A preocupação sem controle nunca servirá de nada

A preocupação sem controle nunca servirá de nada

Última atualização: 22 abril, 2017

Algumas pessoas vivem trancadas em casa preocupadas. Elas imaginam o futuro como um grande campo cheio de minas, de perigos, e essa atitude as impede de viver tranquilas. Elas temem que um caminhão de desgraças irá cair de uma hora para a outra sobre elas.

Essas pessoas têm certeza de que seu filho vai tirar nota vermelha na prova da semana que vem. Acreditam que vão ter um infarto quando sentem uma pontada no peito. Se assustam pensando que têm câncer quando aparece uma verruga. Têm medo de que sua filha vá sofrer um acidente sempre que sai de carro, etc.

“Durante a minha vida, sofri muitas desgraças que nunca chegaram a ocorrer.”
-Mark Twain-

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As profecias autocumpridas, um curioso efeito psicológico

É surpreendente como os acontecimentos negativos que essas pessoas antecipam têm uma probabilidade muito menor de ocorrência do que o afetado lhe atribui, isso quando a probabilidade não é zero. Além disso, o mais curioso é que às vezes eles mesmos fazem com que suas predições se cumpram, dando lugar a profecias autocumpridas, como os psicólogos chamam. Esta forma de pensar faz com que elas sintam e ajam na direção de seus medos.

Vamos ver um exemplo de profecia autocumprida: um condutor tem muito medo quando sai de carro porque pensa que vai sofrer um acidente. Quando pega no carro para sair, ele faz isso em um estado de ansiedade tão grande que o impede de dirigir com segurança, o que aumenta o risco de sofrer o acidente que tanto teme.

“Procure viver o dia, espere que as coisas aconteçam antes de sofrer por elas.”
-Carmen Serrat-Valera-

Definitivamente, algumas pessoas passam a vida sofrendo por coisas que nunca chegam a acontecer. Assim, evitam experiências que poderiam até mesmo ser positivas por medo dos possíveis perigos e desgostos que possam acarretar. Sua preocupação patológica faz com que esperem e sofram por catástrofes que nunca se tornarão realidade.

4 características das pessoas com preocupação patológica

Insegurança

Na verdade, a pessoa insegura busca a certeza, não a verdade. Assim, não se dá conta de que a verdade é buscada olhando para a frente, se arriscando a errar, a se aventurar, a renunciar de alguma forma às garantias.

A pessoa insegura, então, buscará sempre provas de que aquilo que teme não vai acontecer nunca, aumentando a intensidade da preocupação.

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Baixa autoestima

A baixa autoestima pode contribuir para o componente de preocupação excessiva da personalidade. Além disso, ela é muitas vezes associada à insegurança. A pessoa com baixa autoestima tende a pensar mais no que esperam dela do que no que ela realmente quer fazer.

Quando pensamos no que os outros esperam de nós, perdemos a nossa essência e nos transformamos em marionetes. Querer agradar a todo mundo faz com que a nossa preocupação aumente de forma exponencial.

Dependência emocional

As pessoas com maior dependência emocional, quando estão perto da pessoa de quem dependem, temem que a separação possa ocorrer a qualquer momento. Desta forma, têm que conviver com a tensão de não fazer nada que possa fazer com que a outra pessoa a deixe.

Isso também é um importante foco de preocupação, pois vivemos em sociedade e estamos rodeados de pessoas que são valiosas para nós. Se somos dependentes emocionalmente, qualquer indício de perda ou rompimento reafirmará a necessidade da hipervigilância.

Tendência ao evitamento

A pessoa que tende a usar o evitamento como uma forma de enfrentar seus medos terá medos cada vez mais intensos e incapacitantes. Além disso, por não existir o contraste com a realidade, esses medos irão abranger tanto fatos reais como fantasias; ilusões que sobrevivem precisamente graças a nunca serem confrontados.

O evitamento experiencial é um problema muito comum hoje em dia. Vivemos mais centrados no futuro ou no passado do que no momento presente. Isso faz com que estejamos permanentemente preocupados com o que pode acontecer ou com o que aconteceu, impedindo que vivamos o agora de forma plena.

“Lembre-se: hoje é o amanhã com o qual você se preocupava ontem.”
-Dale Carnegie-

O que eu posso fazer para deixar me preocupar por tudo constantemente?

Espantar as preocupações para quem está acostumado a gerá-las não é uma tarefa fácil. No entanto, deixaremos abaixo algumas ideias que podem ser bastante úteis:

  • Tente definir claramente aquilo que o preocupa. Pergunte a si mesmo: “Com o que eu me preocupo?”. Pense em cada preocupação e anote-as. Tente escrever as preocupações de forma mais clara possível.
  • Decida se você pode fazer algo a respeito. Se a resposta for não, não importa o quanto você se preocupe: nada vai mudar. Aceite isso e tente distrair a sua atenção. Se a resposta for sim, avance para o terceiro passo.
  • Elabore uma lista de coisas que você poderia fazer para resolver sua preocupação ou problema. Pense: “Existe alguma coisa que eu poderia fazer agora?” Se sim, faça isso de imediato. Se não, elabore um plano especificando quando, onde e como você vai fazer isso.
  • Aprenda a se distrair. Só é possível prestar plena atenção a uma coisa de cada vez, por isso, se você se mantiver ocupado, não poderá continuar com a sua preocupação.

Como eu posso me distrair se tudo me preocupa?

Preste plena atenção no que há ao seu redor. Você pode memorizar números das placas de carros. Pode adivinhar o que as pessoas fazem para ganhar a vida. Também poderia somar os preços dos artigos de uma loja, ouvir os pássaros cantarem, etc. Faça quebra-cabeças, palavras cruzadas, sudokus, cantarole uma música, conte até cem de trás para frente, leia algo interessante, etc. Praticar exercícios físicos e se manter fisicamente ativo é uma boa forma de prevenir doenças de todo tipo e um magnífico antídoto contra a preocupação patológica.

No entanto, é bom que você se lembre de algo muito importante: não utilize as técnicas de distração como uma forma de evitar enfrentar as suas preocupações. Faça a análise das suas preocupações antes de recorrer às técnicas de distração.

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O que fazer se as minhas preocupações não me deixam dormir?

Normalmente nos preocupamos mais durante a noite. Quando estamos na cama tentando adormecer, o estímulo ambiental é reduzido drasticamente e costumamos nos concentrar nos nossos próprios pensamentos e sensações corporais.

Parece óbvio que não é uma boa ideia ir para a cama com a cabeça cheia de preocupações. Para evitar isso, basta anotar em uma caderneta tudo aquilo que o preocupa e suas possíveis soluções, deixando a preocupação “encostada” para o dia seguinte. Assim, você vai se sentir mais seguro e vai dormir melhor.

Outra técnica que dá bons resultados é a do “tempo de lixo”. Consiste em dedicar uns 20 minutos diários exclusivamente para se preocupar. Você deve ter previsto quando será o seu “tempo de lixo” e só poderá pensar nas suas preocupações durante esses minutos, mais nada. E quando eu digo em mais nada, realmente é mais nada. Durante o resto do dia você estará tranquilo, porque sabe que existem esses 20 minutos para se preocupar com tudo o que deseja, por isso só terá que esperar com que esse momento chegue. Nem é preciso dizer que está proibido se preocupar durante o resto do dia.

Como sempre gosto de dizer, estes conselhos não pretender substituir a ajuda especializada de um psicólogo competente. Quando se sofre de um transtorno de ansiedade generalizada (preocupação excessiva patológica) o ideal é recorrer a um especialista o quanto antes.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.