O que significa validar uma emoção?
Validar uma emoção ou o relato de outra pessoa é um ato com muito valor que constitui um dos pilares básicos de muitas das intervenções psicológicas realizadas.
Muitas pessoas chegam a um consultório psicológico se sentindo estranhas, deslocadas, em meio a um mar de emoções ao qual, talvez, não saibam como chegaram e nem como navegar.
Outro dia, Alicia contava que não sabia como podia se sentir triste tendo uma família maravilhosa e um trabalho bom.
Fernando contava que estava chateado consigo mesmo por não ter se esforçado o suficiente.
Lucas era vítima da ansiedade porque seu horário de trabalho tinha mudado e ele não podia buscar seu filho na escola na hora certa. Além disso, também estava chateado consigo mesmo por se sentir assim: sabia que não era tão ruim, porque seu filho só tinha que esperar alguns minutos a mais.
É normal que você se sinta assim
Uma das primeiras ideias que devemos tentar transmitir a Alicia, Fernando ou Lucas é que é normal que se sintam assim. Que não são “loucos emocionais”, que o que eles sentem é consequência, não do mundo, mas da realidade paralela que eles mesmos construíram. Essa com a qual trabalham em sua mente.
Assim, com a validação, a primeira coisa que conseguimos é que a pessoa deixe de se sentir estranha. Haverá ou não no que intervir, mas em nenhum caso a pessoa está defeituosa.
Ela pode ter uma maior sensibilidade, um maior grau de neuroticismo, ela pode trabalhar com uma carga inteira de ideias irracionais, mas o problema não está em sua natureza.
Este é o ponto da partida no qual dizemos ao paciente/cliente que ele está apto a fazer tudo isso melhor. Mas, o quê? Bom, lidar com as suas emoções ou estabelecer prioridades, por exemplo. Assim, validar uma emoção também serve para devolver à pessoa parte do controle que ela pode acreditar ter perdido.
Neste sentido, a validação também é um recurso incrível para cuidar das relações. Se fizemos isso da forma correta, será um primeiro passo que nunca vai gerar rejeição. Além disso, e ao mesmo tempo, deixaremos o outro perceber que o ouvimos com atenção (escuta ativa).
Cuidando, dizendo que aquilo que a pessoa sente é normal, não estamos dizendo que o problema que ela apresenta seja ou não extraordinário ou que a intensidade emocional com a qual ela viva seja a culpada.
Não estaremos ajudando muito se o que dissermos a Lucas é que não tem problema nenhum seu filho esperar, porque ele já sabe disso, e de alguma forma, se culpa por isso. Incidindo sobre esta ideia, só conseguiremos fazer com que ele se sinta pior, mais estranho. O mesmo aconteceria com Alicia.
Por isso é tão negativo dizer “Pare de ficar triste!” ou “Não há motivo para que você se sinta assim!”.
Estas frases nunca farão uma pessoa se sentir melhor. Elas impõem mais obrigação à batalha que a pessoa já está enfrentando. Se a pessoa precisa de algo, é o contrário disso. Ela precisa que reconheçam o esforço que está fazendo ao lutar.
Validar uma emoção: o melhor ponto de partida para oferecer ajuda emocional
Com a validação emocional, abrimos as portas para a expressão emocional, sem o medo que o outro tem de ser julgado ou repreendido.
Além disso, como dissemos antes, também devolvemos à pessoa o controle sobre suas emoções. E mais, nos situamos como uma figura de auxílio, de ajuda. A pessoa vai sentir que a entendemos, que estamos ali para ajudá-la e, assim, nossas possibilidades de realmente poder ajudá-la aumentam.
Como vimos, validar uma emoção é um dos elementos imprescindíveis na base de qualquer relação, mas é especialmente importante nos contextos clínicos.
Além disso, também é importante em contextos de emergência. Por exemplo, uma pessoa pode se sentir muito perplexa por não sentir uma enorme tristeza ao perder um ou vários familiares em uma tragédia.
De fato, ela pode deduzir desta insensibilidade emocional que não os amava e pode se sentir muito culpada. Agora, pensemos que a manifestação de culpa e tristeza pode ter traços comuns. Como vamos poder ajudar alguém se não sabemos qual é o quadro que estamos enfrentado?
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Linehan, M. (1993). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. New York: NY: Guilford Press.