Os livros essenciais, segundo Vargas Llosa

Os livros essenciais, segundo Vargas Llosa
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 10 maio, 2022

Como quase todos os escritores, Mario Vargas Llosa é um leitor apaixonado. Passou quase toda a sua vida entre a leitura e a escrita, razão pela qual é também um grande conhecedor da literatura universal. Alguns livros o marcaram a tal ponto que hoje ele os reconhece como os textos que todos deveriam ler antes de morrer.

1- Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf

Vargas Llosa diz sobre este livro, que: ” O embelezamento sistemático da vida graças à sua refração em sensibilidades requintadas, capaz de libar em todos os objetos e em todas as circunstâncias a beleza secreta que eles contêm, é o que dá ao mundo de Mrs. Dalloway, originalidade milagrosa”.

2- Lolita, de Vladimir Nabokov

Sobre esta obra, o Prêmio Nobel assegura: “Humbert Humbert conta esta história com as pausas, suspense, pistas falsas, ironias e ambiguidades de um narrador talentoso na arte de despertar a curiosidade do leitor a cada momento. Sua história é escandalosa, mas não pornográfica, nem mesmo erótica. Uma zombaria incessante das instituições, profissões e tarefas, desde a psicanálise -uma das bestas negras de Nabokov- até a educação e família, permeiam o diálogo de Humbert Humbert”.

3- O Coração das Trevas, de Joseph Conrad

Sobre esta obra, Vargas Llosa indica: “Poucas histórias conseguiram expressar, de forma tão sintética e cativante como esta, o mal, entendido em suas conotações metafísicas individuais e em suas projeções sociais “. O filme “Apocalypse Now” é baseado nesta maravilhosa obra de literatura universal.

4- Trópico de Câncer, de Henry Miller

Foi um dos livros mais polêmicos de seu tempo e ainda hoje continua a suscitar forte polêmica. A esse respeito, Vargas Llosa comenta: “O personagem-narrador de Trópico de Câncer é a grande criação do romance, o sucesso supremo de Miller como romancista”.

Aquele ‘Henry’ obsceno e narcisista, desdenhoso do mundo, solícito apenas com seu falo e suas entranhas, tem, acima de tudo, uma eloquência inconfundível, uma vitalidade rabelaisiana para transmutar o vulgar e o sujo em arte, espiritualizar com sua  poética voz as funções fisiológicas, a mesquinhez, o sórdido, para assim dar uma dignidade estética à grosseria.”

5- Auto-de-fé, Elias Canetti

Esta obra, escrita por outro ganhador do Prêmio Nobel, é uma das favoritas de Vargas Llosa: “Assim como os demônios de sua sociedade e de seu tempo, Canetti também usou aqueles que o habitavam. Emblema barroco de um mundo prestes a explodir, seu romance é também uma criação fantasmagórica soberana na qual o artista fundiu suas fobias e apetites mais íntimos com os choques e crises que racham seu mundo”.

6- O Grande Gatsby, de Francis Scott Fitzgerald

Sobre O Grande Gatsby, Vargas Llosa destaca: ” Todo o romance é um labirinto complexo de muitas portas e qualquer uma delas serve para entrar em sua intimidade. A que abre esta confissão do autor de O Grande Gatsby nos dá uma história romântica, daquelas que te fazem chorar.”

7- Doutor Jivago, de Boris Pasternak

Uma extensa obra à qual, sem dúvida, muitos vieram através do cinema. Um clássico dos clássicos sobre o qual o Prêmio Nobel peruano comenta: “Sem essa história confusa que os apalpa, atordoa e finalmente os despedaça, a vida dos protagonistas não seria o que são”.

Este é o tema central do romance, aquele que reaparece, repetidas vezes, como leitmotiv, ao longo de sua tumultuada aventura: a desamparo do indivíduo diante da história, sua fragilidade e impotência quando pego no redemoinho do “grande acontecimento”.

8- O Leopardo, de Giuseppe Tomasi de Lampedusa

Vargas Llosa é contundente em seu comentário sobre esta obra: “Como em Lezama Lima, como em Alejo Carpentier, narradores barrocos que se assemelham a ele porque também construíram mundos literários de beleza escultórica, emancipados da corrosão temporal, em O Leopardo a varinha mágica que realiza esse truque por meio do qual a ficção adquire sua própria fisionomia, um tempo soberano diferente do tempo cronológico, é a linguagem”.

9- Pontos de vista de um palhaço, Heinrich Böll

“Pontos de vista de um palhaço, seu romance mais famoso, é um bom testemunho dessa escrupulosa sensibilidade social ao ponto da mania. É uma ficção ideológica, ou, como ainda diziam na época em que apareceu (1963), ‘comprometida’ A história serve de pretexto para uma perseguição religiosa e moral muito severa ao catolicismo e à sociedade burguesa na Alemanha Federal do pós-guerra”, diz o arguto escritor.

Imagem cortesia de dadevoti


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