Paquita Salas: entre o entretenimento e a nostalgia

Porque todos nós precisamos rir, porque todos nós, em algum momento, sentimos nostalgia por tempos passados... Porque somos todos diferentes, porque o sucesso e a fama são efêmeros. Por tudo isto e muito mais, nós amamos Paquita Salas, uma série que veio para nos divertir, para nos fazer sorrir.
Paquita Salas: entre o entretenimento e a nostalgia
Leah Padalino

Escrito e verificado por Crítica de Cinema Leah Padalino.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

As séries não são mais aquele objeto de fuga de baixa qualidade transmitido pela televisão. Atualmente as séries são “maratonizadas”, são consumidas em quantidades industriais e, às vezes, conseguem ofuscar o cinema. Não há anúncios que incomodam o espectador; não há necessidade de esperar um determinado momento para ver uma série. Com uma dose de nostalgia pelos tempos passados e, acima de tudo, com a intenção de nos despertar um sorriso, nasceu Paquita Salas.

Porque todos nós precisamos rir, porque todos nós, em algum momento, sentimos nostalgia por tempos passados… Porque somos todos diferentes, porque o sucesso e a fama são efêmeros. Por tudo isso e muito mais, nós amamos Paquita Salas, uma série que veio para nos divertir, para nos fazer sorrir.

Entre o entretenimento e a nostalgia

A qualidade das séries aumentou notavelmente e, por ter uma extensão maior do que o cinema, nos permite saber mais sobre os seus personagens. Esse aumento na qualidade fez com que, de alguma forma, o humor fosse relegado a um segundo plano. Você só precisa pensar nas séries mais populares dos últimos anos, e perceberá que poucas deixam espaço para o humor. Em um mundo cada vez mais complexo, precisamos, mais do que nunca, rir.

Com isso, não queremos dizer que não são mais feitas séries de humor, mas é verdade que a competição levou as séries a se reinventarem. O espectador já não perdoa um erro de script; nós nos tornamos mais exigentes: a oferta é grande e há muito para escolher. Por sua vez, as novas plataformas abriram espaço para a criação e disseminação de conteúdo.

Paquita Salas nasceu um dia entre amigos, entre risadas, com a ajuda de “Los Javis”, Brays Efe e Anna Castillo. O que inicialmente seriam vídeos do Instagram se tornou uma série no Flooxer e, mais tarde, na Netflix.

De mãos dadas com a Netflix, aumentou o orçamento. Com isso aumentou também a qualidade e, é claro, a sua divulgação. O sucesso de Paquita Salas é indiscutível e uma terceira temporada já foi confirmada. Quais são as chaves para o seu sucesso?

Dois jovens diretores e seu grupo de amigos constroem essa série de sucesso. Com uma duração aproximada de 20-25 minutos por episódio e com um total de 10 episódios divididos em duas temporadas até esta data, Paquita Salas se tornou uma série leve, que não requer muito tempo e que visa nos fazer passar um momento agradável.

Paquita Salas, a diversão de que precisávamos

Com Paquita Salas tudo é fácil; não é uma série que nos manterá grudados na tela por horas nem exige um esforço por parte do espectador para entendê-la. Ela só nos pede para relaxar, curtir, mas exige que tenhamos um certo domínio da cultura televisiva dos anos 90 e 2000 na Espanha.

Muitos dos rostos que inundaram as telas naqueles anos hoje estão relegados a trabalhos sem muita relevância ou, simplesmente, desapareceram. O que é um sucesso hoje, no dia seguinte pode ser um fracasso. Os tempos mudam e, com eles, o gosto das pessoas.

Cena da série 'Paquita Salas'

Isso é o que aconteceu com a personagem de Paquita Salas, uma mulher que teve seus anos de glória como representante de artistas e que, agora, ficou desatualizada. Desde as suas roupas ao seu gosto por torresmo… tudo é peculiar em Paquita. É uma mulher que parece não ter se adaptado ao século XXI. Ela continua a viver das glórias do passado e parece não se adaptar muito bem às novas necessidades de um mercado em constante mudança.

