O uso da linguagem para mudar a mente: a herança de Milton Erickson

Mudar a linguagem para mudar nossa perspectiva envolve reconhecer o mapa linguístico que estamos utilizando e modificá-lo.
O uso da linguagem para mudar a mente: a herança de Milton Erickson
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Escrito por Sonia Budner

Última atualização: 18 maio, 2023

Milton Erickson desenvolveu, entre outras ferramentas, estratégias terapêuticas que tinham como base o uso da linguagem para mudar a mente.

Talvez porque sua abordagem terapêutica fosse difícil de replicar por outros psiquiatras, Milton H. Erickson é considerado um gênio criativo. Esse psiquiatra e psicólogo norte-americano foi um pioneiro nas terapias de hipnose até o ponto de conquistar o status de lenda.

Várias escolas de hipnose Ericksoniana surgiram em todo o mundo. A terapia breve, a terapia centrada na solução, a terapia estratégica e a terapia familiar sistêmica foram influenciadas pelo trabalho de Milton Erickson, inspirando também os criadores da terapia estratégica da PNL (Programação Neurolinguística).

O verdadeiro legado de Milton Erickson

O modelo recebeu o nome de Modelo Milton em homenagem a esse renomado terapeuta. Os criadores da PNL estudaram o sistema utilizado pelo Dr. Erickson e atualizaram suas estratégias.

Atualmente, esse modelo é utilizado eficazmente em âmbitos terapêuticos e não terapêuticos. É um exemplo do uso estratégico da linguagem para mudar a mente.

Pessoas se comunicando

Os elementos característicos dessa abordagem são:

  • As nominalizações. São expressões substantivadas, normalmente derivadas de verbos. Por exemplo, a palavra “conhecimentos” (verbo conhecer). Cada pessoa personaliza o significado final do termo “conhecimentos” em referência às experiências pessoais.
  • O uso do “Não”. A expressão de negação não existe, como tal, nas imagens mentais, nos sons ou nas sensações. A negação existe apenas na linguagem falada ou escrita ou nas representações simbólicas, mas não nas imagens mentais. O exemplo mais conhecido é a frase “não pense em um elefante azul”. A mente não entende o “não” e só pensa em um elefante azul.
  • Sublinhado análogo. Instrumento de persuasão criado por Erickson, baseado na ideia de que apenas uma parte da nossa comunicação é consciente. O sublinhado análogo é aplicado dando ênfase a uma palavra que se quer manter no subconsciente do interlocutor. É realizado ao fazer uma pausa ou um gesto no momento que se pronuncia a palavra em questão, inclusive mudando o tom de voz.

O mapa da linguagem

Apesar de muitas vezes não sermos conscientes disso, na nossa comunicação – tanto com outras pessoas quanto com nós mesmos – a linguagem que utilizamos configura um mapa. Um mapa que afeta a nossa imaginação, os nossos pensamentos e as nossas emoções.

Ao mesmo tempo, esse mapa linguístico constituiria nosso filtro da realidade. Assim, mudar a linguagem para mudar a mente inclui – entre outros elementos – reconhecer esse mapa e mudá-lo.

É através desse mapa que são expressados o ambiente, as crenças, a identidade, os valores e os comportamentos próprios e alheios. Além disso,  com a linguagem temos um enorme poder de influenciar os outros e a nós mesmos. Podemos ter consciência do que falamos, mas não de como falamos.

A linguagem tira e dá poder

Os padrões linguísticos que cada um de nós adota são, em muitos casos, herdados do meio. São adotados sem crítica e repetidos sem reflexões mais profundas.

No entanto, ter consciência dos termos e da maneira que temos de usá-los dá uma perspectiva diferente à relação que mantemos com nós mesmos e com os demais.

Há um tipo de linguagem, interna e externa, que diminui o poder. Há vários tipos, mas o exemplo mais claro pode ser observado em frases como “Minha mãe me dá nos nervos”. Esse tipo de linguagem não apenas tira poder, mas também o coloca nas mãos de outra pessoa.

Para mudar nossos padrões de linguagem, o primeiro passo é conhecer como o utilizamos. A mesma frase dita de outra maneira, como “Fico nervoso(a) com a minha mãe”, embora aparentemente seja a mesma coisa, muda absolutamente tudo.

Nesse caso, é a própria pessoa que tem o poder de mudar ou modificar um fato desagradável, e inclusive prejudicial.

O poder da linguagem

Mudar a linguagem para mudar a mente

A terapia hipnótica através da linguagem utilizada por Milton Erickson, ou a PNL, seriam algumas das vias para nos tornarmos conscientes de como mudar esses padrões linguísticos com o objetivo de melhorar consideravelmente a percepção e as atitudes em muitos aspectos da vida.

Tornar-nos conscientes de como esses padrões linguísticos afetam as emoções, tanto positivas quanto negativas, segundo o paradigma iniciado por Milton Erickson, seria o primeiro passo para mudar a mente.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.