Pantera Negra: super-heróis e inclusão
Pantera Negra, o mais recente filme do Universo Cinematográfico Marvel, gerou várias reações. O longa recebeu várias críticas desde o seu lançamento, tanto boas quanto ruins. No entanto, é inegável que Pantera Negra representa um ponto de inflexão em relação ao gênero de super-heróis.
Dirigido por Ryan Coogler, Pantera Negra é um filme que reúne, principalmente, um elenco de pessoas negras. Baseado em uma história em quadrinhos da Marvel com o mesmo nome, falamos sobre o primeiro super-herói negro e de descendência africana.
Devido a disso, por muitos anos, o Pantera Negra foi um personagem de referência, que reuniu um perfil com o qual muitas pessoas se identificaram mais facilmente.
A Marvel Comics e a DC são duas das maiores produtoras de histórias em quadrinhos dos Estados Unidos. Após a edição dos quadrinhos de Pantera Negra, tanto a Marvel quanto a DC começaram a diversificar seus personagens. Com isso, a Marvel apresentou Luke Cage e Falcão, ambos personagens negros. Por sua vez, a DC reinventou um de seus personagens brancos, chamado Lanterna Verde, como um personagem negro.
A partir deste momento, a popularidade de ambas as produtoras de quadrinhos aumentou consideravelmente. Isso ocorreu devido ao fato de mais pessoas estarem interessadas em seus personagens. Mas, por que essa mudança é tão importante?
Inclusão e identificação
Para formar uma comunidade, é necessário que todos os seus membros se sintam, de alguma maneira, parte dela. Além disso, o sentimento de pertencimento facilita o progresso social. A partir da publicação de Pantera Negra, é possível dizer que começa um estágio de inclusão progressiva em direção à diversidade.
Com a inclusão de personagens de ascendência africana, indígena e asiática, as produtoras de histórias em quadrinhos garantiram a projeção para um mercado desatendido. Pensemos que, por muito tempo, as minorias étnicas ficaram de fora dos espaços sociais hegemônicos.
Essas minorias não possuíam presença em âmbitos culturais como o cinema e os quadrinhos. Através da inclusão, as pessoas pertencentes às minorias étnicas podem se sentir identificadas e legitimadas. Isso necessariamente se traduz em melhores dinâmicas sociais, dado que aumenta a tolerância.
Pantera Negra, um sucesso de bilheteria
O filme Pantera Negra também aponta rumo à tolerância e à igualdade. Lançado no início de 2018, se desenvolve em torno do personagem homônimo. O filme é centrado no país de Wakanda, uma nação africana fictícia. Após o assassinato de seu líder e rei, Wakanda deve confiar em T’Challa, o príncipe herdeiro.
T’Challa, o alter ego do Pantera Negra, é um super-humano: possui habilidades avançadas de velocidade e força. Essas habilidades o ajudam a se desenvolver como Pantera Negra, protetor de Wakanda. Apesar de suas qualidades, T’Challa deve enfrentar os desafios de ser rei. Assim, apenas com a ajuda de sua irmã Shuri, da espiã e líder Nakia, e das guerreiras Dora Milaje, T’Challa consegue superar os ataques contra seu povo.
Pantera Negra é um filme que desafiou vários estereótipos. Não apenas apresenta um elenco repleto de personagens negros, mas também foi uma oportunidade para cineastas negros. Tanto o diretor quanto os produtores do filme são negros.
Além disso, Pantera Negra apresentou muitas personagens femininas fortes, inteligentes e independentes. A irmã mais nova de T’Challa, a princesa Shuri, é uma jovem com conhecimentos avançados em ciência e engenharia.
A guerreira Nakia se desenvolve como espiã e libertadora de mulheres em situações de violência. Além disso, a guarda real é composta unicamente por mulheres altamente treinadas: as melhores e mais capazes guerreiras do reino.
Cinema como espaço para mudança social
O cinema funciona como ferramenta de divulgação e reforço de ideais e ideologias. Embora não seja o único fator em questão, definitivamente a representação inclusiva no cinema favorece novas formas de construir e perceber as relações sociais.
Assim, nas novas tendências de representação equitativa, personagens de diferentes origens étnicas possuem protagonismo. Uma maior diversidade nas telas – grandes e pequenas – contribuirá para uma maior tolerância à diversidade em espaços de trabalho e acadêmicos.