do qual começa a ser difícil manter a atenção e começamos a cometer erros.
O tema produtividade tem sido um campo de interesse importante para os cientistas. O mundo profissional se organizou, historicamente, baseado em propósitos econômicos e políticos. No entanto, aqueles que fazem parte da produção também são seres humanos. Este fator humano nem sempre foi levado em conta e é extremamente determinante na produtividade econômica.
Os questionamentos sobre as melhores formas de alcançar a produtividade levaram ao surgimento de diversas teorias que consideram o fator humano. Neste fator, estão englobadas as forças e os limites das capacidades cognitivas ou o valor da motivação, por exemplo. Assim surgiu a lei de Illich, juntamente com muitas outras.
“A complexidade é sua inimiga. Qualquer idiota pode fazer algo complicado. O difícil é manter as coisas simples”.
-Richard Branson-
Ivan Illich, o criador da lei de Illich
O criador dessa lei foi um pensador austríaco chamado Ivan Illich. Tornou-se famoso quando publicou seu livro “Sociedade Sem Escolas”, no qual fazia uma forte crítica ao sistema educativo. Sempre promoveu a auto-aprendizagem como meio de formação, e a conversa como ferramenta para fomentar a análise.
No ano de 1980, Ivan Illich formulou a lei de Illich. Ele era professor na Universidade Estadual da Pensilvânia e, depois de vários estudos, chegou a uma conclusão expressada da seguinte forma: “Depois de um certo número de horas, a produtividade de tempo investido decresce primeiro e se torna negativa depois”.
Esse é o conceito básico da lei de Illich. Em outras palavras, este pensador diz que o trabalho contínuo durante muitas horas seguidas acaba não sendo produtivo. Ou seja, trabalhar mais tempo não está associado diretamente com uma maior produção. De fato, acontece o contrário: o excesso de horas de trabalho pode provocar uma saturação que leva a pessoa a um bloqueio total.
A lei de Illich
De acordo com esta lei, o segredo está em organizar adequadamente os tempos de trabalho e de descanso. Vamos ilustrar isso com um exemplo. Uma pessoa produz um par de sapatos em duas horas. No entanto, se trabalhar 12 horas, não vai produzir 6 pares. Depois de um certo tempo, seu rendimento começa a cair até que se torna nulo.
É provável, então, que no fim do dia ela acabe produzindo somente 4 pares dos 6 esperados. Para o que antes ela levava duas horas, depois de um tempo passa a levar três e depois quatro. Também é provável que os produtos que ela produza depois de ter trabalhado muitas horas tenham mais erros ou problemas.
Com o trabalho intelectual, a situação pode ser ainda mais crítica. Tanto no trabalho físico quanto no intelectual, trabalhar sem descanso leva a uma fadiga mental que reduz a capacidade. Se isso se prolongar por muito tempo, também vão aparecer sintomas emocionais de ansiedade, depressão, irritabilidade, etc.
Trabalhar de forma eficaz
Para não alcançar um ponto muito alto de fadiga, segundo a lei de Illich, o melhor é alternar constantemente o trabalho com o descanso. Para isso, ele propôs a existência de “caixas de tempo”. Estas “caixas” recolhem e descrevem formas de organizar o tempo de forma que o rendimento acabe sendo menos influenciado pela fadiga.
As três principais caixas de tempo são as seguintes:
- 2 minutos de pausa para cada 10 minutos de trabalho. Mesmo que para muitos essa pareça uma pausa muito curta, essa caixa de tempo provou gerar uma grande eficiência. Em 10 minutos, se a carga não for muita, todas as capacidades cognitivas voltam ao seu rendimento máximo.
- 5 minutos de pausa para cada 25 minutos de trabalho. É uma abordagem de produtividade que corresponde à conhecida Técnica Pomodoro. É a mais popular e muitas pessoas dizem que funciona para elas.
- 12 minutos de descanso para cada 12 minutos de trabalho. É uma caixa de tempo que se mostrou muito eficaz para tarefas muito mecânicas ou muito pouco motivadoras.
Como estamos acostumados a trabalhar longas jornadas, no começo pode ser difícil aplicar estas caixas de tempo. Tudo é questão de costume. Se você aplicá-las, em pouco tempo já estará familiarizado.
Uma boa ideia é trabalhar um dia com a rotina habitual e, no final, avaliar a produtividade. No dia seguinte, aplique a caixa de tempo e avalie. Então, compare os dois dias. Você vai se surpreender!