A melhor rede social é uma mesa com as pessoas que amo

A melhor rede social é uma mesa com as pessoas que amo
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Tenho milhares de amigos nas redes sociais. Alguns deles com nomes que não posso pronunciar e que nunca vi pessoalmente. No entanto, me oferecem um Like toda vez que eu posto uma foto desta vida que eles sequer conhecem.

As relações sociais de hoje em dia são diferentes daquelas de nossos pais. Entretanto, nem por isso são piores. Digamos que contêm outra essência, outra forma de construir vínculos, às vezes tão fugazes, variáveis e que mudam com muita facilidade, como a água que contemos entre as mãos.

As redes sociais “inundam” o dia de muitas pessoas, chegando inclusive a um ponto no qual, se não twittarmos algo, ou publicarmos uma foto… é como se não existíssemos.

Entretanto, é possível que muitos de nós “não existamos” ou não “frequentemos” de modo tão intenso o espaço virtual das redes sociais mas, em troca, continuamos sendo importantes para aqueles que realmente são significativos para nós. Aquelas pessoas que, certamente, podem ser contadas com os dedos de uma mão. Eles dão o autêntico sentido a nossa vida e não precisam ver nossos “status” nas redes sociais para saber se estamos bem ou mal.

As redes sociais e o poder do “Like”

A companhia dos amigos é melhor que qualquer rede social

Todos nós somos muito conscientes dos grandes benefícios das redes sociais nos dias de hoje: são uma autêntica arma de poder. Toda notícia salta em poucos segundos a elas para obter uma aceitação ou uma rejeição. A reação é imediata e o mecanismo do “Like” ou o “compartilhar” são coisas infalíveis.

Com as redes sociais o mundo fica menor e tudo parece estar ao alcance das nossas mãos. Chamam-na de o quinto poder, aglutina consciências e estabelece interconexões entre pessoas, onde a atitude ou o ato de um só indivíduo pode chegar a influenciar outros milhares.

Algo assim não deixa de nos assombrar, e por quê não dizê-lo, de nos enriquecer, em especial das seguintes formas:

  • Nós, pessoas, nos vinculamos em redes sociais onde compartilhamos interesses afins.
  • Interagimos, aprendemos, conhecemos pessoas que, ao mesmo tempo, também compartilham dos mesmos interesses.
  • Muitas vezes podemos, inclusive, iniciar determinadas mudanças a nível de crescimento pessoal graças a estas motivações que, com frequência, recebemos em nossas redes sociais.

Não se trata, então, de renegar as novas tecnologias e de evitar a todo custo as redes sociais. É algo inevitável. Nos dias de hoje a sociedade está interconectada. É como um grande cérebro cheio de conexões e sinapses onde as novas tecnologias são extensões dos nós mesmos.

  • Trata-se de estabelecer prioridades.
  • Trata-se de não “depender”, de não chegar a um extremo de pensar que, se não publicarmos algo, deixamos de existir na vida real. De fato, assim como costuma-se dizer de brincadeira, “uma pessoa pode ir e voltar de um lugar sem ter que publicar isso”.
  • O poder do “Like” nunca deve ser uma necessidade de receber reforço positivo no dia a dia. Ninguém deveria ter que postar uma foto para saber se é ou não atrativo.
  • A aceitação de si mesmo nunca deveria depender da quantidade de “Likes” obtidos em um dia.

Uma mesa com as pessoas mais bonitas que conheço: a melhor rede social

A grande maioria de nós sabe claramente quem são estes pilares em nossas vidas. Aquelas pessoas que vão além das redes sociais (embora também façam parte delas). Nós apreciamos sua proximidade, o som de sua risada e o calor de seus abraços.

As pessoas mais importantes são as que se inscrevem nos detalhes cotidianos. São um olhar inquisitivo que adverte suas tristezas sem que seja preciso dizer uma palavra, sussurram um “eu te amo” quando você menos espera, sem precisar que ninguém mais saiba…

Poderíamos dizer que a melhor rede social é formada por não mais que cinco pessoas, aquelas pelas quais decidimos deixar o telefone de lado e assumimos uma grata conversa, até que a noite caia. Entretanto, especialistas indicam que, na atualidade, o maior risco de dependência absoluta pelas redes sociais está, sem dúvidas, nas gerações mais jovens:

  • São muitos os adolescentes que se caracterizam por uma baixa autoestima, se sentem “descartáveis” na própria sociedade, mas dependentes, por sua vez, desse reforço positivo que as redes sociais fingem ter, como o clássico “Like” ou “compartilhar”.
  • A falta de uma autêntica qualidade em suas próprias relações sociais gera uma necessidade básica de acumular seguidores e amigos em suas redes sociais.
  • Estas amizades são, no geral, vazias e muito efêmeras. Entretanto, a sensação de perda não dura muito tempo, porque a cada “amigo eliminado”, podem ser adicionados outros mais.
  • A adolescência deveria ser um momento onde as relações sociais marcam um antes e um depois. Deveriam ser pilares emocionais que ajudassem os adolescentes a crescer e amadurecer.

No entanto, hoje em dia, são muitos os adolescentes que geram uma espécie de “anomalia social”, onde são muito poucas as coisas que chegam a se consolidar, e onde não podem construir um verdadeiro compromisso com seus semelhantes.

A companhia dos amigos é melhor que qualquer rede social

É algo importante que, como pais ou educadores, nós deveríamos poder reorientar. As redes sociais são, sem dúvidas, uma arma de poder, mas existem outras propriedades que podem chegar a ser mais enriquecedoras.

Créditos das imagens: Maria Kalacheva


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.