Biografia de Monsenhor Arnulfo Romero, um santo contemporâneo

Há muito tempo Monsenhor Arnulfo Romero é conhecido como "o santo da América". Ele foi declarado mártir e lhe foi atribuído o milagre de ter curado uma mulher chamada Cecilia Flores.
Biografia de Monsenhor Arnulfo Romero, um santo contemporâneo
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 04 agosto, 2020

Monsenhor Arnulfo Romero foi o primeiro salvadorenho e centro-americano a ser declarado santo pela Igreja Católica. Ele também foi o primeiro católico a ser consagrado como mártir após o Concílio Vaticano II. Ele não é honrado apenas pelos católicos, mas também pelos anglicanos, luteranos e inclusive pelos que não são crentes.

O Parlamento Britânico propôs o nome de Monsenhor Arnulfo Romero para o Prêmio Nobel da Paz em 1979. No entanto, o prêmio daquele ano foi para Madre Teresa de Calcutá. O padre foi canonizado em 2018 pelo Papa Francisco.

“Não é a vontade de Deus que alguns tenham tudo e outros não tenham nada. A vontade de Deus é que todos os seus filhos sejam felizes”.
– Arnulfo Romero-

Monsenhor Arnulfo Romero foi uma lenda em vida, e continua sendo assim após a sua morte. Ele se destacou pela sua bondade e coragemDefendeu fortemente os direitos humanos e denunciou aqueles que os ignoraram, nomeando-os diretamente do púlpito. Seu assassinato, durante uma missa de domingo, é considerado um dos gatilhos da fase mais sangrenta da Guerra Civil em El Salvador.

Pomba simbolizando a liberdade

Monsenhor Arnulfo Romero: uma vocação precoce

Monsenhor Arnulfo Romero nasceu em Ciudad Barrios, Departamento de San Miguel, em El Salvador, em 15 de agosto de 1917. Ele veio de uma família muito humilde ; seu pai era operador de telégrafo e sua mãe empregada doméstica. Seus amigos de infância afirmam que sua devoção religiosa começou quando ele era muito jovem; ele sempre começava o dia entrando na capela para orar pela sua família.

Quando ele terminou a escola primária, se tornou carpinteiro e músico. Quando ele tinha apenas 13 anos, falou com um padre e manifestou interesse em entrar para o seminário. A falta de recursos da sua família era um obstáculo, mas graças à colaboração da Comunidade Claretiana, ele logo conseguiu realizar o seu sonho.

Embora tenha tido grandes dificuldades para continuar no seminário devido à pobreza de sua família, ele se destacou pelo seu comprometimento e inteligência. Como resultado, foi selecionado para viajar para Roma e continuar seus estudos por lá. Na Itália, teve como professor quem mais tarde se tornaria o papa Paulo VI.

Uma vida cheia de altos e baixos

Há um episódio pouco conhecido da vida de Monsenhor Arnulfo Romero que ocorreu durante a viagem de volta à sua terra natal. Ele deixou a Espanha em um barco chamado Marqués de Comillas. Era 1943 e a Europa estava em meio a Segunda Guerra Mundial.

Quando o navio fez uma escala em Cuba, o padre foi preso e levado para um “campo de concentração”. As pessoas não acreditavam nele, porque ele vinha da Itália de Mussolini e da Espanha de Franco. Ele permaneceu em cativeiro por 127 dias, até que os locais se convencessem de que ele não era um espião do Eixo Alemão.

Em 1944 ele finalmente retornou a El Salvador, depois de uma estadia no México. Já em sua terra natal, ele se dedicou fervorosamente a trabalhar pelos mais vulneráveisEle também empreendeu uma bem-sucedida carreira eclesiástica, que o levou a se tornar arcebispo de San Salvador em 3 de fevereiro de 1977. Até então, seu país já estava experimentando uma grande tensão política interna.

Pessoas se apoiando

Um mártir da América Latina

Muitos pensam que Monsenhor Arnulfo Romero era conservador quando se tratava de religião. No entanto, ele também era um católico verdadeiramente comprometido, que não se deixava calar diante das injustiças que estavam sendo cometidas em seu país. Por esse motivo, ele transformou seu púlpito em uma plataforma na qual denunciava violações dos direitos humanos.

Durante esse período, muitos religiosos foram assassinados em El Salvador, e quase sempre pela mesma razão: posicionar-se ao lado dos mais pobres. Os assassinatos permaneceram em total impunidade, mas Romero, de sua igreja, denunciou repetidas vezes o que estava acontecendo. Ele teve uma audiência com o papa Paulo VI para denunciar a situação e recebeu o apoio do Sumo Pontífice.

No entanto, mais tarde, ele recorreu ao novo papa, João Paulo II, que se recusou a ouvi-lo. No Vaticano, havia rumores de que Romero era um padre revolucionário, por isso sua presença não era bem-vinda. Inclusive, o Papa chegou a questionar as suas alegações.

Após esse episódio, Monsenhor Romero retornou a El Salvador completamente desanimado. Em 24 de março de 1980, enquanto rezava uma missa em sua paróquia, vários homens armados atiraram nele.

O evento chocou o país e é considerado o início de uma Guerra Civil que deixou mais de 75.000 mortos e cerca de 7.000 desaparecidos. Hoje, Monsenhor Arnulfo Romero é uma das grandes lendas da América Latina.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • SALCEDO, J. E. (2000). El martirio de monseñor Oscar Arnulfo Romero. Theologica Xaveriana, (133), 115-118.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.