Quando o ego fala, a verdade cala

Quando o ego fala, a verdade cala

Última atualização: 02 junho, 2017

Tudo aquilo que tem ego, profana, esmorece, definha, se esvai…
Tudo aquilo que tem alma, perdura…
A alma terá conversas sinceras conosco, enquanto o ego continuará mascarando a verdadeira essência que habita a nossa realeza interior, nos trazendo superficialidade.

“Você deve transcender o seu ego e descobrir o seu verdadeiro ser.
O verdadeiro ser é a parte permanente, é a parte mais profunda de você.
É sábia, amorosa, segura e cheia de alegria.”

-Brian Weiss-

Mas afinal, o que seria o ego?

Sabemos que muitos de nós vivemos na superfície, nos perdemos no titubear das aquisições apreendidas nas vertentes sociais que assistimos pelas janelas da mídia.
Muitas vezes o que movimentará o ego serão essas possíveis vertentes sociais.

Tantas vezes nos comportamos de forma onde seremos o que condenamos nos olhos do vizinho, onde primaremos, infinitas vezes, pelo erro de conduta, demonstrando total falta de percepção acerca de si mesmo e da sociedade em que estamos embarcados.

Tendemos a valorizar quem tenha algum tipo de status, onde aquele que tem pouco é visto como indivíduo inferiorizado perante os demais. Não sabemos bem ao certo medir as coisas com exatidão e erramos na dosagem, quando o assunto é diminuir nosso semelhante.

Afinal, quem somos nós?

Acredito que somos todos compostos de finitudes viscerais e que todos aqui, apesar de nossas limitações, somos basicamente e intrinsecamente iguais. Agimos em conjunto e o inconsciente coletivo encontra-se movimentando suas falanges a ponto de nos obscurecer a visão. Tendemos a valorizar, em sociedade, quem tenha algum tipo de status, isso movimenta o ego da coletividade.

super ego

Mas afinal, para que serve o ego?

Para Jung, o ego é a parte que constitui a mente humana, que funciona como um processo funcional composto por tudo que vemos, convivemos e percebemos. É, portanto, muito mais do que o que chamamos de “Eu”. Seria uma junção de lembranças, sentimentos e ideias que posicionam nosso comportamento e nos torna conscientes.

Desde que nascemos, aprendemos a agir mascarando nossa essência. O ego serve para que possamos nos proteger, de forma que, muitas vezes, estaremos negando nossas virtudes. Tudo aquilo que tem alma, que tem vida, que brota do nosso lado de dentro, é a manifestação pura de nossos impulsos originais, como o amor transcendental, por exemplo.

O amor nos protegerá, em muitas circunstâncias, de nós mesmos. É ele quem irá nos conduzir quando tudo em volta for escuridão, quando estivermos naufragados nos mares das incertezas que permeiam nossas obscuridades. Como disse Thomas Hobbes, “O homem é o lobo do próprio homem.”

O homem perseguirá a si mesmo toda vez que sentir-se insuficiente e diminuído perante os demais. Ele se sentirá diminuído quando seu ego estiver exaltado, quando não estiver falando abertamente e profundamente com o seu eu verdadeiro, que é a sua alma.

Uma conversa sincera e amorosa consigo mesmo evitará, pois, muitos dissabores que possivelmente viriam visitar almas que insistem em andar por ruas trevosas e escurecidas.

Ser capaz de dizer a si mesmo que somos falíveis, que não somos perfeitos, que erramos, que podemos ser maculares, inacabados, fará com que possamos dar novos passos rumo a melhores resultados na primazia de nossas atribulações cotidianas.

acabar com o ego

Valerá a pena sermos íntegros, honestos e sinceros conosco, vibrando com a força amorosa que habita o interior de cada um de nós, atingindo, então, nossa excelência, com a certeza de que não devemos jamais buscar pela perfeição, pois isso deformaria nossa tentativa de sermos essencialmente humanos.

Tudo isso nos incumbirá, na tarefa de resguardarmos a nós mesmos, de nos protegermos enquanto indivíduos capazes de aprender com nossas deficiências, enaltecendo a pérola que reside dentro de nosso mundo interno, valorizando aquilo que tem alma, aquilo que tem vida e que fale diretamente com o nosso coração. Nosso coração não é peça de liquidação que enfeita a vitrine, pois no fundo sabemos que quando a esmola é quase gratuita, o santo com certeza há de desconfiar.

Encerro com um pensamento de minha autoria:

O ego, para morrer, basta transcender
A vida, para nascer, basta não fenecer
O amor, para estar vivo, basta acordar para as realidades da vida.
As vicissitudes existem para que tenhamos a certeza de que as coisas emergem através da atemporalidade latente em nós.
Para que as coisas possam fluir livremente, basta que tenhamos esperança.
Asas nos foram dadas pelo espírito voraz do tempo, que insiste em nos saudar todas as manhãs…
Sonhos sempre surgirão, se não nos encontrarmos na escuridão…
Sorte é dos que têm esperanças e as tornam vívidas nos sortilégios das horas.
Sorte é aquilo que brota quando o mundo desaba em ruínas, em nosso derredor.
Vertentes verdadeiras brotarão como águas cristalinas, desfazendo nós, abrindo lençóis engomados pelo espírito desperto desse tempo.
Um pouco de lucidez nos fará dar passos mais certos rumo aos degraus que precisamos adentrar, para que ajamos com sabedoria, respeitando as horas inexatas das cortinas adormecidas que aguardam pela oportunidade de amanhã podermos, novamente, recomeçar.
Recomecemos uma vez mais para não cansarmos a beleza de nossa alma, na esperança de contemplarmos novos amanheceres, ávidos do vir a ser e do acontecer…
Das novas tentativas, seremos exatamente aqueles que nascemos para ser, nos tornando capazes de tornar esse mundo digno de ser vivido, na serenidade de novos entardeceres, que estarão ansiando por novos alvoreceres.
Enquanto houver vida, haverá esperança…
Enquanto houver esperança, haverá motivos para lutar, exaltando em nós a vida que permeia a transitoriedade de todas as relações.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.