Neurogaming: jogar com o cérebro

O neurogaming será a próxima revolução do entretenimento eletrônico, e ainda ajudará no diagnóstico e tratamento de alguns transtornos psicológicos, como o estresse pós-traumático e o déficit de atenção.
Neurogaming: jogar com o cérebro
Guillermo Bisbal

Escrito e verificado por o antropólogo Guillermo Bisbal.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

O neurogaming é uma nova forma de jogar videogames que implica o uso de ondas cerebrais para acionar comandos dentro do jogo. Esta nova técnica é o resultado dos mais recentes avanços nos videogames e na neurociência.

Alguns especialistas estão convencidos de que a próxima revolução tecnológica dos videogames será graças à neurologia. No entanto, a neurociência também pode se beneficiar do entretenimento digital, já que isso pode servir para diagnosticar e tratar alguns transtornos psicológicos. 

Atualmente existem vários videogames que aplicam o neurogaming com o objetivo de usá-lo no setor da saúde mental, apesar de esta ainda ser uma tecnologia embrionária. De qualquer forma, este avanço tem gerado muitas expectativas, tanto no campo do entretenimento eletrônico quanto no da neurociência

Como funciona o neurogaming?

O neurogaming se baseia principalmente na tecnologia IND (Interface Neural Direta), que consiste na captação das ondas cerebrais mediante um conjunto de voltímetros incrivelmente sensíveis colocados sobre o crânio, que serão processados e interpretados por um computador. Em outras palavras, permite que uma pessoa interaja com um programa de computador através do pensamento.

Quando pensamos ou imaginamos algo, o cérebro emite determinadas ondas cerebrais que podem ser medidas e transmitidas a um programa informático. Por exemplo, dependendo do computador, é possível diferenciar o nível de concentração de uma pessoa. Estes dados são processados e podem ser utilizados para gerar um movimento ou ação em um videogame.

Uma nova forma de jogar videogames

A tecnologia que faz do neurogaming uma realidade tem em conta que todos os cérebros são diferentes. Por esse motivo, a primeira coisa que esta tecnologia faz é aprender como funciona o cérebro de cada pessoa. Desta forma, o computador pode interpretar as ondas cerebrais de maneira mais fidedigna. Isto permite a adaptação a cada caso particular. 

A Interface Neural Direta aplicada ao neurogaming permite que uma pessoa consiga jogar sem precisar de controles físicos. O jogador só precisa usar o capacete e fixar o olhar na imagem para poder executar certos comandos dentro do jogo. 

Limitações do neurogaming

Embora a tecnologia que possibilita o neurogaming seja bastante acessível, ela ainda está em fase de estudo. Isso acontece porque essa tecnologia tem aplicações muito gerais que não estão pensadas para serem aplicadas exclusivamente aos videogames. Para muitos pesquisadores, é apenas uma questão de tempo até que seja desenvolvida uma tecnologia mais específica para os videogames.

Por outro lado, a tecnologia que existe atualmente pode ler somente uma quantidade muito limitada de padrões mentais. Além disso, os computadores e máquinas que captam e interpretam as ondas cerebrais ainda têm uma capacidade de resposta muito lenta. Por isso, para que seja possível fazer uma experiência complexa e verdadeiramente divertida, a tecnologia do neurogaming precisa aumentar sua velocidade e a quantidade de comandos que pode ler.

As pessoas que estão desenvolvendo esta tecnologia acreditam que em um futuro não muito longínquo, o neurogaming utilizará não apenas uma ampla variedade de ondas cerebrais, mas também elementos fisiológicos como a frequência cardíaca, expressões faciais, movimento das pupilas, entre outros.

Neurogaming

Aplicações em diagnósticos e tratamentos psicológicos

Segundo o pesquisador Matias Palva do Centro de Neurociência de Viikki (Finlândia), o neurogaming pode proporcionar três contribuições importantes à neurociência e à psicologia:

  • Treinar o cérebro para que seja saudável durante mais tempo. Isto acontece porque o cérebro que joga esse tipo de jogo está em constante treinamento.
  • Diagnosticar alguns transtornos mentais. Dependendo do rendimento dos jogadores, é possível obter alguns sinais que apontam para uma possível deterioração mental ou cognitiva.
  • Tratar os transtornos mentais diagnosticados. No futuro, o neurogaming pode ser usado para tratar problemas neurológicos, como o Alzheimer ou a esquizofrenia. Ele também poderá ser usado para controlar as emoções negativas ou insônias.

Um videogame já desenvolvido que aplica o neurogaming é o Throw Trucks with your Mind (Jogue caminhões com a sua mente). Este jogo é utilizado para tratar o transtorno de déficit de atenção, que convida os jogadores a desacelerar ou a acelerar suas ondas cerebrais para controlar um caminhão no ar.

Outro jogo é o NeuroRacer, que tem como objetivo medir e reparar deteriorações neurais relacionadas com o envelhecimento. Uma aposta extremamente interessante.


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  • Crespo Pereira, V. (2015). Neurogaming: El papel de la neurociencia en la industria del videojuego. Ponencia presentada en la Conferencia Internacional sobre Cine, Arte, Tecnología e Comunicación en Avanca, Portugal.

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