Por que o vínculo de apego é importante?

Apego é o vínculo afetivo estabelecido entre uma criança e suas figuras de referência. Agora, por que é tão importante? Ele nos influencia quando somos adultos?
Por que o vínculo de apego é importante?
José Padilla

Revisado e aprovado por o psicólogo José Padilla.

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 12 abril, 2023

Certamente você já sabe que as relações com as pessoas ao seu redor são importantes em sua vida: seus pais, seus amigos, seu parceiro… mas por quê? Por que o vínculo de apego é tão importante?

A seguir, você poderá se aprofundar nas relações de apego que estabelecemos na infância e por que elas são tão importantes em nosso desenvolvimento.

A importância do vínculo de apego

Para o psicanalista inglês Bowlby (1985), o apego é qualquer forma de comportamento que resulta na aproximação de uma pessoa com outra pessoa que ela considera importante.

Durante a infância, a prioridade de qualquer ser humano é manter a qualquer custo o vínculo de apego com figuras de referência (pai, mãe ou outra pessoa importante).

Assim, se esse vínculo for rompido, o menino ou a menina terá que desenvolver estratégias para ter um equilíbrio que lhes permita regular-se emocionalmente.

Criança assustada abraçando sua mãe

Quando chegam à adolescência, a prioridade não é apenas manter o vínculo de apego com essas pessoas, mas também procurar companheiros semelhantes e escolher parceiros sentimentais (Crittenden, 2015).

Dependendo de como aprendemos a nos regular na infância, mostraremos certa tendência a repetir certos padrões de comportamento na hora de interagir na adolescência e, posteriormente, na idade adulta.

Aprendemos a nos regular com base em nossos relacionamentos primários e figuras de apego.

Agora, que papel têm essas figuras?

Funções das figuras de apego

Em linhas gerais, as funções dessas figuras durante a infância visam a obtenção de sentimentos de valor e segurança.

Base segura

Trata-se de exercer o papel de base segura: Ser uma pessoa para a criança a partir da qual explorar o mundo. Assim, se um dos pais não for bem regulado, é provável que a criança se sinta insegura para explorar seu ambiente e aprender.

Então, como ser uma base segura para o seu filho? Vejamos agora algumas das características da base segura (Vargas e Chaskel, 2007)

  • Empatia: consiste em entender a criança e se colocar no lugar dela. É muito importante que ela se sinta vista pelos pais.
  • Sensibilidade: refere-se a interpretar adequadamente o que a criança precisa. Você precisa comer? tem sede? Alguma coisa aconteceu com ela enquanto você estava fora?
  • Responsividade: é a capacidade de responder adequadamente às suas necessidades, sem exagerar ou negligenciar.
  • Disponibilidade: trata-se de dar a segurança de que você estará presente física e emocionalmente quando a criança precisar de você.
  • Validação emocional: é a capacidade de apoiar emocionalmente a criança e, quando necessário, administrar certas sanções. Claro, os extremos são patológicos.

Lugar seguro

Outra das importantes funções das figuras de referência é proporcionar a sensação de um lugar  seguro, ou seja, ser pessoas a quem recorrer em busca de proteção em caso de sensação de perigo.

Por exemplo: Mario é o pai de Elena. Elena lembra que quando ela era pequena seu pai sempre ficava muito bravo quando chegava do trabalho. Quando lhe pedia ajuda com o dever de casa, seu pai frequentemente reagia gritando com ela e ficando com raiva dela.

Se os pais são figuras ameaçadoras ou não ajudam a criança a se acalmar, ela terá que buscar outras figuras ou outras estratégias para se regular.

A função do “lugar seguro” é permitir que a criança explore e gradualmente se afaste dos cuidadores. E nesse contexto, o jogo é muito importante, pois através dele e da exploração, a criança aprende a criar recursos fundamentais para sua autonomia emocional e física em fases posteriores. No entanto, se houver medo ou ameaça, explorar e jogar torna-se impossível.

Garota correndo em um parque

A consequência de não ter uma base e lugar seguros

Quando uma criança descobre que sua mãe ou seu pai não são figuras protetoras seguras, ela experimentará a necessidade de buscar mecanismos alternativos de regulação emocional. Por exemplo: outras pessoas, coisas materiais ou atividades que a ajudam a se regular (Hilburn-Cobb, 2004).

Dependendo da interação que tiveram com seus cuidadores, o menino ou a menina desenvolve uma série de modelos internos de funcionamento (Bowlby, 1995) que contêm as memórias, crenças, objetivos e estratégias criadas com base em experiências passadas (Botella, 2005).

Esses modelos serão a base sobre a qual a criança construirá a casa na qual viverá o resto de sua vida, tanto na adolescência quanto na idade adulta. Agora, o que acontece quando os elementos de uma casa são fracos? Talvez desmorone, haja estragos ou seja preciso fazer reformas… Bem, a mesma coisa acontece quando isso acontece com as pessoas.

Se nossos elementos forem fracos, diante de qualquer contratempo vital entraremos em colapso ou os mecanismos de adaptação não cumprirão sua função.

Então, o que acontece quando a mãe age de um jeito e o pai de outro? A relação de apego estabelecida com cada figura pode ser diferente. Os modelos operacionais acima podem variar de um cuidador para outro.

Por exemplo: uma criança pode se sentir muito segura no relacionamento com a mãe e sentir medo do pai. Ela também pode ter diferentes modelos de apego e relacionamentos com outras figuras importantes: um tio, uma avó, um professor, etc.

Com tudo descrito acima, podemos nos perguntar se tudo isso pode ser modificado. E a resposta é sim.  Os modelos internos não são rígidos e inflexíveis, mas podem ser modificados com base nas figuras de apego que encontramos ao longo da vida.

Claro, é importante mencionar que, por vezes, as formas de se relacionar com os outros e consigo mesmo, as crenças e as estratégias de regulação podem ser fonte de conflito e desconforto. Nesses casos, é aconselhável realizar terapia psicológica para aprender formas alternativas de lidar com esse tipo de situação.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Hernández Pacheco, M. 2017. Apego y Psicopatología: La ansiedad y su origen. Madrid. Ed: Desclée de Brouwer.
  • J. Siegel, D. 2017.Tormenta cerebral: el poder y el propósito del cerebro adolescente. Barcelona. Ed: Alba.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.