Pseudociese ou gravidez psicológica
A gravidez psicológica também é conhecida como pseudociese. Foi John Mason Good quem introduziu esse termo em 1823, e foi considerada a condição psicossomática mais angustiante relatada na literatura médica. O seu conhecimento remonta aos tempos de Hipócrates.
De todas as condições psicossomáticas, a pseudociese é a única cuja etiologia psicológica não admite dúvidas. Por outro lado, pode ocorrer em homens, embora com uma frequência muito menor e quase sempre associada à gravidez de sua esposa, bem como em animais de estimação. A pseudociese tem sido historicamente agrupada em diferentes categorias como, por exemplo, no distúrbio de conversão ou histeria de conversão.
Atualmente, a pseudociese faz parte dos transtornos somatomorfes, ou seja, nos quais há alguma necessidade emocional oculta, como a angústia, ansiedade ou falta de afeto, que se manifesta através de sintomas no organismo.
O que é pseudociese?
A pseudociese ocorre quando uma mulher pensa que está grávida sem realmente estar; de fato, ela tem os sinais e sintomas iniciais de uma gravidez. Ou seja, há manifestações físicas semelhantes àquelas que ocorrem no início da gestação. São tão reais como as mudanças que ocorrem em uma gravidez normal.
É uma característica importante dos distúrbios somatomorfos. Eles ocorrem com pessoas que têm dificuldade em identificar os seus sentimentos e falar sobre eles (alexitimia). Por essa razão, eles são exteriorizados através de uma linguagem oculta. Neste caso em particular, em uma gravidez psicológica.
“Se a sua gravidez foi meticulosamente planejada, se o médico a convenceu ou aconteceu de surpresa, uma coisa é certa: a sua vida nunca mais será a mesma”.
– Catherine Jones –
Quem é afetado pela pseudociese?
De acordo com alguns especialistas em psiquiatria, a pseudociese é um distúrbio real que geralmente afeta entre 1 e 6 de cada 22.000 mulheres. Paddock agrupa mulheres que apresentam pseudociese ou gravidez psicológica em três categorias:
- Mulheres jovens, recém-casadas ou solteiras que mantêm relações ilícitas. Neste caso, a origem da pseudociese é o medo da gravidez, especialmente em mulheres jovens solteiras.
- Mulheres mais velhas com fortes desejos de engravidar. Ou então mulheres estéreis que, a partir da terceira década de vida, começam a tomar consciência da sua deficiência. A incapacidade de ser mãe alimenta esse desejo, que se torna uma obsessão à medida que a mulher avança na idade e se aproxima da menopausa.
- Mulheres de uma certa idade que apresentam uma pseudociese devido a um caso de amenorreia de origem tumoral, menopausa, etc. Nestes casos, a ideia inconsciente de que ela ainda é fértil é quase sempre subjacente.
O quadro clínico e suas manifestações
Barglow e Brown, depois de estudarem uma ampla série de casos relatados, resumem o quadro clínico da pseudociese da seguinte forma:
- Transtorno do ciclo menstrual, que varia entre amenorreia e hipomenorreia. A sua duração é de aproximadamente 9 meses, ou seja, a duração de uma gravidez real.
- Aumento do volume abdominal, sem apagamento do umbigo, originado pela posição de lordose que a mulher apresenta e pela distensão dos músculos abdominais. O umbigo invertido permite estabelecer o diagnóstico diferencial com a gravidez verdadeira.
- Modificações nas glândulas mamárias consistentes como turgescência, secreção de leite e colostro, pigmentação e aumento do tamanho dos mamilos.
- Sensação subjetiva de movimentos fetais.
- Afrouxamento do colo do útero, acompanhado de sinais de congestão. Aumento do volume uterino, cujo tamanho varia de uma gravidez de 6 semanas a 8 meses.
- Náuseas e vômitos. Pode haver constipação e alterações no apetite.
- Ganho de peso, geralmente maior do que em gestações verdadeiras.
- Alguns pacientes podem ter níveis elevados de gonadotrofina.
Às vezes a sintomatologia é tão completa e tão realista que até os especialistas são enganados.
“Tomar a decisão de ter um filho é transcendental. Trata-se de decidir que o seu coração sempre caminhará fora do seu corpo”.
– Elisabeth Stone –
Tratamento de pseudociese
Não é fácil convencer uma mulher que há meses pensa que está grávida de que ela realmente não está grávida. Geralmente é difícil fazê-la ver que vive uma ilusão criada em sua cabeça. Muitas vezes a pseudociese é a válvula de escape que o cérebro encontrou para lidar com as adversidades psicológicas.
É conveniente detectar o problema o mais rápido possível e fazer exames diferentes (análises de sangue, ultrassom) para convencer a pessoa de que ela não está realmente grávida. O tratamento nestes casos é mais psicológico do que farmacológico. Deve-se analisar por que a mulher inventou essa gravidez, que razões internas ou conflitos a levaram a essa situação.
Quanto ao aspecto ginecológico, nenhum tratamento é necessário para atender uma gravidez imaginária ou pseudociese, somente que o paciente internalize a ideia de que não espera um filho. Só assim será capaz de reduzir a tensão e restaurar o equilíbrio do seu corpo.
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- Barglow, P.; Brown, E.: Pseudocyesis. To Be and not to be pregnant: a psycosomatic question. En Modern perspectives in psycho-obstetrics. Edted by John Howells. Brunner Mazed Publishers. NY,1972.Paddock, R.: Spurious pregnancy. Am. J. Obstet. Gynecol. 16:845, 1928.
- Paddock, R.: Spurious pregnancy. Am. J. Obstet. Gynecol. 16:845, 1928.
- https://es.wikipedia.org/wiki/Embarazo_psicol%C3%B3gico