Não viva para trabalhar, trabalhe para viver

Não viva para trabalhar, trabalhe para viver

Última atualização: 19 julho, 2016

Existe um mito muito difundido segundo o qual “trabalhar mais cada dia contribui para forjar um melhor futuro profissional”. É um mito porque embora ter eventualmente longas jornadas profissionais possa contribuir para melhorar os ganhos, com o tempo a única coisa que o excesso de trabalho faz é desenvolver uma fadiga profissional e um rendimento menor nas tarefas.

Trabalhar duro é visto por muitas pessoas como o caminho para o sucesso. Em parte elas têm razão: existem poucas possibilidades de triunfar realmente se não for a partir de um esforço contínuo. Elas se enganam, contudo, no fato de que o trabalho duro não é necessariamente “super-ocupação”. De fato, está comprovado que o excesso de trabalho leva a resultados mais pobres.

“Uma máquina pode fazer o trabalho de 50 homens comuns. Mas não existe nenhuma máquina que possa fazer o trabalho de um homem extraordinário.”

-Elbert Hubbard-

O mais grave é que muitos descobrem estas grandes verdades quando já é tarde. Quando já adoeceram de estresse ou de qualquer outra patologia mental. Esta descoberta também acontece quando as pessoas percebem que pelo seu grau de exigência perderam momentos que já não poderão recuperar e aos quais nunca teriam renunciado racionalmente.

Encaram um divórcio pelo afastamento emocional dos seus cônjuges, ou percebem que seus filhos já são maiores e jamais compartilharam uma tarde de brincadeiras com eles. Acordam um dia e, ao abrir os olhos, são invadidos por uma profunda tristeza, uma dor que, por outro lado, o dinheiro ou o reconhecimento social dificilmente consolam.

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Os efeitos de trabalhar em excesso

Quase todo mundo acha que deveria trabalhar o máximo quando é jovem, com o fim de garantir uma aposentadoria confortável. Contudo, logo percebem que depois de oito horas diárias dedicadas a uma atividade, a mente começa a divagar e a se dispersar. Dá muito trabalho se concentrar no que está fazendo e, às vezes, ter também um sono reparador.

Com o tempo, esses sintomas se transformam em um desânimo geral. Você se sente triste o tempo todo, com angústia de tentar cumprir totalmente com todas as suas obrigações e com sentimento de culpa por não conseguir que tudo seja perfeito.

É então quando você se torna irritadiço. Tudo, ou quase tudo, incomoda. Então, você justifica o seu mal-humor dizendo para si mesmo e para os outros que você é uma pessoa séria, que suas metas são muito altas e que você não pode passar o resto da vida sorrindo para tudo. “Para isso existem os perdedores idealistas”, você adiciona.

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Você sente que logo haverá tempo para a sua vida pessoal. A oportunidade está aqui e agora e você não pode deixá-la passar. Claro que você tem que fazer alguns sacrifícios, mas em função dos seus objetivos, vale a pena. Sem perceber, você está se transformando em uma peça dentro de uma engrenagem da produção e está trocando a sua saúde e a sua felicidade por dinheiro. Um dinheiro que você pensa em aproveitar quando já não tiver mais juventude para fazê-lo.

Não viva somente para trabalhar

Segundo uma pesquisa de Bannai e Tamakoshi, o excesso de trabalho está na base de quase todos os problemas de sono e das doenças coronárias. Também descobriu-se que aqueles que trabalham demais costumam se transformar em consumidores de álcool com mais facilidade, desenvolvem diabetes tipo 2 mais frequentemente e têm maior risco de sofrer da Síndrome de Burnout.

O excesso de trabalho não traz nada de bom, exceto algum dinheiro extra no fim do mês que, de qualquer forma, não é suficiente para pagar o que você está causando à sua saúde física e emocional.

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A única saída para se afastar desse círculo carcerário é a mais óbvia: trabalhar menos. O limite de oito horas diárias, cinco dias na semana, está ok, embora existam trabalhos que peçam uma jornada menor. Se o desgaste físico, mental ou emocional é muito elevado, vale a pena considerar 6 horas como o limite indicado.

Obviamente sabemos que isto não é fácil e que no caminho da mudança podem aparecer duas grandes barreiras. Primeiro: muitos chefes não vão querer que a pessoa trabalhe menos. E segundo que você precisa se persuadir a si mesmo de que trabalhar menos não é sinal de fraqueza e sim de inteligência.

Você pode driblar o primeiro problema organizando o seu trabalho de tal forma que cumpra com a sua jornada dedicando o número de horas indicado para trabalhos difíceis e deixando as outras para as atividades simples. Quanto à segunda, depende unicamente de você.

Três chaves para não trabalhar em excesso

Para evitar que o trabalho se transforme em uma atividade sem fim, que consuma os melhores momentos da sua vida e estrague a sua saúde, estas são três ideias que você pode aplicar:

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  • É melhor economizar mais e trabalhar menos. Na maioria das vezes, quanto mais se ganha, mais se gasta. Por isso o dinheiro nunca alcança. Se, pelo contrário, você decide fomentar o hábito da economia contínua e consistente, poderá se surpreender com os resultados. Talvez você precise aprender a postergar o gosto de gastar e planejar melhor a sua economia.
  • Ouça o seu corpo. Nenhuma doença se apresenta de forma súbita; ela vai sendo cozinhada pouco a pouco e lança diversos avisos antes de aparecer. Não seja insensível ao que o seu organismo lhe diz. Reconheça os sinais de fadiga e preste atenção a eles.
  • Reconheça e aceite os seus limites. A maturidade começa quando você é capaz de reconhecer os limites da realidade, começando pelos seus próprios limites. Talvez você queira triunfar mais do que ninguém, mas você não pode fazer isso em troca da sua saúde e do seu bem-estar. De fato, se você se dedicar com alegria ao que você faz, se você colocar um “até aqui” à sua jornada profissional, terá maiores probabilidades de alcançar a excelência naquilo que faz. O dinheiro, mesmo que demore um pouco mais, provavelmente virá depois.
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