Ser pouco atraente é um empecilho para encontrar o amor?

Ser pouco atraente é um empecilho para encontrar o amor?
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 11 outubro, 2017

A notícia ruim é que sim: ser pouco atraente faz ser um pouco mais difícil encontrar um companheiro ou uma companheira. A notícia boa é que essa pequena barreira, em contrapartida, se você quiser e se esforçar um pouco, também é uma preparação para estabelecer relações com mais qualidade. Tudo depende de você.

Muitas vezes, o âmbito amoroso admite uma metáfora de mercado: a lei da oferta e da procura. No amor dos dias de hoje, os “produtos” mais solicitados são: os mais atrativos aos olhos e os que têm dinheiro ou reconhecimento das pessoas. Embora essa questão seja poucas vezes analisada nesses termos, pois é incômodo despir o amor da sua fantasia romântica e inocente, na prática a verdade é que o amor sofre influência de uma série de leis biológicas que nos constroem como os seres humanos que somos. Leis que favorecem algumas pessoas e prejudicam outras.

Quem reúne esses atributos tem mais facilidade no mercado amoroso, disso não há dúvidas. Mas ser mais fácil nem sempre é ser melhor. Acontece, com muita frequência, que essa aparente facilidade atrapalha e, assim, a dificuldade acaba se transformando em um ponto positivo. Especialmente se sairmos do âmbito do mercado amoroso e entrarmos no do verdadeiro amor. Já que, como disse Ortega e Gasset

“A beleza que atrai poucas vezes coincide com a beleza que apaixona.”
-José Ortega y Gasset-

A atratividade física: um desejo para muitas pessoas que acham que não a possuem

A atratividade física é um atributo arbitrário, já que sua definição depende mais da pessoa que o percebe do que da pessoa que é percebida. Em grande parte não depende do esforço de uma pessoa, mas de diferentes parâmetros anatômicos especialmente relacionados com os rostos. Por outro lado, cada cultura define – ou exerce grande influência na definição – do que é bonito e do que não é. Portanto, ela funciona como um fator imposto.

Rosto de homem com natureza ao fundo

Também se trata de uma condição que não tem maiores efeitos para a sociedade. O fato de as pessoas serem – ou não – bonitas proporciona pouco progresso para a humanidade no seu conjunto. De fato, é muito maior o grupo de figuras célebres consideradas pouco atrativas aos olhos do que o de gênios, pensadores ou heróis que correspondem aos padrões de beleza atual.

Atualmente há pessoas que nascem bonitas e pessoas que se tornam bonitas. Nos dias de hoje ser atraente é algo que se pode comprar. Remodelar fisicamente uma pessoa é uma possibilidade real. Isso é feito nas salas de cirurgia, nas academias e graças a milhares de produtos e procedimentos que são adquiridos em centros de estética.

Por outro lado, por menos importante que possa ser para a evolução da sociedade, as pessoas costumam se preocupar muito com a beleza da imagem que exibem. De fato, encontramos pessoas que sofrem de ansiedade por isso, outras que caem em depressão e muitas outras que realizam verdadeiros esforços para contrariar a naturalidade dos próprios corpos com o objetivo de manter ou conquistar uma forma determinada, seja através do esporte ou da alimentação.

Ser pouco atraente no mundo dos relacionamentos

A atração física é algo que, como seu nome indica, atrai, confere vantagem e poupa esforço. Recebe o nome de atração porque quem a tem conta com um tipo de ímã para captar a atenção dos outros, e nesse sentido pode facilitar a conquista de um possível pretendente. Além disso, um companheiro ou uma companheira bonita continua sendo um sinal de status, de valor, especialmente em determinadas culturas, e desperta mais facilmente os impulsos eróticos. Certamente, essa é uma barreira real para as pessoas que não foram tão agraciadas nesse sentido.

Se uma pessoa que considera ser pouco atraente fisicamente quiser melhorar suas opções de encontrar ou escolher um companheiro ou uma companheira, vai poder optar por dois caminhos.  Um deles é o de se transformar em uma vítima dessa lógica e o outro é o de subvertê-la. Quem aceita ser vítima dessa situação acaba jogando a toalha e se escondendo atrás de um escudo. Com isso, além de ser pouco atraente, é mais provável que acabe desenvolvendo estratégias de interação que a tornem ainda menos atraente. Por outro lado, quem aceita o desafio acaba construindo uma lógica diferente na qual, com sua atitude, consegue fazer as outras pessoas enxergarem e apreciarem outro tipo de características que as tornam atraentes.

Casal nos primeiros estágios no namoro

Uma coisa é certa: embora a atração física abra as portas da conquista de uma maneira mais fácil, esse fator não facilita o caminho seguinte. Ela pressupõe uma vantagem ao dar os primeiros passos, mas termina aí. Inclusive pode ser um fator desvantajoso para a pessoa atraente, pois as outras características que aparecem “num segundo olhar” podem não estar à altura dessa atração e acabar provocando uma decepção nas expectativas do outro. Nesse sentido, algumas vezes as relações dessa pessoa terminam tão facilmente quanto começaram.

A atração física também acaba sendo uma desvantagem para quem deseja ir além de uma conquista ocasional. A beleza é um valor absoluto apenas na mente de alguns adolescentes que alimentam sérios complexos ou que estão muito alienados.

Há muitas mensagens voltadas a nos fazer acreditar que o mundo é feito para as pessoas bonitas, ricas e poderosas. Essa mensagem é alimentada por pessoas que lucram economicamente com quem acredita nessa lógica, demonstrando uma disposição quase infinita para o sacrifício de conquistar um ponto a mais na beleza com um creme ou um aparelho de ginástica caro.

Assim, não se pode negar o fato de que ser pouco atraente pode ser uma barreira para encontrar um parceiro ou uma parceira, mas não constitui uma barreira para amar e ser amado. Também não é a única faceta que nos torna mais atraentes ou mais desagradáveis. Há outros fatores sobre os quais, inclusive, nós temos uma influência muito maior, como a nossa atitude ou a nossa personalidade.

Imagens cortesia de Antonio Mora.


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