Reclamação construtiva, uma forma de melhorar

A reclamação construtiva é muito mais positiva e razoável do que a reclamação destrutiva. Todos têm o direito de reclamar, o importante é como a reclamação é feita e os fatores que a motivam. Portanto, hoje perguntamos: como podemos saber se nossas reclamações são destrutivas ou construtivas?
Reclamação construtiva, uma forma de melhorar
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Escrito por Edith Sánchez

Última atualização: 05 abril, 2023

A reclamação construtiva existe. Geralmente ocorre em contextos em que alguém tomou uma decisão injusta e com ela busca proteger seus direitos ou exigir um tratamento mais igualitário. O que a define é o desejo de resolver um problema ou redirecionar uma situação para um estado mais positivo.

No mundo de hoje, reclamar não tem boa reputação. Há uma ideia tendenciosa de que é típico dos fracos e que atormenta os outros sem necessidade. Isso pode ser verdade em certas circunstâncias, mas também é verdade que há momentos em que reclamar é totalmente legítimo. Nesses casos, a reclamação construtiva é pertinente.

O convite para não reclamar não pode ir além dos seus direitos e vontades. Só porque os outros não querem ser incomodados, não significa que você deva guardar suas divergências ou reclamações para si mesmo. Tanto individual como coletivamente podemos recorrer à reclamação construtiva, se assim o entendermos.

«Ninguém na história da humanidade jamais resolveu nada só reclamando. Qualquer questão ou circunstância deve ser resolvida de forma proativa, ou seja, procurando alternativas, pensando em soluções e agindo».

-Laura Arias-

Reclamação construtiva

A queixa ou reclamação é uma manifestação de tristeza, aborrecimento ou dor, seja com palavras ou sons. Isso implica, é claro, que é a reação a uma situação que causa desconforto. O objetivo é pedir ajuda ou chamar a atenção de outras pessoas para que percebam a dificuldade que aflige ou modifiquem as circunstâncias que a causam.

Essa é a essência da reclamação construtiva. Esse tipo de demonstração não é apenas válida, mas às vezes necessária. Por exemplo, se um médico o examina e pressiona uma área do corpo que dói, a queixa fornece informações necessárias para estabelecer um diagnóstico. Da mesma forma, se houver um terremoto e uma pessoa ficar sob os escombros, às vezes ela só tem a opção de pedir ajuda para ser localizada.

Da mesma forma, expressar desacordo ou descontentamento pode fazer a diferença entre arbitrariedade e justiça. Se seu chefe o atacar sistematicamente, é seu direito registrar uma reclamação formal. A essência da reclamação construtiva é que ela tem um objetivo claro e diferenciado: tornar um problema visível, com o objetivo de encontrar uma solução. Nesse sentido, é um comportamento razoável e positivo que permite melhorar uma determinada situação ou circunstância.

Os clientes reclamam com a garçonete do restaurante
Quando a reclamação não é construtiva fica mais difícil melhorar a situação.

A reclamação destrutiva

Na verdade, ninguém reclama só porque sim, mas convenhamos que algumas pessoas transformam a reclamação em um comportamento persistente sem um objetivo claro em vista. Elas estão fingindo para incomodar os outros? Rara vez. Quase sempre há um aborrecimento ou uma aflição presente, mas submersa em uma teia neurótica.

Há quem a use para se vitimizar. Ou seja, assumir a posição de mártir e nela persistir. Nesse caso, reclamar é um meio de alimentar e reforçar essa posição existencial. Existe uma carência ou necessidade básica, mas em vez de procurar uma forma de responder a estas, optam por transformá-las num fator gerador de benefícios. Qual é? Chamar a atenção dos outros ou processar irracionalmente um sentimento de culpa.

Isso quase nunca é feito conscientemente. Acontece que a pessoa realmente sofre e adquire o hábito de reclamar. Sem perceber totalmente, ela obtém certos ganhos, reais ou aparentes, dessa condição. Assim, ela permanece nesse comportamento, mesmo que a longo prazo isso só consiga levar os outros ao desespero e torná-los indiferentes ao seu sofrimento.

A mulher queixa-se ao homem em um escritório
Destrutiva ou construtiva, em toda reclamação há sempre um desconforto presente.

Mudar a forma como você reclama

Tanto na reclamação construtiva quanto na destrutiva, há algum desconforto presente. A diferença entre uma e outra está no objetivo que se busca com essa manifestação de aborrecimento, mágoa ou desacordo. Portanto, uma boa maneira de descobrir em que modo você está é perguntar a si mesmo o que procura quando reclama.

Você quer passar seu desconforto? Te incomoda que os outros estejam bem, enquanto você passa por uma situação difícil? Você quer que eles o levem mais em conta ou valorizem mais o seu sofrimento? Nesse caso, talvez seja melhor explorar o que está por trás desse desejo de mudar o comportamento dos outros.

Talvez o indicado seja não pensar no que os outros fazem ou não fazem, mas no que nos faz querer incomodar os outros ou obter sua compaixão. Essa pode ser a chave de tudo. Pode ser o primeiro passo para fazer uma reclamação construtiva e resolver seu desconforto.


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