Psicologia do tempo: por que ele passa de forma diferente para cada pessoa?

Psicologia do tempo: por que ele passa de forma diferente para cada pessoa?
Roberto Muelas Lobato

Escrito e verificado por o psicólogo Roberto Muelas Lobato.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Às vezes parece que o tempo passa mais rápido, especialmente quando estamos felizes. Quando estamos nos divertindo, o tempo parece voar. Por outro lado, quando estamos em um momento ruim, ele parece passar bem devagar. Embora o tempo passe sempre na mesma velocidade, a nossa percepção é de que ele passa de formas diferentes. Partindo deste ponto, a psicologia do tempo vai além e explica como estas diferentes percepções influenciam o nosso comportamento.

O experimento do bom samaritano nos dá uma ideia de como a percepção do tempo afeta o comportamento. Neste experimento os pesquisadores informaram a alguns seminaristas que eles tinham que ir para outro edifício para dar uma palestra. Enquanto alguns foram informados de que tinham muito tempo para chegar, outros foram informados que estavam atrasados ​​e que já havia pessoas esperando por eles.

Ao longo do caminho, uma pessoa estava deitada no chão, mal vestida e parecendo estar doente. A maioria dos seminaristas que estavam com muito tempo pararam para ajudar, mas aqueles que estavam com pressa passaram direto. Curiosamente, os seminaristas estavam indo dar uma palestra sobre a parábola do Bom Samaritano.

Uma das conclusões retiradas desta experiência foi que a manipulação do tempo foi a causa do comportamento diferente. Aqueles que estavam com pressa estavam orientados para o futuro. Eles foram com a mente focada em chegar a tempo e não pararam para ajudar. Pelo contrário, aqueles que não estavam com pressa estavam mais orientados para o presente e pararam para ajudar.

Agora vamos nos aprofundar na psicologia do tempo para aprender mais.

A psicologia do tempo afirma que nossa percepção do tempo afeta o nosso comportamento.

Homem olhando que horas são

As diferentes percepções do tempo de acordo com a psicologia do tempo

Com base nas conclusões do estudo do Bom Samaritano, dois pesquisadores, Philip Zimbardo e John Boyd, mergulharam no estudo da psicologia do tempo. Seu trabalho culminou em uma categorização de perspectivas temporais. De acordo com Zimbardo e Boyd, há seis perspectivas temporais e muitas vezes as pessoas dão mais importância a uma delas, ficando mais orientadas para uma do que para outras. Estas são:

Passado positivo

As pessoas com uma orientação para o “passado positivo” lembram-se do passado com alegria. Elas tentam relembrar o passado no presente, repetindo as memórias. Geralmente elas tendem a ser calorosas, sentimentais, amigáveis e autoconfiantes. Quase nunca são ansiosas ou deprimidas e não tendem a ser agressivas. Elas gostam de música e de filmes antigos. Adoram encontros familiares, reuniões e celebrações em grupo. Normalmente elas mantêm objetos do passado com valor simbólico.

Passado negativo

Outro tipo de perspectiva de tempo é o “passado negativo”. Para aquelas pessoas que são mais orientadas para essa perspectiva, o passado está meio vazio. Elas esperam poder se livrar das más experiências do passado, que não recomendam a ninguém. Normalmente elas não têm muitos amigos e os poucos que possuem as descrevem como infelizes, deprimidas, ansiosas e bastante tímidas. Em algumas ocasiões elas chegam a frustrar-se de tal maneira que perdem o controle, sendo capazes de quebrar as coisas. Geralmente não praticam exercícios ou nada divertido, controlando muito mal os seus impulsos.

Presente hedonista

Outra perspectiva de tempo é “presente hedonista”. As pessoas mais orientadas para esta perspectiva são mais criativas e têm muitos amigos. Elas são enérgicas e gostam de aventuras. Quando vão para uma festa, elas são aquelas que se destacam e mais frequentemente fazem todo mundo rir. Seu lema é “se é prazeroso, faça”, e por causa disso, não duram muito tempo em empregos. Elas são muito impulsivas. Também incidem em comportamentos de risco com frequência.

Adolescentes em festa na praia

Presente fatalista

As pessoas que têm uma orientação para “presente fatalista” muitas vezes não têm autoconfiança. Isso as leva a serem deprimidas e ansiosas. Elas estão sempre “pra baixo”, não sendo pessoas muito animadas. Uma frase que as caracteriza bem é: “o que tiver que ser, será”. Entre as suas práticas se encontram comportamentos de risco, como o uso de drogas. Elas confiam que é o destino que determina a suas vidas, não importa o que elas façam.

Futuro

Outras pessoas são mais orientadas para o “futuro”. Elas são guiadas por um princípio realista, fazendo um balanço entre os benefícios imediatos e os custos futurosElas são capazes de rejeitar uma gratificação instantânea para receberem recompensas maiores no futuro.

Elas geralmente têm muitos conhecidos, mas não muitos amigos. Elas são muito preocupadas com as consequências e, portanto, não gostam de novidades ou de excitação. Estão sempre planejando tudo e fazendo muitas listas. Essas pessoas usam relógios e parecem passar a vida correndo atrás de cada segundo. Além disso, se alguma coisa as caracteriza é a prudência e a aversão ao risco.

Mulher olhando relógio

Futuro transcendental

Aquelas que têm uma orientação para o futuro transcendental geralmente estão ligadas a uma religião. Estas pessoas acreditam na vida após a morte, fazem parte de um culto religioso e realizam os ritos apropriados de sua religião, seja de forma privada ou pública. Elas costumam ter um bom controle dos impulsos, não são agressivas e se preocupam com as consequências que suas ações podem ter no futuro.

Qual é a perspectiva temporal que orienta a sua vida? Os criadores das perspectivas temporais oferecem a possibilidade de conhecer a sua perspectiva sobre o tempo preenchendo um questionário (em inglês) em seu site. Deve-se ter em mente que estas perspectivas não são um traço fixo e podem mudar ao longo do tempo devido a vários fatores.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.