A monogamia é um ideal, mais do que uma realidade?

A monogamia é um ideal, mais do que uma realidade?
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

A infidelidade é comum nas sociedades aparentemente monógamas. O mesmo pode ser dito da maioria dos animais. Existem poucas espécies que se mantêm fiéis, e a razão pela qual elas fazem isso está muito longe de ser romântica. Entender por que esta forma de relacionamento fracassa com tanta frequência pode nos dar informações sobre as nossas relações e nos ajudar a responder à pergunta: a monogamia é um ideal ou uma realidade?

Apesar dos mais de mil poemas, canções, livros, óperas, dramas, mitos e lendas que trataram do amor, poucos pesquisadores dedicaram um estudo merecido a ele.

No entanto, cientistas da Universidade de Cambridge conseguiram decifrar qual é o processo que leva os mamíferos a adotar uma monogamia social como estratégia de criação. Os mesmos cientistas descobriram que a monogamia sexual nos mamíferos parece ser, sim, mais um ideal do que uma realidade. Vamos falar mais a fundo sobre isso.

“A monogamia de muitos homens se baseia na preguiça; a de muitas mulheres, no hábito”.
– Victor Hugo –

Problemas no relacionamento

Fatores genéticos e psicológicos para entender se a monogamia é um ideal

A monogamia é um conceito que se refere a uma relação amorosa, na qual um homem, ou uma mulher, podem ter somente um único cônjuge. Na verdade, os seres humanos são uma das poucas espécies que praticam a monogamia. No entanto, como todos nós sabemos, na maioria das vezes ela não costuma funcionar muito bem.

Nem todas as pessoas são infiéis, mas de acordo com um estudo do professor Tim Spencer, estamos predispostos geneticamente à infidelidade. Na verdade, este é o fator mais importante relacionado ao tema: 40% das infidelidades são explicadas por fatores genéticos.

O estudo realizado por Spector, envolvendo 1.600 casais de gêmeos, demostra que a infidelidade se encontra sob uma considerável influência genética. Por isso, a conclusão lógica é de que este comportamento persiste porque é evolutivamente vantajoso.

Como fatores psicológicos que influenciam a fidelidade, podemos destacar a satisfação emocional, pessoal e sexual. Uma pessoa que gosta da rotina e da ordem estabelecida terá menos impulsos para sair dela, e isso, combinado com um elevado fluxo de neurotransmissores serotoninérgicos, faz com que a fidelidade seja a opção mais prazerosa. Ao contrário, as pessoas propensas à busca de sensações intensas, com níveis baixos de serotonina e de dopamina, são mais predispostas à infidelidade.

Um estudo realizado pelos professores Steven Gangestad, Randy Thornhill e Christine Garver, da Universidade do Novo México (E.U.A), demonstrou que as mulheres são sexualmente mais ativas poucos dias antes, durante, e depois do seu período de ovulação. Isso não seria um problema se esse interesse se manifestasse com o seu companheiro sentimental.

No entanto, os resultados mostram que as mulheres apresentam um maior interesse sexual e fantasias pelo restante dos homens, e não por seus parceiros, quando estão férteis.

“A fidelidade autêntica é decidida por aquele que a entrega, nunca por aquele que a recebe”.

Monogamia sexual vs. monogamia social

Segundo pesquisas recentes, nós, os mamíferos, somos predispostos a ser monógamos socialmente, mas nem tanto sexualmente. Como podemos ver em nossa sociedade, existem algumas exceções. Como já vimos antes, a monogamia depende de fatores psicológicos e genéticos.

A monogamia social se refere à prática de fingir ter apenas um companheiro sentimental e cometer infidelidades escondidas do relacionamento. Segundo alguns autores, trata-se da melhor estratégia reprodutiva para passar os nossos genes para a geração seguinte e criar os filhos.

Uma recente pesquisa do Journal of Couple and Relationship Therapy assegura que entre 45% e 55% das mulheres casadas são infiéis. Para a sexóloga Janis Springs, autora de After the Affair, a infidelidade atinge quase um terço dos casais.

Na média, as estatísticas de infidelidade indicam que 60% dos homens são infiéis, e que 40% das mulheres seguem esses mesmos passos.

O resultado é que, em 80% dos casamentos, pelo menos um dos membros tem uma aventura amorosa extraconjugal. Assim, parece que a monogamia sexual é, certamente, mais um ideal do que uma realidade. Pelo contrário, a monogamia social prevalece no estilo de criação da sociedade ocidental. E você, o que pensa sobre isso?

“A monogamia: indispensável ou necessária? O segundo é mais bonito, implica opção, não tem a feiura da norma”.


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