Como uma pessoa com boa inteligência emocional se comunica?
Como uma pessoa com boa inteligência emocional se comunica? Ela é paciente, assertiva e empática? A verdade é que essa competência vai muito além. É uma ferramenta de sobrevivência, que envolve saber reagir a imprevistos. É, acima de tudo, a arte de se conectar com base nas emoções, sabendo colocá-las sempre a nosso favor para melhorar a convivência.
Embora seja verdade que todos nós associamos o conceito de inteligência emocional a Daniel Goleman, a realidade é que foi outra figura famosa que introduziu, cunhou e desenvolveu esse conceito: Peter Salovey, psicólogo da Universidade de Yale. Algo que ele quis deixar claro desde o início é que essa dimensão deve ser um complemento da sua própria inteligência.
Não importa o quanto você sabe, mas como você transmite esse conhecimento. Também não importa quem você é ou a posição que você ocupa se você não souber como chegar a acordos e como entender com quem você está lidando. Todo homem e toda mulher emocionalmente inteligentes, segundo Salovey, é capaz de se relacionar consigo mesmo e com os outros para moldar uma vida mais plena e satisfatória.
Portanto, vamos conhecer quais são essas habilidades em matéria de comunicação.
Estratégias usadas por uma pessoa com boa inteligência emocional
Uma pessoa com boa inteligência emocional não nasce assim, ela se torna boa nesse aspecto ao desenvolver novas estratégias. Portanto, é preciso ter vontade, comprometimento e conhecimento das competências que devem ser aplicadas. Afirmamos isso por algo muito simples.
Nos últimos anos surgiram muitos cursos para aprender essa competência, mas nem todos eles têm um nível de qualidade aceitável. Afinal, um diploma não qualifica ninguém. Não adianta saber o que é a empatia mas, na hora de se comunicar, não conseguir escutar e entender a situação que se apresenta. Portanto, é necessário um verdadeiro compromisso com a mudança.
Além disso, alguns estudos, como o realizado na Universidade do Bahrein em 2018, destacam a necessidade de que todo líder de uma organização seja hábil em inteligência emocional. Uma forma de começar é aprendendo uma série de ferramentas na área comunicativa.
Autorregulação das emoções: a calma ajuda a nos expressarmos melhor
Certamente você já percebeu isso alguma vez. Quando a raiva, a frustração ou a irritação habitam em você, sua comunicação se torna agressiva. Você diz coisas das quais se arrepende depois, e inclusive não consegue expressar com clareza o que deseja transmitir. Em essência, qualquer estado emocional intenso e descontrolado dificulta o ato comunicativo.
O primeiro passo será sempre regular o estado emocional: uma mente calma se expressa melhor.
Motivação para comunicar de maneira positiva
A pessoa com boa inteligência emocional não está apenas motivada a se comunicar: ela sente o impulso de se comunicar de maneira positiva. O que isso significa? Significa que sua vontade é compreender, chegar a acordos, não impor exclusivamente sua opinião, mas também levar em conta a do outro.
Comunicar-se positivamente exige também saber controlar a comunicação não verbal : os gestos, um sorriso amistoso, mas não forçado, o tom de voz… Tudo deve visar à cordialidade e à conexão com o outro.
Empatia sem contágio emocional para poder se comunicar melhor
A pessoa que tem uma boa inteligência emocional sabe administrar as informações que lhe chegam graças à sua capacidade de empatia. Essa capacidade de perceber, compreender e se conectar com os afetos e as realidades dos outros é a pedra angular de uma boa comunicação. É uma grande vantagem quando usamos a empatia para completar nosso conhecimento do que está acontecendo e somos capazes de articular uma resposta sem deixar que as emoções nos invadam.
Precisamos dessa empatia para compreender a realidade emocional do outro, mas sem nos contagiar com essas emoções. Digamos que estejamos conversando com um colega de trabalho muito irritado. É inútil ficar no mesmo nível e estado de espírito dele. Para poder argumentar, reagir e acessar o outro de maneira adequada, precisamos manter a calma e o equilíbrio.
A escuta ativa: o dom da pessoa com boa inteligência emocional
Escutar para compreender e não apenas para responder. Parece fácil. Contudo, geralmente esse é o maior problema nos processos de comunicação: não escutamos uns aos outros. Se quisermos nos tornar pessoas com boa inteligência emocional, é essencial aprender a aplicar uma escuta ativa adequada.
Essa estratégia foi definida pelo psicólogo Carl Rogers e envolve a integração das seguintes dimensões:
- Escutar com atenção.
- Ser capaz de escutar o que o outro diz sem pressupor nem considerar nada como certo.
- Estar aberto para compreender o que estão nos dizendo.
- Escutar de maneira ativa é se abrir para o outro, e não ficar pensando no que vamos dizer ou se estão nos contrariando ou não.
Conectores emocionais na comunicação
Frequentemente, esquecemos o valor dos conectores emocionais no processo de comunicação. Aqui estamos nos referindo a pequenos gestos com os quais fazer o outro ver (e sentir) que o compreendemos, que nos conectamos com ele, que validamos sua presença, suas palavras e suas emoções. Contudo, como se pode aplicar esse tipo de recurso?
Estes são alguns exemplos:
- Repita parte da mensagem que a outra pessoa disse para mostrar que você escutou/entendeu -> “Eu entendo que as coisas são mais complicadas no seu departamento (…)”.
- Insira palavras que sirvam para validar o diálogo com a pessoa que você está conversando: “Eu te entendo”, “É verdade”, “Claro”, “Eu concordo com você”, etc.
Para concluir, tornar-se uma pessoa com boa inteligência emocional e habilidosa na arte da comunicação eficaz exige tempo e esforço. Não é fácil ter controle absoluto sobre nossas emoções para poder falar de maneira assertiva. No entanto, não há nada como a prática e a vontade. Todos nós temos a capacidade de melhorar e desenvolver essas ferramentas de vida.
“Não devemos esquecer que as pequenas emoções são as grandes capitãs de nossas vidas e que obedecemos a elas sem perceber.”
-Vincent Van Gogh-
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- Issah, M. (2018). Change Leadership: The Role of Emotional Intelligence. SAGE Open, 8(3). https://doi.org/10.1177/2158244018800910
- Rivers, S. E., Handley-Miner, I. J., Mayer, J. D., & Caruso, D. R. (2019). Emotional intelligence. In The Cambridge Handbook of Intelligence (pp. 709–735). Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/9781108770422.030