Paracelso, biografia de um alquimista e sonhador

A importância histórica de Paracelso é tão grande que um asteroide e uma cratera lunar receberam o seu nome. Sua vida e sua obra inspiraram grandes poetas como Goethe e Borges. Ele é considerado o pai da toxicologia moderna.
Paracelso, biografia de um alquimista e sonhador
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 15 agosto, 2020

Nós o conhecemos como Paracelso, mas seu verdadeiro nome era Theophrastus Phillippus Aureolus Bombastus von Hohenheim.

Ele foi uma das figuras mais interessantes da história da medicina e da ciência. Alguns o trataram como louco, mas é inegável que foi um visionário cheio de imaginação.

Se Paracelso tinha algo, era uma ambição intelectual. Empreendeu uma busca incessante pela pedra filosofal, uma substância desconhecida que supostamente tornava possível a transmutação do chumbo em ouro. Ele também queria encontrar o elixir da juventude eterna e trabalhou duro para isso.

“O que se forja com fogo é a alquimia, seja no forno ou no fogão da cozinha”.
-Paracelso-

Em meio a suas fantásticas aventuras, Paracelso se tornou um pesquisador extraordinário. Ele é considerado o pai da toxicologia e da farmacologia.

Foi uma espécie de híbrido entre mágico e cientista. Assim como ele estava à frente de seu tempo, também apoiou apaixonadamente suas crenças míticas e místicas.

Os enigmas da mente humana

Os primórdios de um gênio

Paracelso nasceu em 1493, em uma área próxima ao que hoje é Zurique (Suíça). Vários membros de sua família eram médicos, inclusive seu pai, e isso influenciou muito o seu interesse por essa disciplina.

Durante sua juventude, trabalhou como analista nas minas. Isso lhe deu um importante conhecimento de minerais, que acabou sendo decisivo em seu trabalho. Aos 16 anos ele foi para a Universidade da Basileia e, mais tarde, obteve um doutorado na Universidade de Ferrara.

Embora estivesse ligado à vida acadêmica, Paracelso estava convencido de que a medicina não poderia ser ensinada em uma instituição. Ele também foi muito crítico, desde o início, com a medicina oficial de seu tempo.

Ele questionou Hipócrates, Avicena e Galeno. Isso o levou a ser visto com apreensão por seus colegas.

Paracelso, um experimentador

Muito cedo, Paracelso optou por experimentar por conta própria e ter um acordo direto com os pacientes. Isso deu lugar a uma má reputação entre os médicos.

Sua aparência física também era criticada. Causava rejeição porque era baixo, calvo e obeso. Talvez por esse motivo esse gênio sempre tenha preferido a companhia dos mais destituídos.

Suas experiências e métodos inovadores bem-sucedidos geraram mitos e lendas em torno dele. Alguns diziam que ele tinha um pacto com o diabo.

Popularmente, era conhecido como “o médico maldito”. Ele foi acusado de magia e bruxaria, quando na realidade era um homem que acreditava profundamente em Deus.

Essa tensão com seus colegas e outras autoridades levou-o a se tornar um homem errante. Ele chegava a um lugar e não demorava muito para que tivesse conflitos. Então partia de novo. Ao mesmo tempo, junto com a sua estranha reputação, as notícias sobre sua eficácia como médico voavam.

A alquimia e a química de Paracelso

Paracelso usou minerais e produtos químicos para tratar doenças quando esta não era considerada uma possibilidade. Isso lhe permitiu tratar pacientes que, no seu tempo, eram incuráveis.

Há relatos de que ele tratou com sucesso casos de epilepsia, lepra e gota. Ele foi o primeiro médico a descrever a sífilis e propor um tratamento com mercúrio contra a doença.

Este grande pesquisador também foi o inventor do láudano. Trata-se de um dos primeiros analgésicos químicos de que se tem notícia. Ele também estudou os venenos em grande detalhe e formulou uma máxima que permanece até hoje: “A dose faz o veneno“.

Ao contrário de seus contemporâneos, Paracelso era um médico muito próximo de seus pacientes. Ele também acreditava que seus conhecimentos deveriam ser de domínio público. Por essa razão, fazia discursos para a comunidade explicando sua ciência em uma linguagem simples.

A descoberta de Paracelso

Um novo enfoque da medicina

Paracelso afirmava que a medicina tinha quatro eixos principais: as ciências naturais, a astronomia, a química e o amor. Pensava que as plantas e os minerais não curavam sozinhos, mas precisavam de bondade e de uma inspiração dada por Deus para que realmente fossem eficazes.

Ao contrário dos médicos do seu tempo, ele estava convencido dos benefícios das cirurgias. Naquela época, esse comércio era realizado por barbeiros e apenas em circunstâncias muito específicas. Muitos médicos, séculos depois, foram inspirados por seus métodos.

Nem todos foram seus inimigos. Entre seus admiradores, esteve ninguém menos que Erasmo de Roterdã, de quem ele foi médico pessoal e amigo. Um príncipe alemão também lhe deu sua proteção.

Paracelso faleceu na tenra idade de 47 anos, assassinado por alguns bandidos que queriam roubá-lo. Perderam seu tempo: ele já havia doado todos os seus bens para os pobres.


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  • Santos, S. E. (2003). Paracelso el médico, Parecelso el alquimista. In Anales de la Real Sociedad española de química (No. 4, pp. 53-61). Real Sociedad Española de Química.

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