O medo da insignificância: uma epidemia atual

Atualmente nos comparamos com personagens inalcançáveis, produtos do marketing, e isso nos faz sentir em desvantagem. Esse medo da insignificância é uma das epidemias modernas. Isso é realmente triste, porque a maioria das imagens são falsas e bem escolhidas. É muito importante que as pessoas aprendam a ter os seus próprios valores e os seus próprios objetivos.
O medo da insignificância: uma epidemia atual
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

O medo da insignificância é uma das epidemias atuais. Os seres humanos são comparadores, da mesma forma que são invejosos. Precisamos de uma referência para saber se estamos bem. Com quem estávamos nos comparando até pouco tempo? Com a nossa família ou com as pessoas que moram em nossa cidade ou bairro, e que pensavam da mesma forma que nós.

Atualmente nos comparamos com personagens inatingíveis, produtos do marketing; comparações nas quais sempre “saímos perdendo”. Esse medo da insignificância é mais uma das epidemias modernas. Isso é doloroso porque, na realidade, a maioria das imagens são manipuladas.

Diante disso, é muito importante que as pessoas aprendam a ter os seus próprios valores e estabeleçam os seus próprios objetivos. Como somos uma sociedade que trabalha tão pouco o seu interior, o medo da insignificância ganhou espaço. Há muitas pessoas que crescem sem saber o que é importante para elas ou não.

Não faça nada pela fama, você não precisa ser alguém; todos nós somos alguém desde que nascemos.

O medo da insignificância

Muitos influenciadores, poucas referências

Vivemos em um mundo tecnológico, tendendo para um mundo ainda mais tecnológico. Temos ao nosso alcance meios que nos permitem a comunicação a nível global, de forma pessoal ou anônima.

As redes sociais nos fornecem um espaço para expressar o que sentimos e pensamos. Isso é usado pelas marcas para se aproximarem das pessoas e pelas pessoas para se aproximarem das marcas.

As empresas estão gastando cada vez mais para aumentar a sua comunidade de seguidores ativos nas redes sociais. Elas querem que os influenciadores recomendem os seus produtos e serviços em vez de fazer publicidade direta. Cada vez mais empresas apostam nesta fórmula e, sobretudo, cada vez mais estão dispostas a pagar por isso.

Os influenciadores, em sua maioria, são marcas disfarçadas. Projetar vidas manipuladas não é influenciar. O perigo que um grande número de influenciadores pode gerar está no protótipo distorcido que eles projetam como referência. Lembremos neste ponto a importância da educação, da responsabilidade e do esforço pessoal. Estamos confundindo os nossos jovens, eles não precisam de uma carga leve, mas sim de costas fortes.

Vivemos em um mundo onde as marcas querem ser pessoas e as pessoas querem ser marcas.

O medo da insignificância e a normalidade desvalorizada

A normalidade move o mundo. A normalidade marcou a nossa evolução como espécie e continuará marcando. Atualmente é crescente o sentimento de desvalorização em relação à normalidade, quando ela é um dos pilares básicos para o bom funcionamento das nossas sociedades.

Muitos pais estão tentando fazer os seus filhos se destacarem em algum campo, esporte, escola, música, etc. O problema é que eles estão dispostos a pagar um preço alto para conseguir isso (em alguns casos, eles nem têm consciência de que estão pagando um preço). Isso aumenta o medo atual da insignificância. A nossa missão será semear nas crianças a ideia de que eles próprios são responsáveis ​​pelos objetivos e metas que perseguem, com tudo o que isso implica.

Educar na frustração, no esforço pessoal e coletivo, a partir da iniciativa individual, dará à próxima geração a oportunidade de não sofrer com esta epidemia. Pensemos que, em muitos casos, esse medo da insignificância provoca transtornos de ansiedade e depressão.

Ser importante na sociedade não garante bem-estar e nem felicidade; na verdade, pode até nos afastar dela. As novas epidemias sociais nos afastam de nós mesmos, dos nossos próprios objetivos. Somos constantemente bombardeados com objetivos externos e alheios, criando direta ou indiretamente insatisfações e necessidades inexistentes para alimentar um consumo excessivo.


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  • Castoriadis, C. (1998). El ascenso de la insignificancia. Universitat de València.
  • Punset, E. (2014). El mundo en tus manos: no es magia, es inteligencia social. Grupo Planeta Spain.

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