Óxido nítrico, o incrível neurotransmissor gasoso
Milhões de substâncias circulam em nosso corpo. Algumas delas são os neurotransmissores, que dentre outras funções e usos, têm muito a ver com a regulação do nosso comportamento. Em particular, descobriremos hoje o papel que o óxido nítrico, um composto bastante desconhecido, tem em nosso corpo.
Conforme Mark F Bear, Barry W Connors e Michael A Paradiso sugerem em seu livro Neurociência, a exploração do cérebro, o óxido nítrico (NO) é produzido a partir do aminoácido arginina e funciona como um mensageiro intercelular. Podemos afirmar que o óxido nítrico é um mensageiro químico exótico.
No sistema nervoso, trata-se de uma substância pequena e permeável à membrana celular, que consegue se difundir mais livremente que as demais moléculas transmissoras. De fato, “penetra através de uma célula para afetar as demais por trás dela” (Bear, Connors & Paradiso, 2016, p. 162)
Além disso, trata-se de uma molécula lipossolúvel. Ela age como neurotransmissor no sistema nervoso. Também se relaciona com diversas funções do nosso organismo. Por isso, sua descoberta levou a diversas pesquisas.
Por exemplo, Duarye, Espinoza, Díaz, Sánchez, Lee Eng, Mijangos e Barragán estudaram suas implicações clínicas e publicaram um artigo científico na Revista de Medicina Interna do México.
Qual é a importância do óxido nítrico?
A importância dessa molécula gasosa se relaciona com as funções que desempenha em nosso sistema nervoso. Vejamos quais são:
- Melhora o rendimento do sistema imunológico;
- Favorece a dinâmica dos processos de memória;
- Participa do reconhecimento dos sentidos, como o do olfato, por exemplo;
- Contribui para a redução da inflamação e a coagulação do sangue;
- Proporciona um aumento da resistência muscular.
- Tem participação no movimento gástrico.
Alguns autores consideram que o óxido nítrico não cumpre todos os critérios para ser um neurotransmissor. No entanto, outros afirmam que essa molécula gasosa desempenha funções como neuromodulador.
Dados curiosos sobre esta substância
O óxido nítrico não participa apenas das funções anteriormente expostas. Além disso, ele tem uma participação em tópicos surpreendentes. Por um lado, o óxido nítrico é fundamental nos tecidos eréteis e, por outro, para o sono reparador.
Quanto aos tecidos eréteis, o óxido nítrico, combinado com a acetilcolina, outro neurotransmissor, e o peptídeo vasoativo intestinal são liberados pelas terminações nervosas parassimpáticas, provocando o relaxamento das células musculares lisas das artérias do clitóris e do pênis.
Assim, as artérias que normalmente estão flácidas enchem-se de sangue, fazendo com que os órgãos se distendam. Em outras palavras, os órgãos sexuais incham graças à participação do óxido nítrico. Sendo assim, ele é fundamental para o ato sexual, pois influencia o clitóris e o pênis.
Inclusive, os medicamentos utilizados para tratar a disfunção erétil agem no caminho do óxido nítrico, que favorece o fluxo de sangue até o pênis. O viagra é o mais conhecido dos medicamentos que ajudam a liberar óxido nítrico nas terminações nervosas.
Por outro lado, o óxido nítrico também influencia a qualidade e a duração do nosso sono. Como ele faz isso? Graças a sua difusão, servindo como uma mensagem retrógrada para determinados neurônios.
Assim, a função deste neurotransmissor como favorecedor da qualidade do sono pode ser um pouco complexa de se entender, pois os valores desta molécula gasosa são mais altos durante a vigília. Além disso, também sobem rapidamente quando há privação de sono.
Então, como ele promove o sono? Isso acontece porque esta molécula gasosa desencadeia a liberação de adenosina, uma substância que promove o sono REM, suprimindo a atividade dos neurônios que favorecem a vigília.
Em resumo, o óxido nítrico é tão essencial quanto outros neurotransmissores. Ele participa de várias funções do sistema nervoso e ajuda a mantê-lo funcionando de forma saudável. Impressionante, não é mesmo?
Graças a ele, podemos dormir, ganhar força, coagular o sangue, nos defender, reconhecer diversos aromas e inclusive alcançar o orgasmo.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
Bear, M. F. Connors, B. W., PAradiso, M.A. Nuin, X.U., Guillén, X.V & Sol Jaquotor, M.J. (2008). Neurociencias la exploración del cerebro. Wolters Kluwer/Lippicott Williams & Wikins.
Duarte Mote, J., Espinoza López, R.F., Díaz Meza, S., Sánchez Rojas, G., Lee Eng, V. E., Mijangos Cháves, J.M., Barragán Garfias, J.A. (2008). Óxido nítrico: metabolismo e implicaciones clínicas. Revista de Medicina Interna de México, 24 (6), pp. 397-406.
Kandel, E. R., Schwartz, J. H., & Jessel, T.M. (2001). Principios de neurociencia. Madrid: McGrawHill Interamericana.