5 livros de Kant para apresentá-lo ao seu pensamento
Immanuel Kant foi um filósofo alemão do século XVIII. Seu pensamento tem sido muito influente na história da filosofia. Portanto, se você tem interesse em explorar suas reflexões e não sabe por onde começar, apresentamos aqui uma seleção de cinco livros de Kant que podem ajudá-lo a compreender seu pensamento.
As obras selecionadas neste artigo abordam os principais temas da filosofia kantiana e oferecem um panorama de seu pensamento. Esses tópicos abrangem sua teoria ética, sua teoria do entendimento, sua estética e sua concepção de educação.
O contexto histórico de Kant
Immanuel Kant nasceu em 1724 em Königsberg, uma cidade do Reino da Prússia. Como tal, viveu numa época de grandes mudanças históricas e culturais na Europa. Durante sua vida, o filósofo testemunhou eventos importantes como a Revolução Francesa ou o Iluminismo.
O Iluminismo foi justamente decisivo para o desenvolvimento do pensamento de Kant. Estamos falando de uma corrente de pensamento baseada no nosso lado mais racional.
Kant considerava a racionalidade, e por extensão a lógica, como o motor do progresso humano, bem como a libertação das amarras impostas pela servidão. Nesse sentido, intimamente associado ao conceito de razão, do homem pensante, estava o conceito de liberdade.
Por que o Iluminismo é importante no pensamento de Kant? Porque suas obras refletem o espírito de seu tempo. De tal forma que em sua ética se postula o fundamento da liberdade humana. Da mesma forma, em sua teoria do entendimento, ele se pergunta sobre as possibilidades de conhecimento da razão despojada de toda experiência empírica. E por fim, em sua concepção de educação destaca a importância do progresso humano como espécie.
Os 5 livros mais importantes de Kant
Os 5 livros selecionados abordam praticamente todos os temas fundamentais para entender a filosofia de Kant. Questões que poderíamos resolver respondendo a três perguntas: o que posso saber? O que devo fazer? O que posso esperar? Esses escritos foram tão importantes que foram objeto de estudo e discussão em desenvolvimentos filosóficos posteriores. Quais são esses livros?
- Observações sobre o sentimento do belo e do sublime (1764).
- Crítica da Razão Pura (1781).
- Fundamentos da Metafísica dos Costumes (1785).
- Crítica do Juízo (1790).
- Sobre a Pedagogia (1803).
Observações sobre o sentimento do belo e do sublime
Este título é um ensaio filosófico escrito pelo filósofo alemão Immanuel Kant em 1764. Neste livro, Kant reflete sobre os conceitos estéticos do belo e do sublime, e como estes influenciam nossa percepção do mundo.
Segundo Kant, algo belo é algo que causa uma sensação agradável no observador. Está relacionado a sentimentos de alegria, encantamento e amor. Enquanto o sublime se refere ao que causa sentimento de grandeza, admiração e respeito. Está relacionado com a natureza e o imensurável.
Da mesma forma, Kant considera que os sentimentos do belo e do sublime são propriedade do ser humano e não atributos dos objetos. Ou seja, as coisas do mundo não são belas nem sublimes, mas esses adjetivos vêm de nossa capacidade sensível.
Portanto, este livro serve para realizar uma reflexão filosófica sobre nossos sentimentos de gostar ou não gostar. Ou seja, por que algo nos causa tais sentimentos? É por causa da nossa sensibilidade, entendida como uma capacidade humana universal. Além disso, nos permite entender que os objetos não são belos em si mesmos ou sublimes, mas que colocamos esses adjetivos às coisas do mundo.
Crítica da Razão Pura
Publicado em 1781, é considerado a peça fundamental onde se desenvolve o pensamento filosófico de Immanuel Kant. Expõe os fundamentos do pensamento, as fontes da consciência e as leis que regem o mundo sensível, ou seja, o mundo em que vivemos.
A questão do que uma pessoa precisa para se tornar um sujeito de conhecimento é abordada, focando a atenção no ente que conhece, e não no ente potencialmente conhecido. Falamos do chamado método transcendental.
Assim, neste livro, Kant passa a fazer uma análise crítica da razão para investigar se ela pode atingir o conhecimento estritamente racional. E isso baseado na própria razão, e não na experiência sensorial.
Quando nos referimos a uma análise crítica, não é no sentido de opinar ou fazer juízos de valor, mas de estabelecer os limites da razão; isto é, Kant examina a possibilidade e os limites dessa faculdade de conhecer. Assim, o filósofo passa a fazer uma abstração das capacidades de sentir e de querer, temas que aprofunda em outros livros.
