Luz, câmera, ação!
Conversava com a minha psicóloga, a quem fui ver apenas para “me localizar”, pois simplesmente sentia que não me encaixava em nada. Estava cansada de permanecer estática, enquanto tudo ao meu redor fluía normalmente. Suas palavras fizeram todo o sentido para mim, então tudo mudou. “Você age como se vivesse numa peça de teatro”, ela me disse.
Para uma pessoa como eu, que sempre tenta fazer as coisas da melhor e mais coerente forma, o que ela disse me chocou. No entanto, estava disposta a escutar seu argumento e a começar minha introspecção.
Viver atuando
Me dei conta de que lido com pessoas com as quais não quero. Que andei saindo para lugares muito badalados com essas pessoas, usando a minha melhor disposição, escrava do sistema e de um círculo social. Rodeada de assuntos que não me interessavam nem um pouco e que se afastavam bastante da minha opinião e de meus ideais. Parentes a quem trato de uma forma especial, somente por terem uma melhor imagem.
Quem nunca odiou o amigo, o primo, ou o irmão de seu namorado? Quem nunca quis sair correndo da casa da sogra? Assistiu novelas, ou esportes, que você não gosta, só para satisfazer alguém? Foi ao aniversário daquela insuportável colega de trabalho? Inclusive, algumas vezes, não gostamos nem do nosso próprio namorado , mas continuamos com ele. Então fingimos. Começando pela perda de espontaneidade e autenticidade que, por sua vez, acaba com muitos momentos de prazer. Deixando de aproveitar os momentos que temos livre de nossas obrigações. Então, aí, a vida vai passando.
Se perder para se encontrar
Depois disso, comecei a fazer as coisas que gosto e a inventar algumas outras que ainda não tinha experimentado. Sair com as minhas amigas, com minhas irmãs, visitar minha avó, sair para correr, parar de me maquiar todo fim de semana, abrir um vinho em casa e colocar minha playlist favorita para tocar e… descansar! Isso tudo, sem dúvida, se refletiu até no meu humor… Minha pele está mais limpa, mais relaxada. O que as pessoas me diziam? “O que você fez?” (muitas outras pessoas disseram que eu estava perdida) e era justamente isso o que tinha acontecido: me perdi para me encontrar. Me esforcei em repassar contextos para, então, entender meus atos.
Antes eu não costumava dedicar um tempo para mim, deixava que as responsabilidades me sugassem, coisa que repercutia negativamente em minha saúde física e emocional. Estava sempre estressada, fatigada e com o pior dos cansaços… o mental. Até que me dei conta de que tudo era uma prova de que eu já não me amava. Em poucos dias, tirei um tempo para pensar sobre minhas decisões. Comecei pelas menores e deixei as mais complexas para frente. Se eu não gostava de algo, tratava de tirar de uma vez da minha vida. E sim, também comecei a agir assim no trabalho: se não estivesse de acordo com algo, eu dizia. Até a minha própria assertividade me surpreendeu, agora percebiam que eu estava ali e respeitavam as regras das quais que eu precisava, no meu tempo.
Comecei a ter controle sobre o meu corpo e sobre a minha mente e, neste caminho, me concentrei na luta interminável que mantinha com meus defeitos. Fiz as pazes com meus defeitos e, como percebi que muitos continuariam comigo, passei a conviver melhor com eles. Curei minhas feridas com amor… Com amor próprio! Comecei a ser menos perfeita e mais feliz. Deixei de me acomodar com o conhecido, com a rotina e com as crenças irracionais que herdei. O conforto, desde então, era meu pior inimigo e entendi que: para entender os corações alheios, antes é preciso entender o próprio coração.