O nascimento do nosso ego

O nascimento do nosso ego
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 28 março, 2018

O nascimento do ego é explicado através dos processos de maturação e aprendizagem, a partir da aquisição de nossas habilidades sensório-motoras. Esse nascimento e crescimento, esse do nosso ego, é muito importante porque é o centro do aparelho psíquico, o núcleo de nossos desejos, atividades e inibições.

Após o nascimento do ego, ele começa a se relacionar com os objetos. Primeiro são objetos externos, mas sentidos como se fossem próprios pela criança. Pouco a pouco vão sendo feitas internalizações e vão se formando as estruturas psíquicas que coexistem com o ego.

O progresso do nascimento do ego

Quando a criança nasce, ela não se distingue do mundo e realiza as primeiras introjeções em que não diferencia a imagem do objeto e a imagem de si mesma. Graças à nossa matriz afetiva, começamos a diferenciar e discriminar os limites do ego (do nosso eu).

Entre o primeiro e o segundo ano de vida, as habilidades cognitivas da criança aumentam e ela começa a reconhecer os papéis nas interações pessoaisPouco a pouco a identificação começa, discriminando o sujeito e o objeto.

Finalmente, a identidade do ego é um produto da função sintética, onde os objetos estão vinculados e integrados de forma coerente. É o nível mais alto da estrutura do ego, que em parte ocorre devido à interação entre si mesmo e os objetos.

O nascimento do ego

O estágio do espelho como treinador do ego

Um momento muito importante do nascimento do ego ocorre entre os seis e os dezoito meses de vida. Nesta fase, a criança experimenta a tentativa de se reconhecer no espelho, ela se interessa por essa imagem e lhe dá um certo prazer brincar com essa sensação.

O espelho é uma metáfora que se refere ao ser humano que está ao redor. Ser capaz de reconhecer o corpo real e o espaço imaginário é um sinal de bom desenvolvimento humano, sem fragmentação do ego. Um pai ou mãe que não cuida de seu bebê ou que lhe faz mal sustenta sua imagem, mas ao mesmo tempo pode estar provocando uma fragmentação que pode levar a processos psicóticos.

Nessas idades, um bebê não se apega a qualquer um e, quando acontece, ele às vezes pode ficar angustiado, pois a imagem que vê não reflete o que ele espera. Por exemplo, quando o bebê vê a mãe em vez de ver um estranho. A criança não reconhece a mãe com seis meses, mas se reconhece através dela.

O nascimento de nosso eu coeso é construído a partir de uma relação estável com os objetos, com base nas experiências de satisfação que têm sido experimentadas em vários momentos. Ou seja, a criança vai se fundindo com a imagem que ela vê de si mesma (alienação original).

A individuação

O processo pelo qual uma pessoa se torna ela mesma, na totalidade, é chamado de individuação. Quando este processo é concluído, o inconsciente e o consciente integram o “eu” em uma personalidade mais ampla.

É um processo de unificação, purificação e descoberta do próprio ser. A realização se manifesta quando as imagens arquetípicas do ego aparecem.

As 3 funções do ego

O corpo e a mente estão unidos e fundidos, e ambos interagem e se influenciam. Nosso “eu”, isto é, a união corpo-mente, cumpre três funções principais:

  • Controle: o ego tem função de controle e regulação de impulsos instintivos. Através de sinais tentativos ou de inibição, ele estabelece defesas contra possíveis estímulos ameaçadores.
  • Adaptação: o nosso ego está relacionado à realidade externa e interna, tentando se adaptar a ela.
  • Integração: refere-se à capacidade do ego de integrar os diferentes aspectos de nossa vida.

Para alcançar uma melhor adaptação à realidade, o nosso ego tem a capacidade de nos defender contra o fluxo excessivo de energia instintiva. Em suma, o ego parece autônomo, como se fosse uma síntese de funções.

Mulher andando em trilho de trem

A autonomia do ego

Nosso “ego” é formado por duas estruturas. A estrutura primária do ego é uma esfera do ego livre de conflito com o “id” (sede dos impulsos). Mais tarde, foi chamada de “funções autônomas primárias do ego” que correspondem à memória, ao pensamento e à linguagem. Essas funções não surgem como defesas contra os impulsos (id).

A energia removida do “id” (impulsos) é neutralizada graças à transformação das energias libidinais instintivas e agressivas em energias não instintivas. Hartmann chamou de “autonomia primária” o desenvolvimento autônomo do ego que não surge da luta contra impulsos e desejos.

Por outro lado, a estrutura secundária do ego  ou as funções  secundárias do ego  surgem quando a função muda. Esta mudança inclui a passagem de uma estrutura do ego em conflito contra o impulso, a realidade ou a moral para uma esfera sem conflitos.

Junto com outros autores, foram Freud  com a psicologia do id, Hartmann com a psicologia do ego e Kohut com a psicologia do self, os maiores expoentes na colocação do “ego” no centro do universo psicológico. A partir dos diferentes pontos de vista psicanalíticos, podemos entender melhor como ocorre o nascimento do ego.


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