Você sabe o que é aprendizagem intuitiva?
A aprendizagem intuitiva complementa a aprendizagem racional. Na verdade, poderíamos dizer que boa parte do que fazemos e integramos no dia a dia se baseia nessa intuição instintiva que nos permite associar estímulos, deduzir eventos e até resolver problemas. Esse processo cognitivo, que não está sujeito a mecanismos lógicos ou indutivos, também nos define a todos.
De fato, nossos ancestrais governavam suas vidas diárias por meio dessa abordagem de aprendizado. Em um ambiente selvagem e desafiador, tivemos que desenvolver mecanismos inovadores de sobrevivência. A percepção, o instinto e a busca constante por estratégias para caçar, defender e se adaptar a todos os tipos de ambientes foram suficientes.
Nossos filhos também são frequentemente guiados por essa abordagem. Quando você ainda não tem uma grande bagagem de experiências anteriores, você age, reage e também aprende intuitivamente. Também através do esquema clássico de tentativa-erro.
Seja como for, não podemos subestimar o grande valor do nosso subconsciente e daquele conhecimento que não segue um caminho racional para sua construção e formulação…
“A mente intuitiva é um dom sagrado e a mente racional é um servo fiel. Criamos uma sociedade que honra o servo e esqueceu o presente.”
-Albert Einstein-
Características da aprendizagem intuitiva
Resoluções intuitivas podem, a qualquer momento, nos salvar de mais de um problema pessoal ou encruzilhada. Acontece quando não sabemos muito bem como agir porque não temos experiência anterior de algo. É então que agimos movidos por um palpite, por uma mola quase instintiva que nos permite moldar uma resposta ou uma decisão específica.
A aprendizagem intuitiva define a capacidade de compreender algo de repente sem a necessidade de raciocínio analítico ou lógico consciente. Longe de ver esse mecanismo como sobrenatural, não confiável ou científico, na verdade ele tem um grande valor. Há momentos em que, em circunstâncias de incerteza ou falta de informação, somos obrigados a agir de forma rápida e imediata.
O conhecimento intuitivo torna mais fácil para nós fazer uso desse insight com o qual nos atrapalhamos em momentos de complexidade, pressão e imediatismo. Além disso, esse tipo de raciocínio sempre complementa o aprendizado racional. As pessoas fazem uso de um ou de outro com frequência, e por isso não é menos válido fazer uso dos palpites clássicos…
A aprendizagem intuitiva começa a partir de nossos sentidos e percepções e sua conexão com o subconsciente, onde está o baú de nossas experiências e personalidade.
A sensação sutil de saber algo, sem “saber o porquê”
O Museu J. Paul Getty, em Los Angeles, decidiu, no final do século 20, adquirir uma grande estátua de kuros. Era a figura de um jovem da Grécia Antiga. Essa compra envolveria um desembolso de vários milhões de dólares, por isso, antes de prosseguir com a transação, eles enviaram um grupo de especialistas para realizar uma inspeção completa.
Os especialistas concluíram que o belo kuros era autêntico. Agora, o curador do museu por acaso viu a obra de arte e teve um palpite de que era falsa. Mesmo não sendo um especialista em obras gregas antigas, ele tinha uma forte sensação de que era uma cópia. E, de fato, após uma nova análise, chegou-se a essa conclusão. Como ele sabia?
A aprendizagem intuitiva chega a conclusões repentinas sem conhecer as relações ou variáveis anteriores que levaram a essa resolução. No entanto, sim, nossas intuições são sustentadas por nossas experiências, nossa personalidade e o registro da vida armazenado no subconsciente.
Aprendizagem intuitiva, entendimentos rápidos e não muito lógicos
Malcolm Gladwell, jornalista e renomado autor de vários livros sobre inteligência, lembra que há tanto valor na aprendizagem racional que leva meses para se estabelecer uma resposta, quanto na aprendizagem intuitiva, surge em dois segundos. E isso acontece por um motivo: ambas estão relacionadas.
Porque mesmo agindo por palpites diante de um desafio, todos nós temos uma experiência anterior que nos permite agir de uma forma ou de outra. Uma pesquisa da Universidade de Tübingen indica algo importante. A intuição, assim como a tomada de decisão intuitiva, sempre parte de nossas experiências anteriores.
Mas há uma ressalva, toda conclusão é produto do subconsciente e não está sujeita a nenhum tipo de análise lógica ou analítica. É uma reação rápida, impulsiva e criativa. Devemos lembrar que o cérebro subconsciente armazena lições e descobertas de nossas experiências passadas.
Quando aprendemos algo rapidamente, fazemos isso recuperando experiências semelhantes e padrões de pensamento desse baú.
As crianças desenvolvem a intuição aos 6 anos
Um estudo de 1976 já aprofundou no tema da aprendizagem intuitiva. Algo que estava avançado nessa época e que podemos ver hoje é que as crianças apresentam pensamentos intuitivos a partir dos 6 anos de idade. Nessa etapa descrita por Piaget como de operações concretas, os pequenos já apresentam um raciocínio mais organizado e lógico.
Esse é o prelúdio ideal para o surgimento da intuição. Já possuem uma certa experiência de vida, que somada a uma abordagem um pouco mais analítica, permite mesclar instantes de aprendizagem intuitiva com aprendizagem racional. No entanto, em toda essa faixa etária, outra vantagem é adicionada: uma mente altamente criativa.
Isso significa que entre os 6 e os 11 anos eles se relacionam e exploram seu ambiente por meio de uma abordagem mental inovadora e intuitiva. Aprender, decidir e criar por meio desse sexto sentido é algo que também será imensamente útil para elas ao longo de suas vidas.
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