A linguagem corporal da culpa
A linguagem corporal da culpa não é fácil de detectar por várias razões. A primeira é que a culpa não é uma emoção básica. Somente as emoções básicas se refletem claramente nas microexpressões do rosto e na postura corporal. A culpa, por outro lado, é uma formação mais complexa que implica a participação da reflexão e pode envolver várias emoções ao mesmo tempo.
Por outro lado, uma pessoa culpada nem sempre reconhece a sua culpa. É possível que, por exemplo, alguém que rouba sinta que tem o direito de fazê-lo, porque segundo ele próprio, o outro não precisa daquele objeto ou foi adquirido de forma injusta. Portanto, ele não se sentirá culpado e obviamente não refletirá culpa na sua linguagem corporal.
Da mesma forma, nas emoções básicas existem movimentos e posturas impossíveis de controlar voluntariamente, pelo menos por alguns segundos. Em vez disso, há um forte componente de racionalidade na culpa; portanto, também é possível exercer um controle deliberado sobre os movimentos que revelam esse sentimento. Em conclusão, a linguagem corporal da culpa é mais difícil de detectar, embora não seja impossível. Esses são alguns dos recursos que a caracterizam.
“Eu digo que qualquer um que treme neste momento é culpado; porque a inocência nunca teme a vigilância pública”.
O gesto essencial na linguagem corporal da culpa
Uma pessoa que se sente culpada, mas não quer assumir a responsabilidade pelo que fez de errado, muitas vezes vive em estado de alerta. Ela sabe que está ocultando o dano que causou e o remorso resultante. Portanto, nesses casos, a pessoa tem um controle relativamente amplo sobre a sua linguagem corporal.
No entanto, segundo o antropólogo Desmond Morris, há um movimento inconsciente e involuntário que seria parte da linguagem corporal da culpa. Ele envolve o piscar de olhos. Por mais que a pessoa pretenda ter tudo sob controle, quando perguntado ou mencionado um aspecto relacionado a esse sentimento de culpa, um piscar de olhos intermitente e rápido aparecerá.
O aumento na frequência da piscada é considerável e perceptível, mas aqueles que se sentem culpados não percebem imediatamente. Esse gesto indica que a pessoa se sente vulnerável e tem um desejo intenso de recuperar o controle da situação. É comum que seja acompanhado por movimentos de cabeça em diferentes direções.
Linguagem corporal da culpa: o olhar e a expressão
Outro aspecto a considerar na linguagem corporal da culpa é o olhar. É muito comum que, quando uma pessoa sabe que agiu contra as suas convicções e seus valores, tenha dificuldades para encarar o outro. O mais comum é que olhe para outro lugar, sempre com os olhos baixos. O queixo não se inclina para baixo, mas o olhar sim.
Isso, no entanto, é relativo. Nem sempre acontece dessa forma porque algumas pessoas sabem que esse gesto as denunciaria. Às vezes, há também uma forte convicção de que a pessoa agiu mal, mas que isso foi necessário ou conveniente. Portanto, ela não sente culpa, mesmo sabendo que provocou um dano.
Nesse segundo caso, é comum a pessoa mostrar um controle excessivo sobre a expressão do seu rosto. O que ela quer é, precisamente, não revelar nada, por isso mantém os músculos tensos e tenta gesticular o mínimo possível. Não tira os olhos do outro e procura manter o controle sobre a situação.
Cobrir o rosto e dificuldade para falar
Isso não se aplica a todos os casos, mas outro dos gestos habituais da linguagem corporal da culpa é a tendência de cobrir a boca ou o rosto. Às vezes, a pessoa coloca a mão nos lábios ou em alguma parte do rosto. Ele não quer se delatar e, sem perceber, tenta se cobrir.
Da mesma forma, podem aparecer algumas dificuldades significativas na fala. A pessoa culpada limpa a voz com muita frequência ou gagueja um pouco. A tensão e o estresse para manter o seu papel deixam a boca seca, e é por isso que ela bebe água com frequência. Também poderá ter dificuldade para criar frases coerentes.
Por outro lado, vale destacar que nem todo mundo experimenta a culpa da mesma maneira. Alguns se sentem atormentados, enquanto outros procuram resolvê-la para que não os incomode. Há também a influência de fatores individuais e culturais. Por isso, a leitura desses gestos deve ser relativizada.
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- Pease, A., & Pease, B. (2010). El lenguaje del cuerpo: cómo interpretar a los demás a través de sus gestos. Editorial Amat.