Paquita Salas veio para lembrar que ainda há espaço para o entretenimento puro, para rirmos do nosso mundo, do presente, do passado… No entanto, ela veio para nos distrair e isso é algo que amamos.

Paquita Salas: o mundo dos perdedores

Falar de perdedores é desagradável, não é um adjetivo com o qual gostamos de classificar alguém. Mas de certo modo, é disso que se fala em Paquita Salas. Falamos daquelas pessoas que conheceram o sucesso e agora vivem de recordações.

Durante os anos 90 e início dos anos 2000, Paquita representou atores no cenário televisivo, como Lidia San José, cuja fama foi se apagando, até quase desaparecer nos últimos anos. Paquita se tornou uma antiga representante com poucos rostos novos interessados nela. Apesar disso, ela continua a lutar como pode para manter o seu negócio vivo.

As contribuições dos atores da época, como a mencionada Lidia San José, ou rostos mais conhecidos, como o de Ana Obregón, são muito apreciadas. A influência dos Javis permitiu que diversos atores do panorama nacional se prestassem a colaborar em seu projeto. Dessa forma, contribuíram para uma maior credibilidade apelando para aquela nostalgia da qual falamos.

Em um mercado tão saturado, é preciso se destacar, ser o melhor, algo que favoreceu a competitividade e o esquecimento de Paquita. O novo e o velho estão misturados em Paquita Salas mostrando-nos, mais uma vez, que o mundo mudou. A fama, assim como o sucesso e beleza, é frágil e efêmera.

Rompendo barreiras

O mundo do cinema, infelizmente, está muito unido ao mundo da aparência. O gordo é ridicularizado e, de certa forma, isso também acontece em Paquita Salas. O próprio Brays Efe (ator que interpreta Paquita) falou sobre isso recentemente nos Feroz Awards. Apresentou um discurso em que apela para o problema da imagem no mundo artístico, nos lembrando da nossa obsessão em relação a ela.

O cinema e a televisão deveriam medir os atores pela sua qualidade interpretativa. Se quisermos refletir a realidade, não podemos nos refugiar em ícones de beleza difíceis de alcançar. Embora Paquita seja gorda e engraçada, a verdade é que também é exigente e não se esforça para emagrecer.

Da mesma forma, a personagem de Mariona Terés contribui com a nota reivindicatória. Um ator encarnando uma mulher, velhos rostos da televisão que não viram o sucesso novamente, atrizes e atores de todos os tipos… Paquita Salas quebra as barreiras, mostra que outro tipo de série é possível, sem esquecer a dureza e crueldade do mundo do entretenimento.

Cena da série 'Paquita Salas'

Os começos não são fáceis para ninguém, mas tentar encontrar um lugar no mundo do entretenimento é algo muito difícil. Fazer parte de um elenco não é tão fácil quanto parece, pois ter um projeto aceito por um produtor ou um ator conseguir um papel é uma tarefa realmente árdua.

Conclusão

Paquita Salas reflete muito bem esses começos, a competitividade e as barreiras que existem no mundo da interpretação. E, de alguma forma, tenta quebrá-los com a sua forma de agir. Brays Efe não era um rosto muito conhecido antes de Paquita Salas. No entanto, mostrou um grande talento encarnando este personagem e nos fazendo esquecer que é um homem que o interpreta, sem parecer uma caricatura.

Além disso, para a sua terceira temporada, houve um casting aberto, onde qualquer um podia participar. Assim como Paquita, todos nós queremos novos rostos interessantes, sem que a sua aparência física ou seu sobrenome seja o mais significativo.

Uma pequena aventura que começou como uma série de baixo orçamento se tornou uma referência. Além da comédia que, naturalmente, é a essência de Paquita Salas, consegue desenhar perfeitamente o mundo dos perdedores que nadam como podem cercados por tubarões.

“Uma mulher gorda é importante em qualquer época, desde que faça as coisas certas”.
– Paquita Salas –


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