O que sabemos sobre as misteriosas ondas delta?
As ondas delta do cérebro são misteriosas e fascinantes. Sabemos da sua existência desde o começo do século XX, quando Grey Walter as descobriu. Também sabemos que elas têm uma frequência que vai dos 0 aos 4 Hz e que são consideradas as mais lentas de todas as ondas produzidas pelo cérebro. Dessa forma, estão associadas ao bem-estar e à paz interior.
Além destas informações, não se sabe muito sobre as ondas delta. Elas despertam muita curiosidade, precisamente por estarem presentes nos estados de máxima tranquilidade. No entanto, desconhecemos o porquê e sabemos muito pouco sobre a forma como elas operam.
Já existem diversos estudos realizados em todo o mundo com o objetivo de desvendar os mistérios das ondas delta. Quanto mais se avança, mais surpresas aparecem e mais perguntas surgem. A seguir veremos o porquê.
“A neurociência é, de longe, o ramo mais excitante da ciência, pois o cérebro é o objeto mais fascinante do universo. Cada cérebro humano é diferente, o cérebro faz cada ser humano ser único e define quem ele é”.
-Stanley B. Prusiner (Premio Nobel de Medicina, 1997)-
As ondas delta do cérebro
Todos os dados conhecidos até agora sugerem que as ondas delta pouco têm a ver com a consciência. Ou seja, que nunca estão presentes durante os estados conscientes, pelo contrário. A princípio, mostram-se presentes nos estados mais profundos do sono, ou seja, nas etapas em que não sonhamos nada.
As pesquisas também permitiram estabelecer que as ondas do cérebro tornam-se presentes nos estados de meditação profunda. Através de monitoramentos em laboratório, foi evidenciado que os estados de relaxamento profundo permitem que este tipo de onda emerja.
Dessa forma, e isso é surpreendente, pôde-se estabelecer que as ondas que predominam quando o ser humano se encontra no útero materno são precisamente as ondas delta do cérebro. Isso continua sendo assim até o primeiro ano de vida, embora com uma frequência cada vez menor.
Especula-se que este seria o mecanismo cerebral usado para que o recém-nascido preserve sua tranquilidade, apesar da infinidade de estímulos novos aos quais está exposto.
Os efeitos das ondas delta
Até o momento, foi possível comprovar que, definitivamente, as ondas delta se encontram estreitamente relacionadas com os estados de tranquilidade mais profundos. No entanto, este não é o único efeito dessas misteriosas ondas.
Há evidências de que também influenciam outros processos, como os seguintes:
- São as responsáveis pelo bom descanso. Se, ao dormir, não alcançamos a fase de sono profundo, ou seja, de produção de ondas delta do cérebro, ao despertar provavelmente ainda nos sentiremos fadigados.
- Ajudam a regular o funcionamento corporal básico. Se há um dia no qual o nosso cérebro não produz ondas delta, outras funções, como a respiração e o batimento cardíaco, se alteram em maior ou menor medida.
- Há razões para pensar que também incidem nos processos intuitivos. Aparentemente, o funcionamento do inconsciente está associado com a produção de ondas delta no cérebro.
- Incidem sobre a motivação e a empatia. Foi sugerido que quando o cérebro produz ondas delta com frequência, as pessoas tornam-se mais abertas e empáticas. Da mesma forma, sua motivação é maior.
Outras descobertas
A American Headache Society publicou diversos estudos sobre as ondas delta. Em alguns deles, faz referência ao fato de que a produção de ondas delta do cérebro é um fator que incide notavelmente na presença ou ausência de enxaquecas.
Aparentemente, quanto mais ondas deltas são produzidas, menor é a probabilidade de sofrer de enxaquecas.
Na mesma maneira, um estudo de Wanee Rojviroj estabelece uma forte relação entre as ondas cerebrais e os estados de estresse. A partir disso, conclui-se que as ondas delta são, por si próprias, “antiestresse”.
Uma suposição é de que elas tenham a ver com a produção de serotonina e melatonina por parte do organismo, mas isso ainda não foi comprovado.
Há duas maneiras de conseguir que o nosso cérebro produza ondas delta. Uma delas é através do sono profundo. Por essa razão, a psicologia insiste tanto na importância de dormir adequadamente. A outra forma são as técnicas de meditação, um verdadeiro presente para o cérebro.
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Rodríguez Sánchez, P. M., & Rodríguez Rodríguez, M. (2011). Argumentación de la teoría científica: modo de funcionamiento subconsciente del cerebro en estado hipnótico. Medisan, 15(7), 975-991.