Em suma, este livro ecoa um paradoxo que talvez todos nós já tenhamos enfrentado em algum momento. E é essa razão que faz perguntas das quais não pode escapar, mas também não pode responder. Porque as suas questões nascem daquilo que conhecemos no quotidiano: Deus, a alma e o mundo.
Fundamentos da Metafísica dos Costumes
Kant publicou este livro em 1785 e nele lança as bases de sua ética. Escrito em uma linguagem mais gentil para o leitor, antecede sua outra grande obra sobre ética: Crítica da Razão Prática.
O objetivo deste livro é descobrir e expor o princípio fundamental da moralidade e criticar sua possibilidade. Nesse sentido, falamos das leis da liberdade que devem determinar a vontade ou a conduta do homem. Ou seja, o ser humano deve basear sua própria liberdade na razão.
Trata-se de leis segundo as quais tudo deve acontecer. É o famoso conceito de imperativo categórico, entendido como o fundamento do dever. Assim, antes de qualquer comportamento que o sujeito humano possa ter, ele deve se perguntar se ele pode ser universalmente válido. Por exemplo, não poderíamos imaginar um mundo onde a mentira seja uma regra, porque criá-la em um sentido universal não é desejável e pode até ser prejudicial.
Kant, mais uma vez, privilegia a razão sobre a vontade do ser humano, pois sustenta que esta é afetada por inclinações ou sentimentos. Eles o impedem de levar uma vida de acordo com o entendimento e, portanto, com a liberdade.
Crítica do Juízo
Immanuel Kant publicou este livro em 1790 e constituiu sua grande obra sobre estética. Nela, ele questiona a possibilidade de que as pessoas possam ter julgamentos estéticos objetivos. Isto é, se é possível fazer afirmações sobre a beleza e a feiura das coisas que não sejam baseadas no gosto pessoal.
Nesse sentido, trata-se de gosto e beleza entendidos de forma universal e não de forma individual ou particular. Por isso, o juízo estético requer um fundamento a priori, ou seja, sustentado unicamente pela razão, sem qualquer elemento sensível.
Por essa razão, Kant sustenta que não existem objetos belos, mas sentimentos de prazer despertados pela representação da imaginação. Nesse sentido, trata-se de uma capacidade de compreensão e não da beleza das coisas, como afirma seu livro Observações sobre o sentimento do belo e do sublime.
Agora temos outra forma de conceber a beleza e o belo, partindo de um sentido universal e não de um particular. E o mais importante de tudo, podemos dizer que não existem coisas belas, mas que nós, como seres humanos com capacidade de raciocínio, acrescentamos beleza às coisas.
Sobre a Pedagogia
Este livro foi publicado em 1803 e é o resultado das aulas de pedagogia que Kant ministrou como professor universitário. Em edições posteriores, argumenta-se que seu aluno Friedrich Theodor Rink foi o encarregado de reunir as notas que posteriormente foram aprovadas pelo filósofo.
Por que escolhemos esse livro? Nele, grande parte das reflexões de Kant são sintetizadas. A ideia de progresso humano, sua ética baseada na razão e sua teoria do entendimento, tudo isso aplicado à educação.
Nesse sentido, para Kant é por meio da educação que o gênero humano pode manifestar todas as potencialidades que a natureza lhe dispôs. Argumenta que a natureza humana se desenvolve cada vez melhor por meio da instrução e conduz o ser humano ao seu verdadeiro destino. Qual é? O progresso indefinido da espécie humana.
Em relação à sua ética fundada na razão, Kant sustenta que a educação deve ser essa bússola e, ao mesmo tempo, esse caminho que nos faz evoluir. Por isso, a disciplina na instrução é importante para ele, pois é por meio dela que o indivíduo se submete às leis da humanidade.
Finalmente, Kant acredita que a educação deve desenvolver a autonomia do julgamento. Ou seja, deve ser capaz de gerar alunos que pensem por si mesmos e não repitam pensamentos prontos. Aqui, sua teoria do entendimento é posta em prática por meio da instrução.
Em suma, os livros de Kant apresentados neste artigo são excelentes introduções ao pensamento de um dos filósofos mais influentes da história. Desde sua teoria ética até sua teoria do entendimento e da estética, esses livros abordam diferentes aspectos de seu pensamento e permitem que você conheça suas principais ideias e argumentos. Esperamos que este artigo tenha sido útil para você mergulhar no pensamento kantiano e que esses livros o inspirem a continuar explorando sua obra e legado.
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- Chapouthier, Georges (2011). Kant y el Chimpancé. Proteus.
- Kant, Immanuel (1803). Pedagogía. Titivillus. https://www.academia.edu/60064965/Immanuel_Kant_Pedagogía.