Mesmo sendo lindo, no final, as diferenças fazem diferença!
Quem já se arriscou a pedir a minha opinião sobre um relacionamento certamente me ouviu dizer: “Vocês têm os mesmos objetivos? Tem que tomar cuidado, porque mesmo sendo lindo, no final, as diferenças fazem diferença. Grava bem isso, AS DIFERENÇAS FAZEM DIFERENÇA”.
Atrevo-me a aconselhar, porque dando certo ou errado na minha vida, essa é uma máxima da qual não posso fugir. As diferenças pesam muito num relacionamento. Cometemos aquele erro fatal de enxergarmos logo de cara os problemas que podem causar um desgaste enorme na relação, mas insistimos agarrados na esperança de que algo pode mudar, ou pior, de que podemos mudar o outro ou a nós mesmos. Não podemos!
Podem ser as diferenças mais sutis ou as mais pesadas, se não forem bem administradas, elas corroem a relação, às vezes gradualmente, outras bruscamente, mas fato é que sim, eu creio, as diferenças fazem diferença.
Você quer estudar, o outro acha besteira. Ele gosta de viajar, você faz o tipo caseira. Você não fica sem janta, ela prefere lanchar. Você prefere acampar no meio do mato, ele prefere a praia. Você quer conhecer o mundo, ele quer o sossego de uma vida pacata e segura. Você curte um sertanejo, ele chama de sertanojo. Seus filmes são de terror, os dela, romance pastelão. Um quer filhos, o outro nem pensar. Você dorme cedo, ela é a da madrugada. Ela quer esticar o dia na cama, você tem uma rotina pra cumprir. Você mora no Oiapoque, ele no Chuí.
Vamos brincar de fazer uma lista? Melhor deixar pra lá, estou achando que de tão grande podemos ir para o Guinness Book! O fato é que um relacionamento que obviamente implica o envolvimento entre, no mínimo, duas pessoas, compreende a união entre pessoas com objetivos e interesses em comum, e eu preciso repetir: é aqui que as diferenças fazem diferença!
Talvez aqui você se lembre de quando dizem que “os opostos se atraem”, “o amor suporta tudo”, etc e tal. Eu lembro também. E concordo! E quando eu digo para as pessoas tomarem cuidado com as diferenças, é para que elas não entrem tão apaixonadas e com os olhos vendados em um relacionamento, a ponto de serem incapazes de enxergarem as diferenças para pelo menos saberem como irão administrá-las, se estiverem dispostas a encarar o desafio.
As diferenças podem sim representar um grande desafio no relacionamento. Não significa que tenhamos que desistir e buscar alguém com quem a convivência seja tão fácil quanto passar manteiga no pão quente. Claro, se você encontrar alguém assim, bingo! Mas se seu amor estiver com uma bandeirola na cabeça escrita “SOU MUITO DIFERENTE DE VOCÊ” e mesmo assim você quiser tentar, eu acho que tudo é possível. Só não será fácil.
Quando as diferenças fizerem diferença, vocês precisarão tomar decisões importantes. Vão ter que ceder. Não apenas de um lado! Sempre tem aquela pessoa mais paciente, tolerante e compreensiva no relacionamento, que vai se desdobrar para buscar a paz. Mas se ela for a única a ceder, se for a que cede com muito mais frequência, com o tempo rompem-se um a um os fiozinhos da corda que une vocês, até que um dia ela arrebenta. A cessão tem que vir das duas partes, uma vez de cada um, duas minha e uma sua, não interessa, mas os dois lados precisam enxergar que se dispuseram a amar alguém diferente e, consequentemente, precisarão ceder em suas vontades para equilibrarem a relação.
As diferenças vão aparecer e vocês precisarão ter MUITA EMPATIA. Colocar-se no lugar do outro, sentir como o outro, viver a vida e rotina dele, compreender porque para ele é difícil viver no seu mundo e vice-versa, se dispor a entender como a mente e o coração dele funcionam e, sempre, conversarem sobre como se sentem. O silêncio nos impede de dizer besteiras, mas silêncio demais cria besteiras na mente e no coração.
Respeito. Parto do princípio de que, embora existam diferenças, se as pessoas escolhem se relacionar, existem também semelhanças, objetivos comuns. Um fator determinante no sucesso da relação é os dois caminharem na mesma direção. Portanto, se duas pessoas se amam e querem chegar ao mesmo lugar (juntas), o respeito será fundamental quando as diferenças surgirem. Não importa se você não agiria daquela maneira, se pensa diferente, se sente diferente. Respeite. Coloque sua maneira de ver as coisas (com amor e respeito) sem se impor na vida da outra pessoa.
Quando pesarem as diferenças, pergunte-se: Por que eu amo essa pessoa? Por que vale a pena suportar as dificuldades que nossas diferenças oferecem para nossas vidas? Que semelhanças temos, o que me faz querer dividir a vida com essa pessoa?
Eu já li muitas vezes que um relacionamento tem que ser leve e bom. Quem vai discordar? Mas o que vejo são relacionamentos problemáticos. Conheço pouquíssimas pessoas (na verdade acho que não conheço ninguém, rs) que possam dizer que têm o tal relacionamento dos sonhos, a manteiga no pão quente. Por isso eu acho que o índice de relacionamentos que chegam ao fim é tão grande, porque buscamos o leve e fácil e não nos preparamos para as diferenças.
As diferenças fazem diferença, sim senhores! E se você não estiver de coração, mente e olhos abertos, disposto a ceder, não tiver empatia, respeito e for bem resolvido dentro de si sobre as razões para querer essa pessoa, o relacionamento pode se tornar muito difícil, cansativo e fatalmente, terminar.
No entanto, para aqueles corações e almas dispostas, sempre haverá uma luz para conduzir as coisas de maneira que as duas partes consigam lidar com seus desafios. Porque há de imperar o sentimento e a vontade de estarem juntos. Minha bisa sempre dizia que a gente precisa comer um saco de sal junto com a outra pessoa para saber como é aguentar firme. Se você quer entender essa analogia, pega uma colher das de chá, cheia de sal e come. Potencialize isso para um saco e coma com seu (sua) parceiro (a). Se não tiver paciência, persistência e vocês não se apoiarem…
Mas se você quer, se esse é o amor para a sua vida, se a vida é difícil com essa pessoa tão diferente de você, mas muito pior quando ela não está… Ceda, respeite, coloque-se do outro lado, relembre os motivos que tem para amar essa pessoa e aprenda a amar as diferenças.
E não pense que será fácil! Mas estou certa de que será gratificante e arrisco a dizer, um amor até mais forte do que os amores manteiga no pão quente, porque será um amor que terá aprendido a suportar as dificuldades e permanecer, quando muitos preferem partir.