Mentir para mim é outra forma de descobrir uma verdade

Mentir para mim é outra forma de descobrir uma verdade

Última atualização: 14 maio, 2016

Grito aos quatro ventos que eu quero honestidade e sinceridade acima de tudo. É o que eu peço para as pessoas que me rodeiam, e me sinto segura quando sei que estão me dizendo a verdade sobre qualquer assunto que eu apresentar, até mesmo os mais banais. Mentir para mim não serve de nada…

O que acontece é que, às vezes, é a mim que falta sinceridade ou, pelo menos, é assim que eu penso em um primeiro momento. O que eu tento explicar, em outras palavras, é que ter sido sincera comigo mesma quando na realidade não era foi muito mais difícil para mim do que engolir uma mentira alheia.

“Que ser valente não saia tão caro,
que ser covarde não valha a pena…”

-Joaquín Sabina-

Menti para mim mesma porque acreditei que seria mais fácil

Sempre tinha acreditado que as pessoas mentiam para mim por covardia, porque todos sabemos que ser sincero é muito mais complicado. Também sabemos que na hora de dizer não ou falar uma dura verdade, entram em jogo muitos fatores que podem ser escondidos com a mentira.

No entanto, a experiência me ensinou que mentir para os outros talvez possa ser um ato de covardia (entendendo que não se pode generalizar); mas, mentir para si mesmo é um ato que faz o medo escorrer por todos os poros do nosso corpo.

Mulher rodeada de folhas

Aquele que mente muitas vezes para si mesmo pode ter um problema de outra índole, mas quem mente para si mesmo em momentos pontuais provavelmente está ocultando uma verdade que lhe dá medo, e não sabe ou não quer saber. Neste tipo de situações, eu menti para mim mesma porque acreditei que seria mais fácil seguir em frente.

A verdade é do coração e não se pode contradizê-lo

Ou melhor: não se pode seguir em frente desta forma porque as mentiras, em qualquer caso, nos levam a becos sem saída, a decepções, a sofrimento e a rompimentos (com nós mesmos ou com os outros).

Na verdade, entendi que a minha cabeça podia ocultar o que quisesse e que ela podia seguir em frente por si só, mas nunca poderia avançar por inteiro. Ela não podia enganar o meu coração: ele não podia avançar se não prestassem atenção nele. Nada podia contradizê-lo e, ao mentir para mim mesma, só estava negando a sua verdade.

Percebi então que na luta entre o coração e a razão, quando se tratava de mim mesma, o coração sempre venceria: mentir para mim mesma me fez ver que eu não estava sendo sincera e que tinha que sê-lo. Talvez tenha percebido tarde demais, como costuma acontecer cada vez que nos sentimos meio perdidos, mas fazer isso me permitiu começar a ser feliz.

Olhe para você e olhe a verdade na cara

Para conseguir fazer isso, tive que me atrever a me olhar por dentro, superar todos os meus monstros e enfrentar o que não queria me ouvir dizer em voz alta. Deixei de mentir para mim mesma quando eu fantasiava demais com qualquer coisa, deixei de mentir para mim mesma quando me apaixonava e não queria, quando pensava que havia superado algo e na realidade não era assim…

Conforme eu ia crescendo, aprendi uma coisa que eu aplico e aconselho sempre que posso: que neste mundo tão cheio de nostalgias e cada vez mais frio, olhar para a nossa felicidade é uma exigência moral.

Pássaros voando ao redor de uma flor

Tenho que me permitir ser feliz sempre que eu puder, porque motivos para não ser feliz existem sempre. Tenho que gravar sempre que eu duvidar de algo que me traz bem-estar, se não faz mal a ninguém, não posso negá-lo nunca.

Tenho que me dar essa oportunidade sempre que for possível: mentir para mim é sempre uma opção que não leva a nada além de descobrir uma verdade. Já temos mentiras suficientes.


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