A magia das primeiras vezes

A magia das primeiras vezes
Adriana Díez

Escrito e verificado por a psicóloga Adriana Díez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O que as primeiras vezes têm que todos nós tanto gostamos? O que terá de especial esse primeiro momento que todos desejamos? O que tem de mágico esse formigamento no estômago de não saber o que vai acontecer, de enfrentar algo novo? É a magia que escondem as primeiras vezes.

O primeiro emprego, o primeiro encontro, a primeira visita a uma nova cidade, a primeira vez que vemos um filme, todas essas situações implicam uma nova experiência que envolve uma incerteza e faz com que possa surgir o medo, a dúvida, mas também o desejo, a surpresa e as milhares de emoções que se acumulam e fazem nossas pernas bambearem enquanto nos impulsionam para a frente.

Quando nos confrontamos com algo pela primeira vez, geramos um plano mental, ficamos ansiosos para começar, imaginamos como vai ser, o que vai acontecer, o que vai nos trazer, e isso cria em nós um motor que nos impulsiona e nos motiva a mostrar aos outros a nossa melhor versão diante do novo.

As primeiras vezes escondem milhares de portas secretas, milhares de janelas que não conhecemos, mas as abrimos. Se superarmos o primeiro medo que nos protege, vencemos barreiras e descobrimos novos horizontes. As primeiras vezes estão cheias de magia, porque mesmo sem saber o que está por trás, seguimos com as nossas melhores ferramentas.

A expectativa das primeiras vezes

Aí está a magia, uma vez que sabemos o que acontecerá no trabalho ou quando conhecermos a pessoa com a qual vamos ficar ou inclusive quando sabemos como irá acontecer a reunião que temos hoje, perdemos parte da ilusão da primeira vez. Como afirmava Rafael Santandreu, se enfrentássemos as situações com a mente aberta das primeiras vezes, poderíamos descobrir algo novo todos os dias, com o mesmo entusiasmo, desejo e força de quando o fizemos pela primeira vez.

Amigos na piscina ao entardecer

Um exemplo da magia das primeiras vezes, como afirma este autor, pode ser visto, por exemplo, em estudantes que passaram uma temporada fazendo intercâmbio. Quando o ano começa, você se encontra diante de um monte de pessoas novas, uma nova cidade a descobrir, aventuras, tudo são boas expectativas de um ano que será ótimo. Por outro lado, à medida que os meses passam, uma parte do desconhecido se torna conhecido… e a viagem de volta aparece como uma realidade cada vez mais próxima no horizonte.

Deixando de lado a experiência que podemos ter em lugares em que estamos de passagem, a cidade em que vivemos todos os dias tem cantos que não conhecemos, existem milhares de atividades que nos aproximam de novas pessoas ou planos alternativos. Nesse sentido, se você consegue fazer as coisas com a magia das primeiras vezes e se confrontar com a ilusão de ter uma nova cidade para descobrir, o poder das primeiras vezes o aguardará todos os dias.

A ilusão das primeiras vezes não está nas situações, mas no entusiasmo e na atitude com que as enfrentamos. Nós construímos a magia, então por que não nos levantamos todos os dias e construímos a nossa primeira vez?

O que podemos obter de positivo das experiências anteriores?

Cada dia esconde a magia de não saber o que vai acontecer, mas se nós olharmos com os olhos para o que já sabemos, se já não damos ou esperamos o melhor de cada dia, não poderemos ver as maravilhas de um novo dia. Podemos saber como o dia vai começar, mas não como vai acabar.

Mulher acordando motivada pela manhã

As primeiras vezes também escondem nervosismos, medos, dúvidas. Talvez nas experiências posteriores tenhamos aprendido com isso, e iremos nos confrontar com novas emoções e novas ferramentas que farão com que essa incerteza que nos freia diminua e possamos continuar a melhorar.

Vamos planejar um dia com novas primeiras vezes: tiremos o lado positivo das segundas vezes, acreditemos na magia para viver com a ilusão de um “como se fosse a primeira vez” e façamos com a paixão de um “como se fosse a última”. Não permitamos que se perca o formigamento e o sorriso da incerteza que supõe a primeira vez, mesmo que seja a terceira, a quarta ou a décima.


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