Sherlock Holmes e o poder da observação
A evolução social que se deu ao longo das últimas décadas não fez com que Sherlock Holmes perdesse sua fama. É por isso que muitos programas e séries retratam o poder da observação desse detetive famoso até hoje. Em cada uma das suas versões e aparições, o retrato de Sherlock é o mesmo: uma pessoa tão excêntrica quanto inteligente.
Atualmente, existem pelo menos dois seriados de televisão que retratam Sherlock e seus mistérios. Produzida nos Estados Unidos, Elementary conta com a participação de Johny Lee Miller e Lucy Liu. Nessa série há muitas referências aos casos que Conan Doyle colocou nas mãos de Holmes. Além disso, são usadas técnicas de dedução que detetives e especialistas forenses da vida real também utilizam.
Além de Elementary, também temos Sherlock, outro seriado produzido pela BBC. O detetive londrino é vivido nas telas por Benedict Cumberbach, junto com Martin Freeman. Nessa série da BBC, os mistérios são resolvidos por meio da tecnologia e do poder da observação ligado ao raciocínio lógico.
Em ambas as séries, na verdade, o personagem de Holmes faz uso de suas habilidades de dedução. Essas habilidades são muito superiores a de seus companheiros de trabalho, o que faz de Sherlock uma figura indispensável para resolver os mistérios mais importantes.
Sherlock Holmes
Sherlock Holmes é um personagem fictício criado por Arthur Conan Doyle. Sua primeira aparição data de mais de um século, em 1887, no livro Um Estudo em Vermelho. Durante quarenta anos as aventuras de Sherlock Holmes foram publicadas em diferentes revistas e jornais. Conan Doyle, que chegou a odiar profundamente o seu personagem – quase tanto quanto seu público o adorava – faleceu tendo escrito 4 livros e 56 contos curtos com Sherlock como protagonista.
Voltando ao personagem, Sherlock utiliza suas habilidades de dedução para resolver casos que algumas pessoas ou a própria polícia pedem a ele. O famoso detetive adorava os casos complicados, já que os via como desafios com os quais poderia se divertir um pouco. De fato, para ele esses casos eram como uma espécie de vício.
Outro fato é que podemos considerar Conan Doyle um pioneiro da ciência forense no âmbito literário com suas histórias sobre Sherlock Holmes. Para dar forma e conteúdo ao seus contos ele usou, por exemplo, o descobrimento das impressões digitais pelo antropólogo francês Alphonse Bertillon em 1870.
Se há uma habilidade que podemos identificar em Holmes é a de ver onde os outros não veem. O poder da observação. Ele é muito hábil ao estimar as probabilidades associadas a suas suposições, assim como ao estabelecer relações lógicas. É como uma espécie de jogo de mágica que, paradoxalmente, é muito mais atraente quando o próprio Holmes o explica.
O poder da observação
Observar pessoas e situações é uma habilidade incrivelmente útil. Pode dar a vantagem de reconhecer pequenos padrões de comportamento. Dessa forma, você poderá se adiantar a situações tanto em ocasiões casuais, entrevistas de emprego, apresentações ou em qualquer outro ambiente.
Muitas pessoas, em muitas ocasiões, não prestam atenção no seu entorno. O nosso famoso detetive entende perfeitamente o quão valioso pode ser um detalhe. Estamos nos referindo, por exemplo, a aspectos da personalidade, do físico ou mesmo da roupa que podem nos contar o interesse ou a profissão de uma pessoa.
Nesse sentido, a tecnologia joga um pouco contra nós. Talvez até tenhamos mais recursos para conseguir informações do que está acontecendo em todas as partes do mundo, mas também perdemos a prática na hora de ler expressões e comportamentos.
Nossa paciência para suportar o tédio é nula, de modo que muitas vezes fazemos mais de uma tarefa por vez – como quando estamos lendo e vendo televisão. Fazer uma coisa só acaba parecendo tedioso.
A distância entre ver e observar
Em Um Escândalo na Boêmia, Holmes explica a Watson a diferença entre ver e observar.
“— Quando ouço suas razões — disse eu —, as coisas parecem tornar-se tão ridiculamente simples que penso que conseguiria facilmente obter as mesmas conclusões que você. A cada novo caso que você me apresenta dos seus aparentemente estranhos poderes, fico desconcertado até que você me explique como seu processo se deu. Creio, porém, que minha vista é tão boa quanto a sua.
— Perfeitamente — respondeu ele acendendo um cigarro e atirando-se numa poltrona. — Você vê, mas não observa. A distinção é perfeitamente clara. Por exemplo, você já viu muitas vezes os degraus que sobem da sala até este aposento.
— Vejo frequentemente.
— Quantas vezes?
— Bem, algumas centenas de vezes.
— Então você pode me dizer quantos são?
— Quantos degraus? Não sei.
— Agora você entende? Você os viu. Mas não os observou. Aí está a minha vantagem. Eu sei que há dezessete degraus, porque vi e observei.”
Como fazer com que as suas habilidade se pareçam um pouco mais com as de Holmes
Você pode desenvolver o poder da observação através das seguintes dicas:
- Faça anotações sobre o seu ambiente. Conte os degraus. Identifique o número de janelas. Anote em um pequeno caderno que você pode levar com você. Com a prática, você não precisará mais do caderno para isso.
- Compartilhe suas impressões. Todos nós trabalhamos com a lógica, o que acontece é que a maioria das nossas conclusões não são compartilhadas com ninguém. Tente fazer isso, e veja que você terá um valioso feedback para melhorar sua maneira de pensar.
- Mantenha-se atento aos padrões. O mundo está cheio de pequenos padrões de comportamento. Ao observar uma pessoa durante um tempo, você poderá aprender quais gestos e emoções são associados a uma emoção específica.
Doyle, como todos os escritores, era um pouco malicioso. Ele podia dar pistas, mas também dirigir as interpretações de Holmes. Isso, é claro, não nos impede de continuar aproveitando as histórias e peripécias desse maravilhoso detetive, imortalizado por meio da literatura e das gerações e gerações que viveram com ele no endereço 221B da Baker Street.