Neurotransmissores: tipos e funcionamento
Todos nós já escutamos alguma vez que os neurônios se comunicam entre si através de impulsos elétricos. Certamente, algumas das sinapses são puramente elétricas, mas a maioria dessas conexões são intermediadas por elementos químicos. Essas substâncias químicas são o que chamamos “neurotransmissores”. Graças a eles, os neurônios têm a capacidade de participar de diferentes funções cognitivas como a aprendizagem, a memória, a percepção…
Atualmente, conhecemos mais de uma dúzia de neurotransmissores envolvidos nas sinapses neurais. Seu estudo nos permitiu aprender bastante sobre o funcionamento da neurotransmissão. Isso tem levado a melhoras na hora de desenvolver medicamentos e entender os efeitos dos psicotrópicos. Os neurotransmissores mais conhecidos são: serotonina, dopamina, norepinefrina, acetilcolina, glutamato e GABA.
Nesse artigo, com o objetivo de compreender um pouco melhor os princípios da neurotransmissão, vamos explorar dois aspectos muito importantes. O primeiro deles é conhecer as diferentes formas por meio das quais os neurotransmissores influenciam as sinapses. E o segundo aspecto do qual falaremos é a cascata de transdução de sinal – a forma mais comum pela qual os neurotransmissores funcionam.
Tipos de efeito dos neurotransmissores
A função principal dos neurotransmissores é modelar a sinapse entre os neurônios. Dessa forma, é possível conseguir que as conexões elétricas entre eles se tornem mais complexas e deem lugar a muitas outras possibilidades. Se os neurotransmissores não existissem, e os neurônios agissem como simples fios, não seria possível realizar muitas das funções do sistema nervoso.
Pois bem: a forma como os neurotransmissores influenciam os neurônios não é sempre igual. Podemos encontrar duas maneiras diferentes por meio das quais a sinapse é alterada por efeitos químicos. A seguir, vamos expor os dois tipos de efeitos:
- Através de canais de íons. O impulso elétrico é produzido pela existência de uma diferença de potencial entre o exterior do neurônio e seu interior. O movimento dos íons (partículas com carga elétrica) faz com que essa diferença varie e que, quando alcance o limite da ativação, o neurônio se dispare. Alguns neurotransmissores têm a função de se prender a canais de íons que se localizam na membrana do neurônio. Ao se prenderem, eles abrem esse canal, permitindo um maior movimento de íons, o que pode fazer com que o neurônio se dispare.
- Através de um receptor metabotrópico. Aqui nos deparamos com uma modulação muito mais complexa. Nesse caso, o neurotransmissor se prende a um receptor que se localiza na membrana do neurônio. Porém, esse receptor não é um canal que se abre ou que se fecha, mas é o encarregado de produzir outra substância dentro do neurônio. Quando o neurotransmissor se prende a ele, há liberação de uma proteína dentro do neurônio que provoca mudanças na sua estrutura e funcionamento. Na seguinte seção, iremos explorar mais a fundo esse tipo de neurotransmissão.
A cascata de transdução de sinal
A cascata de transdução de sinal é o processo pelo qual o neurotransmissor modula o funcionamento de um neurônio. Nessa seção, nos concentraremos no funcionamento daqueles neurotransmissores que o fazem através de receptores metabotrópicos, já que essa é a forma mais comum de funcionamento dos mesmos.
O processo tem quatro fases diferentes:
- Primeiro mensageiro ou neurotransmissor. Primeiramente, o neurotransmissor se prende ao receptor metabotrópico. Isso muda a configuração do receptor, permitindo que ele se integre a uma substância denominada proteína G. Essa união do receptor com a proteína G provoca a excitação de uma enzima na parte interna da membrana, liberando o segundo mensageiro.
- Segundo mensageiro. A proteína que libera a enzima associada à proteína G é denominada “segundo mensageiro”. Sua missão é viajar dentro do neurônio até se encontrar com uma quinase ou uma fosfatase. Quando este segundo mensageiro se prende a uma destas duas substâncias, provoca a ativação das mesmas.
- Terceiro mensageiro (quinase ou fosfatase). Aqui, o processo irá variar em função de se o segundo mensageiro se encontra com uma quinase ou com uma fosfatase. O encontro com uma quinase fará com que essa se ative e libere um processo de fosforilacão no núcleo do neurônio, o que fará com que o DNA do neurônio comece a produzir proteínas que antes não produzia. Por outro lado, se o segundo mensageiro se encontrar com uma fosfatase, o efeito contrário acontecerá: a fosforilação se inativará e a criação de determinadas proteínas deixará de ocorrer.
- Quarto mensageiro ou fosfoproteína. A quinase, ao ser ativada, manda uma fosfoproteína para o DNA neural a fim de desencadear a fosforilação. Essa fosfoproteína ativará um fator de transcrição que, por sua vez, desencadeará a ativação de um gene e a criação de uma proteína; essa proteína, dependendo de sua qualidade, causará diversas respostas biológicas, modificando, assim, a transmissão neural. Quando a fosfatase se ativa, destrói a fosfoproteína, o que faz com que o processo de fosforilação, anteriormente mencionado, deixe de ocorrer.
Os neurotransmissores são substâncias químicas muito importantes no nosso sistema nervoso. São os encarregados de modular e transmitir a informação entre os diversos núcleos cerebrais. Além disso, seus efeitos nos neurônios podem durar desde poucos segundos até meses ou anos. Graças ao seu estudo, podemos entender a correlação entre muitos processos cognitivos superiores, como a aprendizagem, a memória, e a atenção, etc.