Paciência: a arte de saber esperar

Paciência: a arte de saber esperar

Última atualização: 10 julho, 2016

A paciência não é uma das coisas que a nossa sociedade atual mais cultiva. Ser impaciente, no entanto, é algo que nos traz sofrimento e insatisfação, já que não nos permite desfrutar porque estamos sempre pensando no futuro e, quando este chega raras são as vezes em que ele é o suficiente, porque continuamos pensando para a frente, no futuro seguinte.

A paciência é uma atitude necessária para viver o aqui e o agora, desfrutando do momento presente, vivendo-o, sentindo-o e sendo conscientes do tempo em que estamos. Para isso é necessário cultivar as atitudes que nos tornam presentes no momento em que estamos vivendo.

A vida em ritmo frenético

“Tempo é dinheiro” é um lema que nos indica que não temos tempo a perder. Parece que fomos programados para fazer e fazer e fazer, sem nos permitir parar a qualquer momento, porque se perdemos tempo, perdemos dinheiro. Isso nos faz viver em um ritmo frenético, ultrapassando os limites do nosso corpo e de nossa saúde.

Essa dinâmica está se convertendo em algo que está nos destruindo, já que não podemos acelerar o ritmo da vida, não podemos manipular o tempo. Ainda que queiramos ir cada vez mais depressa, tudo tem seu próprio ritmo, e por isso vivemos frustrados e sofrendo por tudo que ainda não conseguimos, em vez de aproveitarmos o que já está ao nosso alcance.

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Não sabemos esperar, nos ensinaram somente a correr, a viver estressados e com os prazos e datas limites em nossos calendários todos marcados. Por isso não temos tempo para esperar nem refletir sobre uma decisão, sobre um resultado, queremos que tudo seja rápido ainda que isso signifique perder uma grande oportunidade para nossa vida ou cometer um grande erro.

“Eu quero e quero agora”

Convertemos nossa sociedade no mundo do “já”. Não podemos esperar o amanhã, nem chegar em casa, nem para ver uma pessoa… Tudo em volta nos indica que temos que resolver tudo agora e acabamos fazendo a coisa pra ontem, de forma pouco planejada, como um jeito de nos livrarmos da ansiedade que se instala nessa dinâmica.

Falamos ou enviamos mensagens enquanto caminhamos, fazemos isso até mesmo quando estamos tomando um café com uma outra pessoa, porque não nos ensinaram a esperar e a tecnologia facilita que tudo seja para já. A todo momento estamos nos comunicando, localizados perante os outros, sem haver um momento em que estamos sozinhos, ausentes do mundo e o mundo ausente de nós. Acreditamos que podemos adiantar o amanhã, e o que ocorre é na verdade a perda do presente.

A sociedade cultiva a impaciência, o ritmo frenético, o estresse que nos deixamos levar sem perceber todas as consequências disso, até que elas gritam. Em algum momento nos inunda o sentimento de não ter vivido para nós, por nós, porque talvez estejamos sempre voltados para o outro, para o sistema, para o trabalho, e não para dentro.

Além disso, vivemos as consequências físicas e mentais de não saber esperar. Aparecem as doenças e os conflitos pessoais e interpessoais, já que nem tudo é como queremos e os outros podem muitas vezes também não colaborar para que seja tudo para já.

Viver desde a sala de espera

Podemos, no entanto, viver com paciência, sabendo esperar que as coisas ocorram de forma mais natural, sem forçá-las, sem pressão e, em muitas ocasiões, sem mesmo que nós as busquemos. Cada dia vem o amanhecer, e para isso não temos que fazer absolutamente nada, só aproveitar o momento e, enquanto esperamos que ele ocorra, desfrutaremos do resto das coisas que já temos e de todas as outras que nos esquecemos rápido devido a outros desejos que se sobrepõem.

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Para cultivar a paciência é necessário diminuir o ritmo, se concentrar no presente e vivê-lo conscientemente, mantendo a segurança e a tranquilidade de que haverá um futuro independentemente do que fizermos, e que tudo o que podemos fazer é preencher o presente com práticas saudáveis e atitudes positivas.

A paciência nos permite viver a vida a qualquer momento. Nós engatamos a marcha certa, seguimos avançando e acompanhando a vida, ajustando tudo ao momento, ao ritmo da música. Trata-se de não querer que seja de outra maneira… mas sim de saber esperar e manter a calma, para que as coisas ocorram só quando elas têm que ocorrer.

“A paciência é uma árvore de raiz amarga, mas com frutos doces”
-Provérbio persa-

Ser paciente, deixar fluir

Deixar que as coisas fluam não significa “sentar-se e ver a vida passar”. Fluir com a vida significa que fazemos escolhas e com elas fazemos também renúncias, desenhamos um curso como quem marca um traçado em um mapa para caminhar. E vamos caminhando no ritmo saudável que precisamos, ou seja, com calma, sem pretender chegar ao fim só em um dia. Trata-se de não ficarmos parados, mas caminhar a um passo saudável.

Ser paciente é saber esperar que cheguem as oportunidades. Também é saber aproveitá-las no momento presente em que ocorrem, nem antes nem depois. Ser paciente é observar a vida e aprender que ela marca seu ritmo, e que esse ritmo é o mais saudável.


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