Pensar muito nas lembranças do passado significa viver pouco

Pensar muito nas lembranças do passado significa viver pouco
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Viver das lembranças do passado é se limitar, porque a pessoa que de alguma forma não aproveita o dia a dia não está aproveitando o seu presente, o seu momento de experimentar… Porque a vida não tem a ver com lembrar, mas com agir. Não é ficar preso ao passado, mas caminhar para a frente. Não podemos ficar aprisionados entre o passado e o futuro, como se o aqui e o agora não existissem.

Recordar é uma parte inerente da vida e muitas vezes é inevitável, seja para o bem ou para o mal. De certa forma, as memórias são uma maneira de nos apegarmos ao que amamos, a quem somos e ao que não queremos perder, por tudo que nos marcou profundamente.

O ontem é a memória de hoje, e o amanhã é o sonho do presente.

As memórias são enganosas porque estão coloridas com os eventos do presente e as armadilhas da memória. A diferença entre as memórias falsas e verdadeiras é a mesma das joias: as falsas sempre parecem ser as mais reais, as mais brilhantes.

O escritor, roteirista e diretor de cinema espanhol Ray Loriga diz algo que os cientistas vêm nos alertando há algum tempo: “A memória é o cão mais idiota; você joga um pedaço de pau e ele lhe devolve qualquer coisa”.

“Tomara que você viva todos os dias da sua vida!”
-Jonathan Swift-

A vida seria impossível se nunca esquecêssemos nada

Em uma entrevista, perguntaram a Albert Einstein o que ele fazia quando tinha uma nova ideia. Por exemplo, se anotava em um pedaço de papel ou em um caderno especial. O cientista respondeu com firmeza: “Quando tenho uma ideia nova, eu não a esqueço”. Nada é mais verdadeiro, quando algo nos emociona, é quase impossível esquecê-lo.

Mulher pensando em lembranças do passado

Assim, nos lembramos do que é realmente importante, do que é capaz de nos impressionar, porque ativa em nós as regiões necessárias e as conexões cerebrais que ajudarão a manter essa memória. O problema é que o que deve ser esquecido também é frequentemente armazenado com a mesma intensidade na nossa mente. Nada fixa uma memória tão intensamente quanto o desejo de esquecê-la.

A psicologia nos adverte que o esquecimento é necessário para salvarmos as memórias relevantes. Afinal, é possível que o cão da memória não seja tão estúpido e, na realidade, traga qualquer coisa e não o pau que jogamos porque, no fundo, é o que realmente queremos recuperar.

“Você deve viver no presente, se impulsionar com cada onda, encontrar a sua eternidade em cada momento. Os tolos permanecem em sua ilha de oportunidades enquanto olham para outros territórios. Não há outro território, não há outra vida além desta”.
-Henry David Thoreau-

As lembranças do passado são o perfume que permanece

O prazer é a flor que floresce enquanto vivemos, trabalhamos e realizamos. Com ele, construímos a nossa memória todos os dias. Essa memória é o perfume que vai permanecer. As lembranças mais felizes são os momentos que terminaram quando deviam, sem esticá-los no tempo, sem alongá-los demais…

Portanto, não nos lembramos dos dias, nos lembramos de momentos. Não podemos produzir novas situações repetidas vezes. A riqueza da vida está nas memórias que continuamos a formar. Agir constantemente pode ser complicado, especialmente se estivermos presos na nossa zona de conforto. No entanto, é necessário fazê-lo para vivermos intensamente.

Jovem sentindo aroma de flor

Apesar de termos um corpo físico palpável e percebermos o mundo que nos rodeia com todos os nossos sentidos, geralmente vivemos em nossas mentes. No entanto, é necessário tomar uma decisão. Podemos passar a vida lembrando eventos passados e a forma como eles nos fizeram sentir. Ou, pelo contrário, podemos tomar as rédeas das nossas experiências e, é claro, das nossas emoções. Somente se o fizermos, seremos capazes de desfrutar da nossa existência.

A chave para viver mais do que lembrar consiste em pensar, imaginar e esperar menos. Aceitar o que temos e nada mais. Viva o momento, sem se deixar distrair pelas armadilhas da sua mente.

O problema é que estamos sempre nos preparando para viver, mas nunca estamos vivendo. No entanto, a vida deve funcionar justamente ao contrário.

A felicidade não está em outro lugar, está aqui; não em outro momento, mas agora. Não se esqueça disso.

“A nossa vida diária será apenas uma lembrança. Viva!”


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