Ansiolíticos: as pílulas que vivem nas mesas de cabeceira

Ansiolíticos: as pílulas que vivem nas mesas de cabeceira
Raquel Aldana

Escrito e verificado por a psicóloga Raquel Aldana.

Última atualização: 14 dezembro, 2021

Os ansiolíticos são medicamentos usados ​​para combater a ansiedade. Também são chamados por alguns de “álcool em forma de comprimido”, talvez referindo-se ao potencial viciante e à facilidade que temos para adquiri-los e consumi-los exageradamente.

Atualmente, os ansiolíticos dormem em muitas mesas de cabeceira e são consumidos com muita frequência. A verdade é que vivemos em uma sociedade em que a dependência da medicação é comum, sendo o recurso-chave (e confortável) que visa resolver nossos problemas.

“A ansiedade não pode ser evitada, mas pode ser reduzida. A questão no manejo da ansiedade consiste em reduzi-la a níveis normais e, depois, usar essa ansiedade normal como estímulo para aumentar própria percepção, a vigilância e a vontade de viver”.
-Rollo May-

Principais mecanismos de ação dos ansiolíticos

Principais mecanismos de ação dos ansiolíticos (benzodiazepínicos)

Atualmente, sabemos como e onde os ansiolíticos (benzodiazepínicos) agem em maior grau do que outros medicamentos destinados a combater problemas psiquiátricos ou psicológicos. Eles favorecem a ação do neurotransmissor inibitório GABA sobre seu receptor.

O neurotransmissor GABA, presente em mais de 30% das sinapses neuronais, cumpre a função de dificultar os impulsos elétricos dos neurônios. Então, o que o GABA realmente faz é diminuir a excitabilidade ou a atividade neuronal.

Os receptores sobre os quais os benzodiazepínicos atuam não estão envolvidos apenas nos processos de ansiedade, mas também em processos como memória ou a coordenação motora. Por isso, a ação não é específica e o consumo desses medicamentos ansiolíticos tem muitos efeitos colaterais.

Uso dos ansiolíticos para combater a ansiedade

Os ansiolíticos devem ser a primeira ou a única alternativa?

A ansiedade é a mente indo mais rápido do que a vida, mas a verdade é que, como resposta emocional, não é boa ou ruim por si só. Ela se torna patológica quando nos limita intensamente durante um certo tempo, diminuindo nossas experiências e nosso crescimento.

Nesse sentido, Dubin (2009) fez o seguinte raciocínio: “As crises de ansiedade são algo de que deveríamos nos envergonhar? Não. Eu vejo as crises como algo análogo à reação física de ter que vomitar. Vomitar não é bom nem ruim. É algo que acontece e que normalmente serve ao propósito de livrar seu estômago de contaminantes nocivos. Mas você nunca iria querer vomitar em público, certo? A primeira coisa que você faria se começasse a sentir náuseas é ir ao banheiro mais próximo para evitar constrangimentos. Não é algo que você gostaria de fazer na frente dos outros. As crises são algo similar”.

Os comprimidos, usados constantemente, cumprem a função de analgésico para a vida, entorpecendo os sentidos e os pensamentos. Servem para nos livrarmos da dor sem abordarmos a causa mais profunda. Assim, desconectamos o alarme de incêndio, mas não apagamos o fogo.

Evidentemente, isso não é saudável; o uso e abuso desses medicamentos não nos liberta de seu efeito. Acontece que, em alguns casos, a intensidade do desconforto derivado da ansiedade deve ser “enfrentada” a nível farmacológico para ser atenuada.

No entanto, uma ideia se destaca acima de tudo: a medicação não é o único tratamento ao qual recorrer. Quando sofremos de ansiedade, precisamos reabilitar nossa mente, reaprender e fazer um acompanhamento.

Por isso, é essencial que a psiquiatria e a psicologia trabalhem juntas, com o objetivo de evitar a dependência da medicação (que certamente é alta e poderosa) e resolver completamente o problema.


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  • González Pardo, H. & Pérez Álvarez, M. (2007). La invención de los trastornos mentales. Alianza Editorial, S.A. Madrid.


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